Dom Antônio Muniz se despede de fiéis: 'envelhecer e adoecer faz parte'
Religioso deixa comando da arquidiocese de Maceió após 18 anos como arcebispo
Após a aceitação da renúncia ao cargo de arcebispo de Maceió, Dom Antônio fez uma emocionante despedida nas redes, na manhã desta quarta-feira (3). Confira alguns trechos da mensagem a seguir.
“Envelhecer, e, às vezes, adoecer, faz parte da vida, como nascer, crescer e morrer. ‘Das coisas visíveis, nada dura para sempre, mas tudo passa: Tanto na juventude, como as forças físicas, quer as comorbidades, quer as funções de poder’ (Bento XVI, Angelus em Castel Gandopho a 1º de agosto de 2010).
Ele continua: “Posso agora dizer como o Apóstolo Paulo: ‘combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé’ (2 Tim 4). Neste momento da minha vida, com o meu pedido de resignação do governo pastoral da Igreja de Maceió, manifesto meu reconhecimento de que absolutamente tudo procede da bondade de Deus, que me amou primeiro e chamou-me a servir no seu reino, sustentando-me com seu braço terno de Pai. Com a ajuda da Mãe Igreja, aprendi que Deus escolhe os fracos, como eu, que trazem em frágeis vasos de barro o tesouro do Ministério da Santa Igreja, para que todos reconheçam que um poder tão sublime vem de Deus e não dos homens.”
Dom Antônio Muniz era arcebispo de Maceió desde 2006. Em seu governo, definiu a Pastoral Social como um imperativo. Instituiu as Missas pela Paz, celebradas mensalmente na Catedral, frente à escalada da violência no estado.
Dom Carlos Alberto Breis Pereira foi nomeado como sucessor no pastoreio da arquidiocese alagoana e agora, torna-se arcebispo emérito.
Confira na íntegra a mensagem de despedida de Dom Antônio Muniz:
Com leal acatamento ao Magistério da Igreja e seu poder de jurisdição, venho, por este instrumento, comunicar a minha renúncia ao ofício de Arcebispo de Maceió, e, ao mesmo tempo, a aceitação do Santo Padre, o Papa Francisco, ao meu pedido de renúncia ao governo Pastoral desta Arquidiocese. Em Ato contínuo, assume a Arquidiocese como novo Pastor, o Arcebispo Coadjutor Dom Carlos Alberto Breis Pereira, OFM.
Envelhecer, e, às vezes, adoecer, faz parte da vida, como nascer, crescer e morrer. “Das coisas visíveis, nada dura para sempre, mas tudo passa: Tanto na juventude, como as forças físicas, quer as comorbidades, quer as funções de poder” (Bento XVI, Angelus em Castel Gandopho a 1º de agosto de 2010).
Com verdadeiro amor à missão que me foi confiada por Deus, recordo o meu lema de ordenação Episcopal “Erit Vester Servus” (Serei Vosso Servo), e tenho consciência de que deixo esse serviço pastoral, não por falta de amor, mas por reconhecer os limites de minhas forças, e tal como Jacó, seria capaz de começar a servir outro tanto, se não fora, “para tão longo amor tão curta vida”.
Posso agora dizer como o Apóstolo Paulo: “combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2 Tim 4). Neste momento da minha vida, com o meu pedido de resignação do governo pastoral da Igreja de Maceió, manifesto meu reconhecimento de que absolutamente tudo procede da bondade de Deus, que me amou primeiro e chamou-me a servir no seu reino, sustentando-me com seu braço terno de Pai. Com a ajuda da Mãe Igreja, aprendi que Deus escolhe os fracos, como eu, que trazem em frágeis vasos de barro o tesouro do Ministério da Santa Igreja, para que todos reconheçam que um poder tão sublime vem de Deus e não dos homens.
Nestes quase 26 anos de Ministério Episcopal, dos quais mais de 17 nesta Arquidiocese, jamais tive a pretensão de julgar ter agido sempre acertadamente. Só há um justo juiz: Jesus Cristo, constituído por Deus Pai, Juiz dos vivos e dos mortos. Com esperança, permito-me confiar no julgamento do Senhor Jesus, que aplica o poder com prevalência da misericórdia acima da justiça.
Fui e sou feliz junto à porção do povo de Deus desta Arquidiocese, e a palavra que utilizo neste momento de despedida é gratidão.
Acolhamos com amor e fé o nosso Arcebispo Dom Carlos Alberto Breis Pereira, OFM, recordando os ensinamentos do saudoso Papa São João Paulo II: “O povo de Deus, iluminado pela fé, deve ver esta vocação Divina e sobrenatural. Sendo dócil ao seu bispo, ajudando-o e apoiando-o com a prece e ação a cumprir esta missão sagrada que ele recebeu do alto”.
Tenho bem presente em minha vida o cântico evangélico do velho Simeão, e quero repetir como João Batista: “Ele é que deve crescer e eu diminuir” (Jo 3,30), para que em todas as coisas seja Deus glorificado.
Dom Antônio Muniz Fernandes, O.Carm.
Arcebispo Emérito de Maceió