Violência

Motoristas por app mudam horário de trabalho e evitam rotas por medo de assaltos"

“Prejudica não só nosso ganho, mas principalmente os clientes de alguns bairros

Por Wanessa Santos 16/07/2025 12h12 - Atualizado em 16/07/2025 13h01
Motoristas por app mudam horário de trabalho e evitam rotas por medo de assaltos'
Motorista por aplicativo - Foto: Divulgação/Uber

Três ocorrências violentas contra motoristas por aplicativo, registradas entre o sábado (12) e a noite desta terça-feira (16), acenderam o alerta entre profissionais que atuam no transporte por apps em Maceió e na Região Metropolitana. Os casos, que incluem sequestro, assalto e homicídio, têm provocado receio entre os trabalhadores.

Em entrevista ao 7Segundos, o líder do grupo MDA (Motoristas de Aplicativo), Elvis MDA, relatou que a categoria está preocupada. “Com certeza, tem muito motorista dizendo que não vai mais rodar à noite. E o mais importante: há relatos de famílias pedindo que seus pais e maridos não saiam para rodar em determinados horários. Antes, a preocupação era dos motoristas; agora, já chegou às famílias”, afirmou.

A insegurança, segundo Elvis MDA, também afeta o faturamento da categoria. “Prejudica não só nosso ganho, mas principalmente os clientes de alguns bairros, onde motoristas já não querem mais entrar”, completou. “Queremos mais policiais nas ruas, principalmente à noite e nos lugares onde já se sabe da atuação de facções”, disse.

Os casos

O crime mais recente ocorreu na noite dessa terça-feira (16), quando um motorista foi morto a tiros dentro do carro que dirigia, no conjunto habitacional Jarbas Oiticica, em Rio Largo. A vítima, segundo moradores, trabalhava por aplicativo e teria sido alvo de um assalto. Ele foi atingido na cabeça e morreu antes da chegada do socorro. O caso está sob investigação da Polícia Civil.

Na noite de segunda-feira (14), uma motorista por aplicativo foi abordada por criminosos armados em frente à própria residência, no bairro Jacarecica, em Maceió. Ela foi rendida enquanto retirava objetos do carro, que foi levado pelos assaltantes. O veículo foi posteriormente abandonado no bairro Trapiche da Barra, após perseguição feita por moradores. Ninguém foi preso.

Dois dias antes, no sábado (12), um motorista foi sequestrado por três homens no conjunto Aprígio Vilela, no Benedito Bentes. Os suspeitos vendaram os olhos da vítima e, durante o trajeto, jogaram um líquido inflamável sobre o corpo do condutor e atearam fogo. O homem conseguiu fugir e foi socorrido por populares até uma Unidade de Pronto Atendimento. O carro da vítima foi roubado e ainda não foi localizado.

Investigações

A Polícia Civil já abriu investigação sobre os três casos. Sobre o caso do motorista queimado vivo, o delegado João Marcelo, da Seção Antissequestro da DRACCO, o crime chama atenção pelo modo de execução. 

Ele informou que a polícia está analisando imagens de câmeras ao longo do percurso feito pelos suspeitos, já que não há videomonitoramento no ponto exato onde o crime foi cometido. “Esse tipo de prática não é comum, principalmente com o uso de substância inflamável durante um assalto”, destacou.