Alagoas

Alagoas no Iraque: maceioense treina militares estacionados no país

Roberto Alves Cavalcante Júnior, de 47 anos, é representante da European Security Academy no Brasil e é instrutor de forças especiais

Por Júlio Nesi* 22/01/2022 08h08 - Atualizado em 07/02/2022 17h05
Alagoas no Iraque: maceioense treina militares estacionados no país
Roberto Alves no Iraque - Foto: Reprodução/Instagram

O nosso estado de Alagoas já foi representado internacionalmente em vários momentos, como nas olimpíadas de Tokyo, no Japão em 2021 com Duda, Marta, Geyse, Maurício e Bruna; ou os mais de 10 artesãos que representaram o estado no Brazilian Artisanal Soul, que ocorreu em Miami, nos Estados Unidos. Dessa vez o estado nordestino é retratado no Iraque pelo instrutor de forças especiais Roberto Alves Cavalcante.

Natural de Maceió, Alves é o representante brasileiro da European Security Academy (ESA) e foi contratado por militares no país do oriente médio - conhecido pelas tensões políticas e religiosas que escalam para embate militar - para treinar as tropas estacionadas na região.

O alagoano já está no país desde o dia 14 de janeiro e, após 21h de voo, estacionou na cidade de Erbil, capital do Curdistão iraquiano.

Com as eventuais apagões na energia elétrica e temperaturas da atual estação da localidade, que chega aos graus negativos pela noite, Roberto tem o dever de preparar soldados do exército local, militares de outros países e grupos privados que estão em combate contra os grupos extremistas religiosos que também ocupam a região. Confira um pouco do trabalho do instrutor no vídeo:


Apesar da relativa segurança de Erbil, o trabalho de Alves faz com que deva também visitar tropas em Mossul e Bagdá, outros municípios do país que, diferente da capital curdistã, são áreas com disputas ativas entre extremistas e as forças do país.

Pra dar uma ideia das situações das cidades, Mossul, que foi liberada do controle de grupos do Estado Islâmico em meados de 2017, ainda sofre com as disputas e até hoje cristãos temem visitar a cidade devido à ameaça de uma possível retomada dos jihadistas. Já Bagdad registrou um ataque de misséis que acertou uma escola e a embaixada americana.

E nesta sexta-feira (21) a imprensa local notificou sobre um ataque em um quartel do exércido iraquiano que matou onze soldados enquanto eles dormiam. Os suspeitos desse ataque são as forças jihadistas.

O país é assolado por guerras há décadas Foto: reprodução/Instagram


Alves, que retorna para o Brasil no dia 26, já estava programado para visitar a região iraquiana desde 2021. Além do Iraque, o brasileiro já prestou seus serviços em países como México, Polônia e Líbano. No caso de México em particular, que atualmente vive tensões com gangues e cartéis de drogas, o alagoano já treinou mais de cinco mil homens das forças políciais do país.

Alves ainda terá pelo menos mais duas missões este ano, indo marcar presença na Polônia em março e também vai retornar para o Iraque em abril.

O trabalho de Alves é treinar tropas de diferentes grupos estacionados no país Foto: reprodução/Instagram


Origem da carreira

Roberto Alves fez 47 anos em 2021 e sua carreira já supera os 20 anos de idade. Interessado pela área desde jovem, Alves chegou a tentar se alistar no exército brasileiro, mas foi negado por excesso de contingentes.

Com a mentalidade de que poderia fazer melhor, passou a investir em cursos pelo país e fora. Visto que o investimento seria caro e que não poderia pedir para seus familiares arcarem com tal gasto, o maceioense chegou a vender carros, motos e pertences para cumprir a demanda dos custos. O alagoano diz que, apesar de admirar o exercito, sua recusa pelas forças armadas foi melhor para si.

Uma de suas primeiras experiências no ramo foi no sistema penitenciário, atuando na segurança de prisões brasileiras por quase duas décadas, chegando a fazer parte do Grupo de Ações Penitenciárias Especiais (Gape), com a função de intervir e controlar detentos em situações de motim dentro das penitenciárias.

“Não era aquilo que eu queria, queria algo mais”, foi o que o instrutor disse ao 7 Segundos ao comentar que, apesar do avanço na área, não estava plenamente satisfeito com sua situação.

O alagoano passou a atuar no meio nacional e internacional enquanto seguia seus preparatórios, se familiarizando também com artes marciais como taekwondo e krav maga.

Alves atualmente trabalha na ESA, academia de segurança que conduz treinamento para pessoas de 68 países diferentes. Trabalhando como instrutor para profissionais militares, policiais e até mesmo civis pelo mundo.

Além da função como instrutor, Alves JÁ atuou como PNC - uma espécie de segurança militar privado - que é contratado para proteger autoridades.

Com essa carga no seu histórico, Alves é o único brasileiro capaz de emitir documentos permissivos para que outros do país também possam atuar nos contratos da ESA. O alagoano prova que o estado é representado no ramo militar ao divulgar alguns de seus trabalhos em suas redes, onde constantemente mostra sua paixão pelo que faz.

O alagoano também registra suas atividades nas redes sociais Foto: reprodução/Instagram

*Estagiário sob supervisão da editoria