‘Deus ainda é brasileiro’ e veio morar em Alagoas
Novo filme do cineasta Cacá Diegues quer trazer a esperança em terras alagoanas
“Alagoas para mim ainda é um mistério que precisa ser desvendado”. Foi assim que Cacá Diegues, cineasta alagoano, falou sobre o seu estado, em um conversa com a imprensa, no final de novembro, sobre seu novo filme “Deus Ainda é Brasileiro”.
Quem mais seria capaz de se aventurar em terras alagoanas do que o próprio Deus, que as criou? Assim parte a jornada de Cacá nesse novo longa, onde o Todo Poderoso retorna à Terra para entender se a humanidade ainda tem solução. Isso porque no primeiro filme, o Senhor de todas as coisas, vivido por Antônio Fagundes, queria tirar férias e descansar. Dessa vez, o enredo é outro.
“O primeiro filme trazia a situação do Brasil naquela época. Hoje não é diferente, mas ao mesmo tempo, não é igual ao primeiro, porque estamos em um outro país, com uma nova configuração”, disse Cacá que classifica sua nova obra como uma “comédia cívica” que traz os problemas reais do país.
O cineasta falou que pretende resgatar o verdadeiro comportamento do brasileiro. “ A gente só fala mal do Brasil. Apesar de tudo, como nesses últimos quatro anos difíceis, temos a esperança de um futuro e o brasileiro pode ser exemplo para o mundo”.
Cacá ainda brincou, dizendo que esperou até o final das eleições do segundo turno para presidente para divulgar o nome do longa. “Já pensou se o outro tivesse ganho?”.
Quando falou sobre a experiência de gravar um filme 100% em Alagoas e com mais de 70% da equipe formada por pessoas daqui, Cacá não demorou a responder: “É a minha terra”.
“Era uma coisa que queria há muito tempo, gravar um filme inteiro aqui. Ele poderia se passar em qualquer lugar do mundo, mas é a minha terra” e completou: “Alagoas ainda é um mistério para mim porque é uma fonte cultural imensa e que precisa ser descoberta. Espero que o filme ajude”.
O talento da mulher alagoana na telona
Conhecida nos palcos alagoanos, Ivana Iza, será uma das protagonistas do filme, vivendo Madá, anteriormente, interpretada por Paloma Duarte.
“Ela agora vive um momento mais triste e reflexivo. Então sendo uma outra atriz interpretando, dá novas camadas a personagem”.
Essa é a segunda vez que Ivana trabalha com Cacá. Em Deus é Brasileiro, ela também participa. “Trabalhar com ele é um presente, e repito isso, porque é verdade. Sinto-me plena, feliz e realizada”.
A atriz também falou sobre a experiência de sair dos palcos para a telona. “É ir do micro para o macro. Eu sou bastante organizada, então eu amo esse movimento, esse jeito orgânico do cinema, onde cada um tem a sua função, e tudo se encaixa nessa engrenagem. Fico encantada”.
Um sonho se realiza para a jovem Laila Vieira que estreia nos cinemas pela primeira vez, como Linda, que chama o diretor de “Seu Cacá”.
“É um sonho e um presente na minha vida estar ao lado de todas essas pessoas. Desde que soube do resultado da seleção está sendo uma alegria e tento ficar normal ao lado deles”, brincou.
A alagoana falou um pouco sobre Linda. “É jovem, carismática e antenada em tudo. É uma personagem gostosa de fazer”.
Uma reflexão além das telas
Paula Barreto é a produtora do filme e contou sobre a experiência de estar gravando nas terras do diretor.
“Era um sonho dele que passou a ser meu, porque sou filha de nordestino. Meu pai era do Ceará. E será importante para o momento político que vivemos, onde o nordeste está sendo massacrado pelas suas escolhas políticas, que nos salvaram. Será uma alegria mostrar todas as belezas daqui”.
Para ela, a reflexão do enredo vai além da história. “Deus ainda precisa pensar se quer continuar, ou não, com a humanidade. Estamos novamente neste mesmo lugar, fazendo os mesmos questionamentos”.
Ela revelou que a trilha sonora terá a coordenação de Gilberto Gil. “O Cacá está fazendo muita pesquisa e quer artistas alagoanos nela”.