Familiares de pessoas desaparecidas são convocados para coleta de materia genético nesta terça (24)
A Polícia Científica alertou que menos de 10% de parentes de desaparecidos cederam material que pode auxiliar nas buscas
Na semana em que se celebra o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas, a Polícia Científica de Alagoas divulgou um dado alarmante. Dos mais de 1.500 casos de pessoas desaparecidas que foram registrados no estado, menos de 10% das famílias procuraram o projeto Desaparecidos para fornecer amostras de material genético para serem inseridos na Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG). O procedimento é importante e necessário para que possam ser feitas buscas para tentar encontrar possíveis vínculos genéticos entre familiares e os corpos não reclamados dos IMLs, e também de pessoas vivas sem identificação que estão em abrigos, albergues e hospitais.
A dona de casa Irenilda da Conceição é um exemplo de parente que não havia procurado os órgãos competentes para disponibilizar material genético. O filho dela, Elias Natanael dos Santos, de 14 anos, sumiu em janeiro de 2014, no município de Passo de Camaragibe. Ela relatou a história durante reunião do Comitê Gestor Estadual de Política Nacional de Busca por Pessoas Desaparecidas da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas.
“Meu filho foi passar o natal com os avós e desapareceu. Descobri, na época, que ele saiu com outros dois jovens e não voltou mais para casa. Registrei o boletim de ocorrência e chegamos a fazer buscas nas matas e rios, mas não conseguimos localiza-lo. Já se passaram 8 anos, perdi o boletim de ocorrência, não forneci material biológico no IML, mas não perdi a esperança de achá-lo”, disse emocionada.
Após o relato, o representante da Polícia Civil no Comitê, delegado Ronilson Medeiros, conseguiu localizar o boletim de ocorrência do caso. Já os integrantes da Polícia Científica encaminharam Irenilda da Conceição para o IML de Maceió para fazer a coleta do material genético.
Ela esteve no órgão na última sexta-feira (20), onde foi recebida pelo perito odontolegista João Alfredo Guimarães. Ela apresentou o boletim de ocorrência, foi entrevistada, passou detalhes do caso, fotos do filho desaparecido e, em seguida, o doutor João Alfredo, em um processo rápido e indolor, conseguiu realizar a coleta de amostras biológicas de Iranilda.
De acordo com a coordenadora do projeto em Alagoas e chefe do Laboratório Forense do Instituto de Criminalística (IC), Rosana Coutinho, após a coleta, essas amostras contendo os perfis genéticos de familiares de pessoas desaparecidas são inseridas no BNPG (Banco Nacional de Perfis Genéticos). Através desse banco, é realizada uma busca para tentar encontrar possíveis vínculos genéticos entre familiares e os corpos não reclamados dos IMLs, e também de pessoas vivas sem identificação que estão em clínicas e abrigos de idosos, albergues e hospitais psiquiátricos.
O perito médico legista Diogo Nilo, autoridade central estadual do Comitê, ressaltou que, além de buscas ativas nesses locais, o IML faz um apelo para que famílias procurem tanto o IML de Maceió quanto o de Arapiraca para fazer a doação de material genético. O comitê também vem apoiando várias ações que buscam os esclarecimentos de casos de desaparecimento, como “Ato Vozes do Silêncio”, que será realizado nesta quarta-feira (25), às 11 horas, na orla lagunar.
Vozes do Silêncio
O “Ato Vozes do Silêncio - Onde estão nossas crianças?” está sendo promovido pelo Instituto Raízes de Áfricas para chamar a atenção para os casos de desaparecimentos de crianças. Um dos casos que será lembrado no evento é o sumiço da pequena Maria Clara Gomes da Silva, de 5 anos, ocorrido em julho do ano passado, em Maceió.
Serviço:
Evento: “Ato Vozes do Silêncio - Onde estão nossas crianças?”
Local: Orla Lagunar, Vergel do Lago, Maceió
Horário: 11 horas