Economia

Apesar da deflação no Brasil, dólar dispara e Bolsa cai

De acordo com o IBGE, ele registrou deflação de -0,02% em agosto, ficando abaixo da expectativa do mercado, que esperava uma leve alta de 0,01%

Por Metrópoles 10/09/2024 12h12 - Atualizado em 10/09/2024 12h12
Apesar da deflação no Brasil, dólar dispara e Bolsa cai
Movimento parece incoerente diante da divulgação, também nesta terça, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - Foto: Getty Images

A cotação do dólar disparou na manhã desta terça-feira (10/9), quando, por volta das 12 horas, a moeda americana registrou alta de 0,91%, cotada a R$ 5,63, embora ainda oscilasse bastante. No mesmo horário, a Bolsa brasileira (B3) anotava queda de 0,60%, aos 133.926 pontos.

Os dois movimentos – tanto a alta do dólar quanto o recuo da B3 – parecem incoerentes diante da divulgação, também nesta terça, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil. De acordo com o IBGE, ele registrou deflação de -0,02% em agosto, ficando abaixo da expectativa do mercado, que esperava uma leve alta de 0,01%.

Para Emerson Vieira Junior, responsável pela mesa de câmbio da Convexa Investimentos, a elevação do dólar, no entanto, faz sentido dentro do contexto de expectativas do mercado. Ele observa que, para a próxima semana, os investidores acreditavam num corte substancial nos juros nos Estados Unidos, com redução de até 0,50 ponto percentual, e apostavam em uma alta da taxa básica de juros brasileira, a Selic.

Confirmada essa lógica, a remuneração dos investidores cairia nos Estados Unidos e aumentaria no Brasil. Tal relação favoreceria aportes no mercado brasileiro, atraindo mais dólares para o Brasil, algo que, por fim, reduziria a cotação da moeda americana frente ao real.

Expectativa furada


Vieira Junior observa, porém, que essas previsões não estão se confirmando. “A expectativa era de um corte mais agressivo lá fora e de aumento maior dos juros por aqui”, diz. “Agora, isso tudo está mudando. A previsão é de queda de 0,25 ponto percentual nos Estados Unidos (e não mais de 0,50) e, talvez, nem ocorra uma alta da Selic no Brasil.”

Assim, diz o analista, diante dessa nova projeção, a tendência é de menor ingresso de dólares no mercado brasileiro, o que mantém a alta da moeda americana frente ao real. “Na verdade, o mercado está reajustando sua expectativa”, afirma Vieira Junior. “Mas esses movimentos mudam o tempo todo de acordo com os dados de mercado, além de outras mil questões políticas, fiscais ou geopolíticas.”

Menor diferencial de juros


A mesma análise é feita por Andre Fernandes, responsável por renda variável e sócio da A7 Capital. “O dólar sobe porque o mercado acreditava que o diferencial de juros entre Brasil e EUA iria aumentar bem mais”, afirma. Ele cita as apostas de elevação da Selic “estão sendo desmontadas agora”. “Com isso, o diferencial de juros entre Brasil e EUA não vai aumentar tanto e, num primeiro momento, o dólar sobe.”

Bolsa cai com commodities


Em relação à baixa da B3, Vieira Junior observa que ela está relacionada, notadamente, à queda nesta semana da cotação internacional do petróleo como do minério de ferro. As ações de empresas ligadas a essas commodities, caso da Petrobras e da Vale, têm grande peso no Ibovespa, o principal índice da B3.