Raquel Dodge envia à pasta da Justiça relatório sobre invasão de celulares
Texto traz sugestões para que procuradores evitem ação de hackers
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, encaminhou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública os resultados de uma apuração interna sobre a invasão de celulares de procuradores por hackers, bem como as recomendações que fez aos membros do Ministério Público (MP) para aumentar a segurança.
Uma das recomendações feitas por Raquel Dodge aos procuradores é que, para se comunicar entre si, usem preferencialmente um programa específico, chamado e-Space, que utiliza infraestrutura própria e criptografia certificada pelo MP.
Segundo o documento, a ideia é evitar trocas de mensagens por meio de aplicativos como Telegram e WhatsApp, a partir dos quais procuradores tiveram os celulares invadidos e as respectivas conversas vazadas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ter conduzido apurações internas após a Secretaria de Tecnologia de Informação e Comunicação do órgão ser acionada, no início de maio, por membros do MP que desconfiavam da invasão de seus aparelhos celulares por hackers.
Foram feitas varreduras em celulares institucionais e aplicados questionários internamente para apurar as possíveis brechas pelas quais os aparelhos foram violados. “O objetivo foi levantar características técnicas e demais procedimentos que pudessem explicar o modo de atuação dos invasores”, disse, em nota, a PGR, acrescentando que trabalha junto à respectiva operadora de celular para tentar identificar os hackers.
Nas últimas semanas, conversas atribuídas a procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, começaram a ser vazadas pelo site The Intercept Brasil. A troca de mensagens publicada pelo veículo trata de casos apurados pela operação, entre os quais os que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Moro e a força-tarefa da Lava Jato afirmam que a autenticidade das mensagens publicadas não pode ser verificada, e que, mesmo que as conversas sejam verdadeiras, foram obtidas mediante cometimento de crime.
Para a defesa de Lula, que busca anular a condenação do ex-presidente no caso do tríplex do Guarujá, que levou à sua prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em 7 de abril do ano passado, as mensagens comprovariam a parcialidade de Moro nesse julgamento. Os advogados buscam a anulação do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).