Teca Nelma nega ter desligado microfone de coordenadora e critica Prefeitura de Maceió
A vereadora diz achar incongruente um orçamento de R$ 70 milhões em quatro anos para a Comunicação da Prefeitura e menos de R$ 3 mil por ano para causas da juventude e das mulheres
O programa Na Mira da Notícia recebeu, nesta terça-feira (22), a vereadora por Maceió Teca Nelma. Durante o bate-papo com o radialista Angelo Farias, a parlamentar explicou a polêmica envolvendo a coordenadora do Gabinete da Mulher, Ana Paula Mendes, durante uma audiência pública realizada na última semana.
Ana Paula também participou do programa na última quarta-feira (16) e disse que se sentiu "silenciada" pela vereadora. Além disso, a coordenadora da Mulher de Maceió disse ter o seu momento de fala estendido por cerca de 20 minutos, sendo o dobro do tempo predeterminado indicado no início da audiência.
A vereadora Teca Nelma descreve o relato de Ana Paula como "uma deturpação de tudo o que aconteceu". "A coordenadora fez uma prestação de contas da Prefeitura, que nem era local para isso. Nós queríamos construir novas políticas que estão sendo criadas aqui no município de Maceió", iniciou.
Ao falar por mais tempo do que o permitido, o próprio sistema da Câmara cortou o áudio da coordenadora: "não coube à mim nenhum tipo de cerceamento de fala de ninguém. [...] Eu não tenho poder sobre o pessoal que fica na sonografia".
Um dos pontos destacados no relato da coordenadora foi sobre os convites feitos para que Teca Nelma visitasse alguns projetos e eventos da Prefeitura de Maceió. Tirando qualquer resquício de 'incomodo', a vereadora explicou que "não vai em programas da Prefeitura que tendem a silenciar vereadoras".
"A maior parte dos projetos apresentados pela coordenadora foram feitos vereadoras do município de Maceió. Para mim, não há sentido algum prestigiar um evento de uma lei que foi criada por uma vereadora, vetada pela Prefeitura e reapresentada como um programa", argumentou.
Sendo a vereadora mais jovem já eleita na capital alagoana, Teca Nelma garante que projetos de lei destinados às mulheres é a sua principal prioridade durante o seu mandato: "sempre fui muito feminista e muito atuante". Um dos exemplos citados pela parlamentar é a composição de seu próprio Gabinete. Invertendo a cota de gênero, a equipe de Teca Nelma é 70% composta por mulheres e 30% por homens.
Teca garante que não possui problemas pessoais com a coordenadora. "Hoje foi votado o título Cidadão Honorário para ela e eu fui relatora, dando relatório e voto favorável. Isso mostra que eu não tenho problema pessoal, apenas problema de trabalho".
"O despreparo de coordenadores que vem às audiências públicas, levantam a voz e a mão para mim, batem no púlpito, começam a gritar e as próprias mulheres pedem a retirada dela, para mim isso mostra mais sobre ela do que sobre mim. Eu tenho um problema com o trabalho [de Ana Paula] e com um trabalho sério para as nossas mulheres", criticou a parlamentar.
Outro ponto citado por Ana Paula foi a falta de emendas parlamentares por parte de Teca Nelma destinadas às mulheres. "Totalmente mentira", garante a vereadora, acrescentando que a prova está no Diário Oficial. "Eu fui a única parlamentar da história de Maceió que abriu um chamamento público para as emendas parlamentares. Inclusive, o Centro de Defesa das Mulheres se inscreveu e foi selecionado por mim e vai receber, espero que a Prefeitura pague, R$ 50 mil. Infelizmente o Gabinete da Mulher não se inscreveu na minha seleção. Eu não posso destinar para uma pessoa que não tem projetos", frisou.
Como vereadora independente, a entrevistada destacou as incongruências em relação aos orçamentos liberados pela Prefeitura de Maceió para cada setor: "colocaram mais de R$ 70 milhões para Comunicação em quatro anos e não destinaram nenhum recurso para o Gabinete da Mulher".
Apesar de ter proposto mais de vinte emendas no orçamento da cidade, as quais remanejavam dinheiro para a juventude, para os animais, mulheres, população negra, pessoas com deficiência, LGBT e idosos, nenhuma foi aprovada.
Teca Nelma critica o descaso por parte da Prefeitura: "colocaram R$ 12 mil em quatro anos para a juventude. Para mim, isso não é um dinheiro palpável, R$ 3 mil por ano para políticas públicas destinadas à juventude e R$ 70 milhões para a Comunicação".
Quando questionada se a Comunicação não é importante, a vereadora pontuou que "é extremamente importante", mas que existe uma incongruência quando o prefeito JHC prioriza apenas uma área e esquece das outras. "É necessário uma equalização de prioridades do município. Para mim, é injustificável ter R$ 70 milhões para um e R$ 12 mil ou zero reais para outro", salientou.