Boulos sobre prisão de líderes sem-terra: “Cheira a perseguição política”
Em entrevista, deputado falou também sobre a base do governo Lula no Congresso e a possibilidade de concorrer a prefeitura de SP em 2024
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) lamentou a prisão dos líderes sem-terra José Rainha e Luciano da Silva.
Em entrevista exclusiva à CNN, o parlamentar afirmou que as detenções “tem cheiro de perseguição política”. Segundo o deputado, um inquérito antigo foi “requentado” uma semana depois de ações dos movimentos sem-terra.
“Até onde eu sei, é um inquérito que responde a dois anos atrás”, disse o deputado.
“Quer resolver o problema da população sem-terra, faça política de reforma agrária, garanta um lote, uma pequena propriedade para que aquelas famílias possam produzir”, destacou.
Base do Governo Lula
Guilherme Boulos cobrou apoio do União Brasil, do PSD e do MDB ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional. O deputado federal afirmou que não é razoável que siglas que tem participação robusta na Esplanada votem contra as propostas governistas na Câmara e no Senado.
“Imagino que esses partidos, quando tiver votação, que fiquem com o governo. Isso já dá uma maioria, não para aprovar PEC, mas dá maioria para aprovar projeto de lei, medida provisória, projetos mais simples”, disse o deputado.
O parlamentar também rechaçou o pedido de abertura de CPMI sobre os ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro.
Segundo ele, “em vez do governo discutir o novo marco fiscal, a retomada de investimentos públicos para gerar emprego, o novo Minha Casa Minha Vida, o governo iria ficar numa discussão pautada por bolsonaristas sob um viés alucinado”.
Joias da Arábia Saudita ao governo Bolsonaro
Guilherme Boulos afirmou que explicações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro sobre o destino de joias doadas pela Arábia Saudita “não param em pé”.
O deputado federal atrelou o caso à carga de cocaína encontrada com um sargento que estava na comitiva de Bolsonaro em um avião da Força Aérea Brasileira na Espanha, em 2019.
“É uma criminalidade totalmente perpetrada no Palácio do Planalto, no núcleo presidencial, na família presidencial. Como pode um presidente mobilizar ministros para tentar intimidar a Receita Federal para liberar joias contrabandeadas que não estavam declaradas?”, questionou Boulos.
Disputa à Prefeitura de SP em 2024
Guilherme Boulos disse que está focado na atuação no Congresso Nacional, mas que a disputa de 2020, quando foi ao 2º turno, gera uma expectativa de candidatura para 2024.
“Isso cria uma perspectiva de disputar a prefeitura de São Paulo no ano que vem, afinal, São Paulo está abandonada. Não tem prefeito”, afirmou Boulos, que criticou o prefeito Ricardo Nunes.
“É uma gestão ruim que está totalmente desconectada da cidade, não está à altura da cidade. Lógico que isso dá uma vontade de um projeto para a gente ter uma São Paulo mais justa, para todo mundo, mas isso é tema para a gente discutir no ano que vem”, afirmou.
Boulos ainda ironizou o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, que criticou a possibilidade do líder do PSOL na Câmara disputar a Prefeitura de São Paulo em 2024.
“Ter alguém como Ciro Nogueira, que é bolsonarista de primeira hora, que foi cúmplice de tudo que o Bolsonaro fez na pandemia, preocupado comigo e me atacando, é uma honra, é um orgulho”, ressaltou.