Alagoas

Casos de discriminação no futebol não estão longe da realidade alagoana

Relatório aponta, pelo menos, três casos nos últimos anos

Por 7Segundos 23/05/2023 10h10 - Atualizado em 23/05/2023 10h10
Casos de discriminação no futebol não estão longe da realidade alagoana
Vini Jr durante jogo do Real Madrid sobre o Liverpool - Foto: PAUL ELLIS / AFP

Vinicius Jr. convive com racismo há pelo menos duas temporadas na Espanha. O limite chegou neste domingo (21), durante derrota do Real Madrid para o Valencia, em que o atacante brasileiro foi, novamente, alvo de ofensas pesadas dos torcedores rivais em uma partida de LaLiga. Mas esse não é um caso isolado no exterior. No Brasil, todos aos anos casos de discriminação são registrados.

O 7Segundos fez um levantamento nos Relatórios Anuais de Discriminação Racial no Futebol do Observatório Racial e encontrou três casos ocorridos no últimos anos em Alagoas, sendo um em 2019; outro em 2020 e um terceiro em 2021.

No primeiro ano, o relatório traz o caso "Raquel Ferreira, árbitra assistente". No dia 31 de janeiro durante o jogo CSA x Murici pelo Campeonato: Campeonato Alagoano no Estádio Rei Pelé, após jogada confusa com gol do CSA, o árbitro da partida, José Jaini Bispo hesitou em validar o gol e os jogadores do Murici F.C. partiram para cima da assistente Raquel Ferreira Barbosa para intimidá-la.

Raquel considerou que os jogadores exageraram na cobrança, que a abordagem foi muito mais dura pelo fato de ser mulher. O presidente da Comissão Estadual de Arbitragem, Charles Hebert pediu punição exemplar aos jogadores que tentaram intimidar Raquel. O caso não foi relatado em súmula e não foram identificadas informações se os atletas receberam alguma punição pela agressão.

No ano de 2020, Felipe, atleta do Confiança Esporte Clube de Sapé (PB) , durante partida no dia 19 de dezembro, pelo campeonato Sub-17 da Copa Alagoas, denunciou ataques racistas praticados por um membro da comissão técnica do time adversário, o Esporte Clube Cruzeiro, de Arapiraca-AL. O atleta teria sido chamado por diversas vezes de “macaco” pelo integrante do Cruzeiro Alagoano.

O Clube Confiança se solidarizou com a vítima e reiterou, através de nota publicada nas redes sociais do clube, que seu posicionamento é contra toda forma de racismo. O Cruzeiro Alagoano respondeu à nota publicada pelo Confiança e afirmou que também repudia qualquer ato de racismo. O time também afirmou que diante da exposição de provas do ocorrido pelo Confiança Esporte Clube, iria tomar “todas as medidas cabíveis para combater tal ato”.

Já em 2022, o Desportivo Aliança denunciou um caso de racismo contra o lateral-esquerdo Geovani, do seu time sub-20, no dia 21 de outubro, durante partida contra o CRB pelo campeonato alagoano Sub-20. 

De acordo com a diretoria do clube, uma pessoa que estava assistindo ao jogo chamou o atleta de “macaco”. A ofensa foi registrada em vídeo. O agressor foi retirado das arquibancadas pela Polícia Militar.

A arbitragem registou o caso de racismo na súmula. O caso foi encaminhado para Federação Alagoana de Futebol (FAF), que informou que identificou o agressor, mas não divulgou o nome. 

A Desportivo Aliança mostrou todo apoio ao jogador e repudiou as ofensas sofridas. O atleta Geovani preferiu não registrar boletim de ocorrência. O CRB, em nota, também repudiou o racismo. A FAF encaminhou o caso para Tribunal de Justiça Desportiva de Alagoas.