Meio ambiente

Funcionários da Toyota se esconderam atrás de máquinas durante vendaval que destelhou fábrica

Fábrica é a única da América Latina que produz motores para a empresa japonesa e está com as atividades paralisadas em Porto Feliz (SP).

Por G1 25/09/2025 10h10
Funcionários da Toyota se esconderam atrás de máquinas durante vendaval que destelhou fábrica
Fábrica de motores da Toyota, em Porto Feliz (SP), teve a cobertura arrancada pelo vento - Foto: Vinicius Rogillim/Arquivo Pessoal

Funcionários da fábrica de motores da Toyota, em Porto Feliz (SP), se esconderam atrás de máquinas durante o vendaval de segunda-feira (22), que paralisou as atividades da empresa.

A fábrica é a única da América Latina que produz motores para a empresa japonesa e está com as atividades paralisadas. Por conta disso, a montadora em Sorocaba também suspendeu os três turnos por tempo indeterminado.

O turno da tarde tinha acabado de começar quando o tempo fechou. Funcionários se esconderam atrás das máquinas e viram o teto balançar e a cobertura ser levada pelo vento. 

O vendaval levou em segundos tudo o que encontrou pela frente, varrendo o telhado da fábrica inteira. As placas de zinco voaram longe. Algumas, foram parar a mais de seis quilômetros e ficaram enroscadas até nas árvores. Os vestígios do temporal ficaram por toda a parte.

Na hora do temporal, a fábrica estava lotada. O vento veio com tanta força que arrastou carros, atingindo pelo menos sete veículos.

Meteorologistas de uma empresa especializada em tempo severo afirmaram à TV TEM que o que aconteceu em Porto Feliz foi um tornado.

Eles analisaram as condições meteorológicas, as imagens dos estragos na cidade, a forma como o vento destruiu a fábrica da Toyota e concluíram que só o funil de um tornado poderia provocar tudo isso.

“Houve danos significativos e destroços convergentes, demonstrando o vento direcionado ao ponto de passagem do tornado.”, afirma Vitor Bortolucci.

"Como o tornado principal estava em volta de chuva pesada, dificilmente conseguiríamos visualizar sua estrutura", continua. Ainda segundo ele, o tornado foi classificado de F2.

Apesar da afirmação de Bortolucci, a Defesa Civil de São Paulo diz que os estragos na cidade não foram provocados por um tornado.

“Nós não chegamos a ter a configuração de um tornado. Os ventos não atingiram a velocidade para definir como um tornado. O que nós tivemos foram ventos fortes causados por uma frente fria, gerada pelo calor que nós tivemos no fim de semana”, diz o tenente Maxwell de Souza, diretor de comunicação da Defesa Civil.

“Nós saímos de dias muito quentes e aí, na sequência, nós tivemos a chegada de uma frente fria que causou toda essa instabilidade atmosférica, com ventos muito fortes, chuva, granizo e também queda de raios.”

Quem presenciou o fenômeno também arriscou a afirmar sobre o que ocorreu. “Vi o vento, assim, só o redemoinho. Parecia um furacão. Nunca vi. Fiquei desesperado na hora”, conta o caseiro Rogério Souza dos Santos, que estava próximo da fábrica.

Estragos

A empresa teve o telhado arrancado durante um vendaval. O prefeito Célio Peixoto (Republicanos) declarou estado de emergência na cidade, na tarde de segunda-feira (22).

Segundo a Defesa Civil, a cidade registrou rajadas de vento de até 90 km/h em diferentes pontos durante o temporal que atingiu a região nesta segunda-feira. A força do vento arrancou a cobertura e provocou danos.

Nas imagens, registradas por drone, é possível ver partes do telhado retorcidas espalhadas por todo o arredor da fábrica. Algumas delas atingiram carros que estavam estacionados no local. Conforme apurado pela TV TEM, ao menos sete veículos ficaram destruídos.

Partes da cobertura foram parar a quilômetros de distância da empresa, em áreas de plantação de cana e em pastos. O rastro de destruição podia ser visto na rodovia Marechal Rondon. Assista acima.

Outras imagens gravadas de dentro da fábrica mostram a situação. Veja abaixo. A TV TEM apurou que alguns funcionários se esconderam dentro das máquinas para se proteger. O Sindicato dos Metalúrgicos de Itu informou que 30 funcionários tiveram ferimentos leves e foram socorridos. Todos já receberam alta.

Atividades suspensas

A Toyota informou que a unidade teve danos severos na estrutura. Também disse que está acompanhando a situação e oferecendo suporte aos colaboradores e parceiros que estavam no local.

"Um relatório de danos está sendo preparado para entender a extensão dos impactos. A produção da unidade foi interrompida. Não há previsão de retomada das operações nesse momento", diz a nota.

Atualmente, a fábrica de Porto Feliz conta com 800 trabalhadores e fornece motores para as plantas de Sorocaba (SP) e Indaiatuba (SP).

Como a Toyota não trabalha com estoque de produtos, um comunicado foi emitido para os funcionários da planta de Sorocaba informando que alguns setores terão as atividades paralisadas nos três turnos devido à interrupção da produção em Porto Feliz.

Fábrica de motores da Toyota é destelhada e carro é encontrado capotado após temporal — Foto: Redes Sociais.