Justiça

Vítimas de serial killer iam para casa de mãe de santo quando foram atacadas: 'muita gente julgou'

Desta vez, o assassino em série responde pela morte de Tamara Vanessa da Silva e da tentativa de homicídio de outras duas pessoas

Por Wanessa Santos 31/10/2025 10h10 - Atualizado em 31/10/2025 11h11
Vítimas de serial killer iam para casa de mãe de santo quando foram atacadas: 'muita gente julgou'
José Gustavo e Leidjane sobreviveram ao ataque de Albino e relataram os momentos de horror no dia do atentado - Foto: MPAL

Teve início, na manhã desta sexta-feira (31), o quinto julgamento de Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Alagoas. Desta vez, o assassino em série responde pela morte de Tamara Vanessa da Silva e da tentativa de homicídio de outras duas pessoas, uma delas, o esposo de Tamara. O crime ocorreu em 2024, no bairro do Vergel do Lago.

Ao contrário do que ocorreu no último júri de Albino, quando ele negou ter tido participação na tentativa de assassinato de Alan Vitor dos Santos, desta vez o réu confessou o crime, mas preferiu não dar detalhes. No momento em que deveria dar seu depoimento, o serial killer se limitou a dizer: "eu apenas confesso o acontecido, mas quero ficar em silêncio".

Depoimentos dos sobreviventes

Durante a audiência, o marido de Tamara Vanessa, José Gustavo, um dos sobreviventes do atentado, chegou a passar mal e precisou receber atendimento médico no Fórum. Segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL), ele sofre de depressão desde o dia do crime.

Emocionado, Gustavo contou que, na noite do atentado, ele e Tamara estavam indo à casa de uma mãe de santo, onde cortariam verduras para um evento do candomblé. “Estava chovendo, paramos umas duas casas antes da de Leidjane, a mãe de santo, e, do nada, começaram os tiros”, relatou. Tamara foi atingida por quatro disparos, ele por três e Leidjane, que foi a primeira a ser alvejada, levou um tiro na cabeça.

Mesmo ferido, Gustavo conta que conseguiu correr até a casa de Leidjane e pedir ajuda. O trio foi socorrido por moradores da região e levado ao hospital. Ele contou que ainda tem balas alojadas no corpo e que as sequelas físicas e emocionais o acompanham até hoje. Atualmente, vive com familiares e tenta retomar a rotina, apesar das dificuldades.

A segunda a depor foi Leidjane, que sobreviveu a um tiro que transfixou sua cabeça. Ela confirmou a fala de Gustavo e disse não entender a motivação do ataque. “Não tenho envolvimento com nada ilícito. E, por causa da religião, muita gente julgou errado, achando que o crime tinha ligação com o candomblé. Só depois soubemos quem realmente era o assassino”, afirmou.

Leidjane revelou que ficou nove dias internada, passou cinco dias sem memória e sem visão e ainda enfrenta um quadro grave de depressão. Durante o julgamento, também precisou ser medicada. Emocionada, contou que não consegue trabalhar com a mesma frequência de antes, o que tem comprometido a sua renda e o sustento dos filhos. “Só consigo trabalhar quando estou bem emocionalmente”, disse, chorando.

A sentença deverá se somar aos mais de 100 anos de prisão que Albino já acumula por condenações em júris anteriores e deve ser anunciada ainda hoje.

Albino Santos está preso no complexo prisional da capital desde setembro de 2024 e é acusado de ser o autor de ao menos 18 homicídios.