Agricultura

Alagoas mantém produção agrícola acima de R$ 4 bilhões, mesmo com menor área plantada

Soja e milho, que representam quase 88,7% da produção de grãos, foram os cultivos mais afetados pelas adversidades climáticas e queda de preços

Por 7Segundos com IBGE 11/09/2025 17h05 - Atualizado em 11/09/2025 17h05
Alagoas mantém produção agrícola acima de R$ 4 bilhões, mesmo com menor área plantada
Soja e milho, que representam quase 88,7% da produção de grãos, foram os cultivos mais afetados pelas adversidades climáticas e queda de preços, influenciando os resultados do setor agrícola em 2024 - Foto: Reprodução

Apesar da redução na área plantada em Alagoas – que passou de 482 mil hectares em 2023 para 464 mil hectares em 2024 –, o estado registrou, pelo sexto ano consecutivo, crescimento no valor da produção agrícola. Pela primeira vez, o montante ultrapassou a marca de R$ 4 bilhões.

Os dados são da pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM) 2024, divulgados hoje (11) pelo IBGE. No último ano, o valor da produção chegou a R$ 4,135 bilhões, um aumento de 5,3% em relação a 2023 (R$ 3,926 bilhões).

As culturas com maior valor de produção foram, nessa ordem, cana-de-açúcar, mandioca, banana, laranja e abacaxi, que juntas representam mais de 80% do total produzido no estado.

Alagoas foi o maior produtor de cana-de-açúcar da região Nordeste em 2024 e o sétimo do país, com 18,7 milhões de toneladas. Destaque para o município de Coruripe, maior produtor do estado, que colheu 3,6 milhões de toneladas e teve um crescimento de 31,6% no valor da produção, que passou de R$ 357,6 milhões (2023) para R$ 470,6 milhões (2024).

Teotônio Vilela, que ocupava a terceira posição na produção de mandioca em 2023, superou São Sebastião e Junqueiro, assumindo a liderança estadual em 2024. O município produziu 69 mil toneladas (alta de cerca de 80%) e alcançou R$ 40 milhões em valor de produção – 52% acima do registrado no ano anterior.

Mesmo com uma queda de 32,5% na produção de banana, União dos Palmares manteve a liderança no estado, com quase 16 mil toneladas de cachos e valor de produção de R$ 31,6 milhões.

Santana do Mundaú, por sua vez, teve uma redução de 5% na produção de laranja (de 34,6 mil para 32,8 mil toneladas), mas registrou aumento de 11% no valor da produção, que passou de R$ 55,6 milhões para R$ 61,8 milhões.

Já Limoeiro de Anadia se manteve como maior produtor de abacaxi do estado, com mais de 10 mil toneladas e crescimento de 73% no valor de produção, saltando de R$ 19,5 milhões (2023) para R$ 33,9 milhões (2024).

Brasil: valor da produção agrícola cai pelo segundo ano seguido


Em 2024, o valor de produção das principais culturas agrícolas do país recuou 3,9% frente a 2023 e atingiu R$ 783,2 bilhões. Este é o segundo ano consecutivo de queda, refletindo a diminuição de 7,5% na produção de grãos, que somou 292,5 milhões de toneladas, e no valor de produção desse grupo, que caiu 17,9%, ficando em R$ 431,2 bilhões.

Soja e milho, que representam quase 88,7% da produção de grãos, foram os cultivos mais afetados pelas adversidades climáticas e queda de preços, influenciando os resultados do setor agrícola em 2024.

A área plantada do país, considerando todas as culturas pesquisadas, totalizou 97,3 milhões de hectares em 2024. Isto representa ampliação de 1,1 milhão de hectares, ou seja, 1,2% superior à registrada no ano anterior, mantendo o crescimento observado ao longo dos últimos anos.

Dentre os produtos que vêm ganhando mais espaço no campo, a soja se destaca com o acréscimo de 1,8 milhão de hectares da área cultivada, seguida pelo algodão, com aumento de 280,8 mil hectares. Por outro lado, houve uma queda de 4,9% na área cultivada com milho. A área colhida também continua em expansão, com aumento de 0,8%, totalizando 96,5 milhões de hectares.

Segundo o supervisor da pesquisa, Winicius Wagner, as culturas sofreram com o impacto climático do El Niño. “O fenômeno El Niño prejudicou as culturas de verão em 2024. Ele causou uma estiagem prolongada severa em regiões como Centro-norte, Sudeste e parte do Paraná. Soja e milho, em particular, sofreram quedas de 5,0% e 12,9% na produção, respectivamente, e a retração de seus preços impactou o valor de produção agrícola”, comenta.

No ranking de valor de produção, os cinco primeiros produtos continuam sendo soja, cana-de-açúcar, milho, café e algodão. A cana-de-açúcar, que passou à segunda posição, trocou de lugar com o milho, que agora ocupa a terceira posição. Os resultados variaram na comparação entre 2023 e 2024: soja (-25,4%), cana-de-açúcar (3,0%), milho (-13,5%), café (58,1%) e algodão (4,3%).

Mesmo com uma queda de 25,4% no valor de produção em 2024, a soja continuou sendo o principal destaque em termos de valor gerado na agricultura brasileira, representando cerca de um terço do total nacional da produção e mantendo o Brasil como maior produtor e exportador global da oleaginosa. Já o crescimento no valor da cana-de-açúcar ficou por conta do aumento dos preços, principalmente do etanol.

Entre as contribuições positivas no valor de produção, destacam-se o café, o cacau e o arroz, impulsionados principalmente pelo aumento das cotações dessas commodities. O café teve um aumento de 58,1% no valor de produção, totalizando R$ 69,2 bilhões, passando a ser o segundo produto agropecuário em geração de receita com as exportações em 2024. O arroz apresentou aumento de 3,8% no volume produzido e 25,7% no valor de produção, aparecendo como sétima posição em valor de produção. O cacau, com um aumento substancial na cotação da commodity no mercado internacional, saltou 229,4% no valor de produção anual, subindo para a décima posição.