Polícia

Influenciadores são citados por delegado de Alagoas na CPI das Bets, no Senado

O delegado citou a participação de influenciadores alagoanos na prática ilegal

Por Valeska Miranda* 22/04/2025 17h05 - Atualizado em 22/04/2025 18h06
Influenciadores são citados por delegado de Alagoas na CPI das Bets, no Senado
Delegado Lucimério Campos - Foto: Wanessa Santos/7Segundos

O delegado da Polícia Civil de Alagoas, Lucimério Campos, discursou, nesta terça-feira (22), no decorrer de uma reunião com senadores sobre a CPI das Bets respondendo a perguntas por pouco mais de duas horas. A Comissão do Senado está investigando as irregularidades nas apostas online.

Durante o seu pronunciamento, o delegado Lucimério - que está a frente da operação “Game Over”, que já prendeu diversos influenciadores -, apresentou vídeos e nomeou os influenciadores digitais alagoanos que utilizavam as redes sociais para propagar as apostas online como o famoso “jogo do tigrinho”.

Na audiência, foram reproduzidos vídeos da Paulinha Ferreira, Kel Ferreti e Deolane Bezerra além de outros influenciadores envolvidos na ação ilegal. Os participantes usavam estratégias de convencimento para conduzir os seguidores a fazerem as apostas online, adquirindo um vício que tem arrastado milhares de brasileiros ao endividamento, dentre outros problemas.

Em trecho do vídeo um dos influencers diz: “Eu quero ganhar dinheiro. Enquanto vocês ficam falando, eu tô enriquecendo” e logo em seguida, profere diferentes palavras de baixo calão.

A influenciadora Paulinha Ferreira, que foi presa na operação Game Over juntamente com o marido, promete ganhos elevados com as apostas. ela incita as pessoas a acreditarem que “A probabilidade de ganho é muito grande. As pessoas quer (sic) o conforto de tá aqui deitadinho na cama e ganhar R$ 5 mil. Eu mesmo acabei de ganhar R$ 100 mil, tô esperando cair na minha conta pra mostrar pra vocês”, garante ela.

Já Kel Ferreti, que atualmente está preso suspeito de praticar o crime de estupro, surge sentado em um vaso sanitário, no instante em que uma voz pergunta se ele está “limpando a bunda com dinheiro”. em outro momento, o influenciador aparece oferecendo “dicas” de como burlar o sistema, alegando que há horários mais apropriados para os seguidores fazerem suas apostas, dando a entender que nessas horas, haveria uma “falha no sistema”, possibilitando o internauta ganhar mais.

Mentiras


Depois de os vídeos serem expostos, o delegado foi taxativo em suas colocações. “Tudo mentira. Tudo isso é mentira. Busca de engajamento em rede social em que ele conta uma história bizarra ou faz alguma graça para convencer as pessoas a entrarem [na plataforma de apostas]”, afirma Lucimério.

O delegado mencionou também Rico Melquiades. O influenciador alagoano seria o único entre os influenciadores “pegos” na operação da Polícia Civil alagoana, que realmente teria um contrato formalizado com uma das casas de apostas virtuais.

“Ele [Rico] disse que tinha um contrato com a Bet Blaze. Ele ficou de apresentar esse contrato judicialmente”, relata o delegado.

A CPI DAS BETS


A operação denominada CPI das Bets foi desenvolvida para investigar minuciosamente o quanto a influência dos jogos virtuais de apostas online impacta no orçamento das famílias brasileiras, visto que a associação está diretamente vinculada com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro e o usam da imagem de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades.

As investigações da Polícia Civil apontaram o uso de “contas demo” — que simulam apostas reais — em vídeos e postagens realizadas por influenciadores, para ludibriar o público e incentivar o uso das plataformas ilegais.

De acordo com dados do Banco Central, as apostas em bets podem chegar a R$ 30 bilhões por mês em 2025.

*estagiária sob a supervisão da redação