Meio ambiente

Entenda por que Maceió não corre risco de incidentes com tubarões

O portal 7Segundos entrou em contato com o biólogo Cláudio Sampaio, para explicar a situação para a população

Por 7Segundos 07/03/2023 15h03
Entenda por que Maceió não corre risco de incidentes com tubarões
Praia de Maceió - Foto: Secom Maceió

Depois de dois ataques de tubarões em dois dias em Recife, no estado vizinho, os maceioenses ficaram apreensivos nas redes sociais, com medo de que, com a proximidade das cidades, algo do tipo venha a acontecer na capital alagoana. O portal 7Segundos Maceió entrou em contato com o biólogo Cláudio Sampaio, para explicar por que esse risco não existe em Alagoas.

“Os incidentes com tubarões na região metropolitana do Recife são um fenômeno muito específico, pois envolvem, além de uma grande área degradada pelos aterros de manguezais e poluição, condições oceanográficas locais, como a localização de um canal mais profundo e paralelo às praias e correntes marinhas, que favorecem a aproximação de grandes tubarões, potencialmente perigosos, nesse trecho do litoral que possui águas turvas e sem proteção dos recifes”, detalha Sampaio.

O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) argumenta que as demais capitais nordestinas não possuem essas características que facilitam o acesso de grandes tubarões à águas rasas, ressaltando que esses incidentes com tubarões na região do Recife são antigos, com registros históricos.

“A costa alagoana tem formações recifais que são obstáculos naturais. Além disso, os recifes de coral são áreas ricas em peixes e outros animais que são o alimento natural dos tubarões, o que pode mantê-los mais afastados nas águas rasas”.

Sampaio aproveitou o ensejo para relembrar o caso de janeiro de 2019 na Praia da Jatiúca, quando alguns tubarões se aproximaram à noite para comer pequenos peixes e foram filmados por banhistas. Segundo ele, eles foram atraídos pela presença da presa, que por sua vez foram atraídas, possivelmente, pelas luzes artificiais, ficando desorientadas nas águas bastante rasas.

“Os tubarões, apesar de muitas espécies estarem em extinção devido a pesca não manejada e a degradação dos ecossistemas marinhos, como os recifes e manguezais, podem ser observados em todo litoral alagoano, mas esses encontros são raros”, afirma.

De acordo com o “arquivo internacional de ataques de tubarões”, não há registros de incidentes no litoral alagoano. O professor conta que essas situações atípicas conhecidas [mas não devidamente registradas] são de pescadores que sofreram algum acidente de trabalho ao pescar e embarcar tubarões, que necessitaram de atendimento médico.

“São considerados potencialmente perigosos aqueles que possuem grande porte, geralmente maiores que um ser humano, com hábito alimentar generalista, que podem comer praticamente de tudo e que frequentam águas rasas, onde os encontros com banhistas e surfistas podem acontecer”.

Na opinião de Cláudio, a ausência de programas de educação ambiental, de programas de pesquisa e monitoramento dos tubarões e de uma comunicação social clara pode estar causando uma falsa impressão de segurança nos pernambucanos, fazendo com que eles não respeitem a legislação que proíbe o banho de mar e a prática do surf em uma parte do litoral, além de não observarem as placas de aviso e alertas de bombeiros.

“Ao frequentar as nossas praias, e mesmo lagoas e rios, seja responsável. Observe e respeite a sinalização, em caso de dúvida procure um salva-vidas. Não se exponha a riscos desnecessários. Não deixe lixo e, se possível, recolha alguns na praia”, aconselha o professor.

Para o caso de achado de algum animal marinho vivo, como peixes boi ou tartarugas, Sampaio pede para manter a distância, não tocar, não falar alto, não oferecer bebidas ou alimentos, fazer fotos sem flash e alertar aos órgãos competentes mais próximos, inclusive de animais encalhados mortos.

“No caso de observar um grande peixe, um tubarão nadando, procure sair da água sem pânico, alertando os demais banhistas. Devemos lembrar sempre que, quando estamos na praia, estamos visitando a casa dos peixes e outros animais marinhos, devemos ter respeito e educação por todos”, finaliza.