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Alagoana Joana da Paz é homenageada pelo Fantástico por denunciar tráfico no RJ

Joana Zeferino da Paz, aos 80 anos, faleceu na última quinta-feira (23)

Por 7Segundos com Fantástico 27/02/2023 11h11
Alagoana Joana da Paz é homenageada pelo Fantástico por denunciar tráfico no RJ
Joana Zeferino da Paz, em 2006 - Foto: Fábio Gusmão

Esta semana chegou ao fim um segredo de quase duas décadas: a identidade da alagoana que enfrentou o tráfico de drogas no Rio de Janeiro apenas com uma câmera na mão, em 2004. Dona Vitória se chamava Joana Zeferino da Paz. A repórter Ana Carolina Raimundi, do Fantástico, conta a história da testemunha que passou seus últimos anos escondida, sob proteção, e se tornou um símbolo de coragem.

O nome real dela era Joana Zeferino da Paz. O ano era 2004, e Joana tinha 80 anos. O apartamento dela ficava de frente para Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, que, com o tempo, deu lugar a uma comunidade comandada pelo tráfico de drogas.

Ela testemunhava a violência aumentar e ficava agoniada. Fez muitas denúncias, mas nada foi feito. Até que decidiu documentar o que acontecia ali com uma câmera.

Era um diário. Ela registrava a ação dos bandidos, dos usuários, das crianças. Com algumas fitas gravadas, ela procurou a delegacia, mas não foi atendida. Até que um dia Dona Joana conseguiu a atenção de um policial, que procurou Fábio Gusmão, um jovem repórter do jornal Extra, do Rio de Janeiro. O trabalho de investigação levou um ano e meio.

Pelo ângulo das imagens, não era difícil saber de onde elas eram feitas. O risco para vida dela era imenso. Até que depois de muita negociação, ela aceitou vender o imóvel e entrou no Programa de Proteção à Testemunha. E no dia que ela deixou o apartamento, em 24 de agosto de 2005, a reportagem foi publicada, e a polícia entrou na comunidade. Os flagrantes ganharam repercussão internacional. Mais de 30 pessoas foram presas, inclusive policiais militares. Esta semana, Fábio recebeu a notícia da morte de Dona Joana. E só agora foi possível dar o que ela tanto quis: o reconhecimento com o seu nome e rosto verdadeiros.