Namorado teria matado estudante trans para não assumir relação
A vítima ainda teria um dossiê com provas de crimes cometidos pelo namorado, o que também poderia ter motivado o crime

A estudante trans Carmen de Oliveira Alves teria sido morta pelo namorado Marcos Yuri Amorim porque ele não queria assumir a relação, afirmou o delegado Miguel Rocha, responsável pela investigação do caso que ocorreu em Ilha Solteira, no interior de São Paulo.
Carmen está desaparecida desde o dia 12 de junho, após fazer uma prova do curso de zootecnia e ser vista pela última vez na saída do Campus Ilha Solteira da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A suspeita é que ela tenha sido vítima de feminicídio. O corpo ainda não foi encontrado.
Na quinta-feira (10/7), dois suspeitos foram presos temporariamente: Marcos, namorado da vítima, e o policial militar ambiental da reserva, Roberto Carlos Oliveira. Segundo Rocha, os homens estavam envolvidos em uma relação amorosa e teriam trabalhado em conjunto para matar a estudante e ocultar o corpo.
A investigação mostrou que Carmen montou um dossiê contra Marcos Yuri com provas de crimes cometidos por ele na região, como roubo e furto. A estudante teria usado o documento para pressionar o namorado.
“Acredito que ela estaria pressionando ele para assumir o relacionamento, coisa que ele não aceitava. Segundo a análise do notebook, a análise das testemunhas que foram ouvidas, a gente determinou que havia uma recusa do Yuri de assumir o relacionamento e isso acabou motivando o crime”, disse o delegado.
Polícia segue buscas pelo corpo
Durante as investigações, o sigilo telefônico de Carmen foi quebrado e a polícia percebeu que ela nunca saiu de Ilha Solteira.
Antes de sumir, o rastreamento do celular da estudante apontou que o último lugar em que ela esteve foi na casa do namorado, em um assentamento da cidade, chamado Estrela da Ilha.
Nessa sexta (11/7), a polícia esteve no local cumprindo mandados de busca para localizar o corpo de Carmen.
A Guarda Municipal e o Canil da Polícia Militar foram acionados para auxiliar nas buscas.
Um drone também está sendo usado para varredura, já que se trata de uma área extensa.
Também foram realizadas perícias nas casas e veículos dos suspeitos. O objetivo é localizar possíveis vestígios de sangue que possam explicar o que aconteceu com Carmen.
A polícia trabalha com a suspeita de que o corpo de Carmen possa ter sido lançado em um rio da cidade. Por isso, a Marinha do Brasil foi acionada e, se necessário, mergulhadores também serão chamados.
“Mas isso seria numa outra etapa. Por enquanto, seriam só buscas visuais nos rios, nas margens aqui nas proximidades do local aqui”, afirmou o delegado.
Família e universidade lamentam o caso
Em nota publicada em um perfil no Instagram que divulga informações sobre o desaparecimento de Carmen, a família da estudante demonstrou a angústia sentida pelo caso. “Desde o início dessa jornada, há praticamente um mês atrás, nossas vidas foram brutalmente abaladas e, a partir de então, todos os dias nós buscamos, procuramos, manifestamos por respostas e sofremos com a angústia dos dias irem passando e as respostas não aparecerem”, diz o texto.
Conforme a família, a universitária é “uma mulher amada, estudiosa, trabalhadora e muito querida”. Os familiares também a descrevem como uma pessoa alegre, divertida e com muitos sonhos e metas para realizar. “Uma menina que sempre foi sensível, e que sempre utilizou a arte como forma de expressão”, afirma a publicação da noite dessa sexta.
Os parentes disseram ainda que a notícia de prisão dos suspeitos “foi como um presságio de uma batalha longa que teremos pela frente”. Eles destacaram a sensibilidade do caso por envolver uma mulher trans e negra. “Sabemos que a Justiça brasileira caminha de forma muito lenta principalmente quando não se tem a materialidade do fato e por se tratar de uma mulher trans e preta, onde infelizmente as leis de defesa das pessoas da comunidade LGBTQIAP+ são falhas”.
“Queremos reiterar que o nosso luto só será vivido quando obtermos a resposta da pergunta que que gritamos a um mês: Onde está a Carmen?”, finalizou a nota. Também em publicação nas redes sociais, a Unesp, onde Carmen estudava zootecnia, lamentou a suspeita de feminicídio e prestou solidariedade à família da vítima. “A prisão temporária de dois suspeitos e a hipótese de feminicídio reforçam a gravidade da situação e mantêm toda a comunidade universitária na expectativa de que os fatos sejam plenamente esclarecidos. Reiteramos nosso repúdio a toda forma de violência e nosso respeito à diversidade. A Universidade reafirma seu compromisso com a defesa da vida e da dignidade humana”, diz a nota.
A universidade não se manifestou sobre uma possível expulsão de Marcos Yuri, que também é aluno da instituição.
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