Delegado da PF receberia R$ 27 milhões em esquema em mineração
Segundo a PF, Rodrigo Teixeira, preso na quarta-feira (17), era sócio oculto de empresa que fechou negócio milionário para mineração

A investigação da Polícia Federal (PF) que resultou em três operações na quarta-feira (17/9) contra crimes ambientais e corrupção mostra que um dos investigados, o ex-diretor da própria corporação, Rodrigo Teixeira, receberia cerca de R$ 27 milhões por um esquema no setor de mineração.
Como mostrou a coluna, Teixeira foi preso na quarta-feira (17), assim como outros investigados, como o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), suspeitos de integrar uma organização criminosa voltada a crimes ambientais.
No total, foram cumpridos 22 mandados de prisão e outros 79 mandados de busca e apreensão. Um dos principais alvos foi o empresário Alan Cavalcante Nascimento, dono de uma mineração que atuava na Serra do Curral, em Minas Gerais.
De acordo com as apurações, Rodrigo Teixeira, assim como outro investigado, Gilberto Horta, eram sócios ocultos da empresa GMAIS Ambiental. Oficialmente, a empresa estava no nome de Daniella Wandeck, esposa de Rodrigo, e Luiz Fernando Leite.
Em outubro de 2021, a GMAIS passou a integrar a estrutura societária da Brava Mineração, com 13,3% das cotas, junto com outros dois suspeitos.
A PF afirma que tanto a GMAIS quanto a Brava ficaram algum tempo localizadas no mesmo endereço de uma empresa estética vinculada à esposa de Rodrigo. Nenhuma delas, no entanto, existia de fato no local.
A análise de documentos obtidos pela PF mostram que a Brava foi destinatária de cessão gratuita de direitos minerários de outra empresa, ou seja, o titular dos direitos repassou sua autorização para utilizar a área sem receber nada em troca -muito embora tais títulos tenham grande valor econômico, chegando a ser negociados por US$ 70 milhões.
Já com a posse dos direitos minerários, o grupo passou às tratativas para fechar um negócio com outra empresa, a Flapa Mineração, parceria que foi firmada em maio de 2023 por meio de um memorando de entendimento e cessão dos direitos minerários.
Em contrapartida, diz a PF, a Flapa pagou à Brava cerca de R$ 2 milhões a título de garantia no direito de preferência de compra dos direitos minerários, assumindo, no ato da transação, todos os riscos de obtenção de anuência da Vale (uma vez que os terrenos pertenceriam à Vale) e da execução das pesquisas.
Depois disso, foi criada uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), tipo de empresa com um objetivo limitado para executar um projeto específico, de nome Hermes Mineração, resultado da parceria.
Em junho de 2025, a Hermes, após realização das pesquisas devidas e ao conseguir a autorização da Vale para adentrar e explorar o subsolo do local, exerceu seu direito de compra dos direitos minerários junto à Brava, pagando um valor adicional de cerca de R$ 2, 2 milhões.
Além do recebimento de mais de R$ 4 milhões, segundo a PF, também estava acordado que a Brava receberia 6% sobre o faturamento bruto da exploração de minério de ferro da SPE como contrapartida pela cessão dos direitos minerários – o que equivaleria a cerca de R$ 203 milhões.
O cálculo feito pela Polícia Federal levou em conta a produção anual bruta, estimada em um estudo da Hermes encontrado no celular de um dos investigados, que seria de 300 mil toneladas de minério bruto com vida útil de 35 anos -que seria correspondente a aproximadamente R$ 3,9 bilhões.
Nesse sentido, levando em conta que Rodrigo Teixeira e Gilberto Horta, supostos sócios ocultos da Gmais, detinham 13,3% das cotas da Brava, eles também ficariam com uma porcentagem do valor bruto. Nos cálculos da PF, isso corresponderia aos cerca de R$ 27 milhões.
“Conclui então a investigação que Rodrigo Teixeira e Gilberto, por intermédio da GMAIS Ambiental (ela possui 13,3% da Brava), receberão a quantia de R$ 27.132.000,00 (vinte e sete milhões, cento e trinta e dois mil reais), sem nunca terem investido qualquer quantia”, diz trecho da decisão da Justiça Federal de Minas Gerais, que autorizou as ações da PF na quarta-feira (17).
Operações contra crime ambiental
As investigações que culminaram nas ações da PF investigam uma organização criminosa que teria faturado cerca de R$ 1,5 bilhão por meio de crimes ambientais e corrupção de servidores públicos.
Segundo as apurações, o grupo teria corrompido servidores públicos em diversos órgãos estaduais e federais de fiscalização e controle na área ambiental e de mineração para obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas.
Essas autorizações eram utilizadas para explorar irregularmente minério de ferro em larga escala, incluindo locais tombados e próximos a áreas de preservação. Segundo a PF, a s atividades teriam graves consequências ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos.
“A organização criminosa teria atuado para neutralizar a ação do Estado, dificultando as investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversos artifícios para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas”, afirma a PF.
Os investigados poderão responder por crimes ambientais, usurpação de bens da união, corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e embaraçamento à investigação de organização criminosa.
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