Comédia ‘Tartufo, o Impostor’ trata de religiosidade e chega aos palcos alagoanos neste final de semana
A religião é utilizada como pano de fundo para contar a história de um falso devoto que vivia nas ruas e foi resgatado pelo patriarca de uma família. Tartufo, uma das mais famosas comédias de Molière, chega aos palcos alagoanos

Dirigido por Claudemir Santos, e com produção executiva de Aldine de Souza, “Tartufo, o Impostor” é mais uma encenação do curso livre de teatro do Centro de Pesquisas Cênicas (CEPEC) e tem apresentações nos dias 25 e 26 de novembro, às 19h30, no Teatro de Arena Sérgio Cardoso (anexo ao Teatro Deodoro), no Centro de Maceió.
O espetáculo é uma crítica ao fundamentalismo religioso e traz a denúncia de que, mesmo na atualidade, ainda existem os Tartufos, em meio aos devotos, simulando a falsa devoção com o único objetivo de enganar e conquistar.
“A peça é uma obra-prima da comédia francesa e mesmo na atualidade continua a encantar, arrancar risos do público, mesmo com temas tão delicados. Falar de religião, moralidade, hipocrisia e confiança nos provoca diversos sentimentos e é a reflexão que também queremos trazer às plateias. Tartufo é um hipócrita, utiliza a falsa devoção e assim conquista uma família ingênua e começa a controlar suas vidas. Quantos tartufos a gente conhece? Será que os reconhecemos?”, questiona Claudemir Santos.
A comédia vem ainda abordando as relações familiares e a ascensão ao poder, tudo isso trazendo elementos e aspectos que somente a arte tem esse poder. “Queremos com o espetáculo abordar essas temáticas com grande relevância social e que isso reverbere na vida de cada pessoa que assista Tartufo, mesmo quando deixem a arena e estejam em suas casas. É uma realidade ver religião e poder se misturando e o público vai perceber tudo isso”, acrescenta o diretor.
Para uma montagem tão polêmica, a preparação dos onze alunos atores contou com uma dedicação e entrega ainda maior. Isto porque costurar essa história com temas tão delicados requer mexer em uma ferida escancarada da sociedade, assim como ocorreu na época da estreia do espetáculo que chegou a ser censurado.
“Religião é uma tema muito delicado de trazer ao palco. Isso aconteceu quando a peça foi escrita e mesmo em tempos atuais é um assunto que requer cuidado. Por isso, a escolha do texto para os alunos que estão na turma do Intermediário II do CEPEC, que já estão mais preparados para dar vida a essa história nos palcos alagoanos. Essa confiança cênica foi construída durante cinco meses entre preparação corporal, leitura do texto e ensaios. A maior parte desse processo foi entender o texto, deixar ele claro tanto para o ator quanto ao público, para que a gente consiga levar a informação correta a plateia. Tenho certeza que será uma grande experiência para todos”, explica Claudemir Santos.
Religioso bastante hipócrita e extremamente inescrupuloso. Assim é Tartufo. Ele chega à família de Orgon, pessoa muito importante da sociedade parisiense. Esse patriarca, muito religioso também, se encantou pela simplicidade, caridade e devoção que Tartufo aparentava e então decidiu levá-lo para sua casa para ensinar a sua família a darem valor as coisas e se arrependerem de seus vícios. Mas Tartufo vai, ao longa da história, revelando-se um personagem intrigante, misterioso e muitas vezes contraditório ao que os céus, a quem ele tanto roga, prega.
Quem dará vida ao Impostor é Ahyas. “Com toda certeza Tartufo escancara a hipocrisia humana, a deslealdade, a capacidade de iludir, a cobiça, a raiva, a avareza, os conflitos familiares, a inveja... Mas principalmente, representa os mais religiosos que se aproveitam da fé do homem para proveito próprio e a propagação da desumanidade”, conta o ator.
O ator afirma que dar vida a esse personagem tem sido um grande encontro com o ‘meu eu ator’. “Um desafio enorme e que com a direção do espetáculo e o companheirismo do elenco se tornou uma grande conquista. Ainda não havia me entregado, me divertido e vivido tão bem um espetáculo. Tartufo é desafiador, ele é muito do que eu repudio, e isso, é o maior desafio, e ao mesmo tempo, meu maior aprendizado. Com Tartufo eu me liberto um pouco mais do medo do ridículo, das amarras do ator engessado. Espero que o público saia daquele teatro com ranço da minha cara porque aí sei que cumpri meu papel”.
Trazer a religiosidade como tema é, segundo Ahyas, um assunto complicado, mesmo que na atualidade. “A fé e a religião ainda são um pilar de nossa humanidade e influencia nas relações do homem com o homem e com o mundo. Por ela, é possível fortalecer, enganar, conciliar, cuidar… E hoje, infelizmente, ainda vemos figuras como a de Tartufo enganando, julgando, condenando, seja na política, seja nos púlpitos religiosos. É importante frisar que Tartufo não aponta a religião, mas o falso religioso, sua hipocrisia e maldade”, finalizou o ator.
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