Justiça

Moraes atende PGR e manda PF levantar provas que corroborem delação de Cid sobre golpe

Em delação, Cid disse à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder

Por 7Segundos com CNN Brasil 10/11/2023 20h08
Moraes atende PGR e manda PF levantar provas que corroborem delação de Cid sobre golpe
Tenente-coronel Mauro Cid fez delação à PF - Foto: Gesival Nogueira/Ato Press/Estadão Conteúdo - 24.ago.2023

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou que a Polícia Federal cumpra diligências a fim de encontrar provas que corroborem a delação do tenente-coronel Mauro Cid, especialmente com relação à suposta tentativa de golpe capitaneada por Jair Bolsonaro (PL).

Em sua delação, Cid disse à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder. O encontro teria ocorrido quando Bolsonaro ainda estava na Presidência, após as eleições do ano passado.

Autoridades com acesso ao conteúdo dos depoimentos do ex-auxiliar de Bolsonaro disseram à CNN, em meados de setembro, que, no encontro, as Forças Armadas teriam sido consultadas sobre a possibilidade de uma intervenção militar.

A resposta da cúpula da Marinha, segundo Cid, teria sido que as tropas estavam prontas para agir, apenas aguardando uma ordem dele. Já o comando do Exército não teria aceitado o plano.

À época, a defesa de Bolsonaro afirmou em nota que o ex-presidente “jamais compactuou” com qualquer movimento ilegal. A Marinha e o Exército disseram que não se manifestariam sobre investigações em curso, mas ambas as Forças reiteraram que atuam seguindo a Constituição.

A delação de Cid foi fechada entre a PF e a defesa do tenente-coronel e homologada por Moraes em setembro. Desde o início, a PGR alega ter sido deixada de fora das negociações para fechar o acordo, contesta a rapidez com que ele foi firmado e sustenta não haver provas do que Cid diz.

Dentro do Supremo e da própria PF, a posição da PGR é minimizada, tratada como uma questão institucional —uma vez que o Ministério Público sempre teve posição contrária à possibilidade de a Polícia Federal poder fechar acordos de delação.

Nos últimos meses, ficaram responsáveis por tentar participar da delação os subprocuradores Humberto Jacques de Medeiros, Lindôra Maria Araújo e, mais recentemente, Carlos Frederico Santos.

Fred, como é conhecido na PGR, vem questionando publicamente a delação do ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro. Em entrevista à CNN nesta semana, o subprocurador afirmou que não foram apresentadas provas por Cid nos depoimentos que prestou aos investigadores.

“Então, nós da Procuradoria-Geral da República pedimos uma série de exigências que podem vir a corroborar o que está na delação. Mas dizer que nós temos uma delação forte, que ela sustenta uma denúncia, hoje, isso não existe. Amanhã poderá existir”, afirmou.

Em meio à insatisfação com a suposta ausência de provas, Fred pediu a Moraes que determinasse que os investigadores cumprissem diligências com o objetivo de levantar provas que sustentem as afirmações de Mauro Cid.

A PGR fundamenta seu posicionamento afirmando ser necessário comprovar os fatos narrados por Cid aos investigadores. A avaliação é a de que a delação não fica de pé somente com base nos depoimentos do tenente-coronel.