Prefeito do RJ anuncia que a família de congolês assassinado serão novos donos do quiosque dos acusados pelo crime
Moïse Kabagambe foi espancado até a morte no fim de janeiro deste ano após cobrar pagamentos em atraso
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou hoje (07) que a família de Moïse Kabagambe é a nova dona do quiosque Tropicália e já pode assumir imediatamente. A concessão do estabelecimento onde o congolês foi morto em 24 de janeiro se estende até 2030, informou Paes.
O Orla Rio, concessionária responsável pela gestão dos quiosques, não informou como vai ficar a situação do Carlos Musi, até então proprietário do Tropicália. Mas, segundo a prefeitura, a partir de hoje, com a carta compromisso —documento que autoriza a concessão para a família—, o quiosque já pertence a Ivone Lotsove Lolo, mãe do congolês, e aos irmãos, Djojo, Samir, Kevin e Maurice.
"Queremos agradecer ao povo brasileiro pela solidariedade. A gente sabe que essa ação que aconteceu com meu irmão não é o pensamento do povo brasileiro. Recebemos muitas mensagens, de muitas instituições, muito apoio das pessoas. Só temos a agradecer", disse Sami, irmão de Moïse durante a coletiva
Espancado até a morte
O congolês Moïse Kabagambe foi espancado até a morte em um quiosque de praia no Rio de Janeiro após cobrar do gerente pagamentos em atraso.
O jovem, que chegou ao Brasil em 2011 fugindo da violência na República Democrática do Congo, morreu no dia 24 de janeiro à noite em um dos quiosques da praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde trabalhava por diárias.
O promotor Alexandre Murilo Graça, que atua na investigação do assassinato do congolês, disse acreditar que o crime tenha motivação racial. "Tudo indica que o crime foi praticado pelas características da vítima, por ser negro, por ser pobre", disse ele em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, veiculada ontem.