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Huck é uma aventura, diz Lula, que vê chance de reeleição de Bolsonaro

Os partidos de oposição têm discutido uma possível frente ampla, para enfrentar Bolsonaro nas eleições de 2022

Por Uol Notícias 18/02/2021 19h07
Huck é uma aventura, diz Lula, que vê chance de reeleição de Bolsonaro
Ex-presidente Lula - Foto: Reprodução/Web

Na análise do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as eleições presidenciais de 2022 vão opor em um eventual segundo turno candidatos de esquerda e de direita. Ele também disse que o lançamento do nome do apresentador Luciano Huck à Presidência seria uma aventura. As declarações foram dadas durante o UOL Entrevista, conduzido pelo colunista Kennedy Alencar, na manhã de hoje.

Para Lula, o histórico aponta que candidatos à reeleição, como Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022, se mostram competitivos porque usam a força da máquina pública. Ele disse ter dúvidas sobre o potencial de outras candidaturas do campo da direita.

"Quem está no poder sempre será o candidato forte à sua reeleição porque o poder é uma máquina muito poderosa. Quem estiver no poder sempre deverá ser [competitivo], a não ser que seja um desastre", disse Lula.

Embora seja um desastre do ponto de vista social, econômico e político, efetivamente do ponto de vista eleitoral ele [Bolsonaro] mantém uma parcela da base mais à direita, mais raivosa. Acho que ele tem chance numa disputa de reeleição de segundo turno.Lula, ex-presidente da República

No campo da direita, Lula disse que a única candidatura clara neste momento é a de Bolsonaro. Ele não vê prosperar a tentativa de lançar Luciano Huck como candidato ao posto.

"Não sei qual será o potencial dos tucanos nessas eleições. Acho que o Huck é uma aventura, pegar um homem de TV e colocar ele numa frigideira de uma disputa política... Se ele vai se sair bem é uma aposta que não está dada ainda. Também não sabemos se o DEM vai ter candidato, o que sabemos é que o Bolsonaro tem candidato, que é ele", afirmou.

Esquerda x direita

Os partidos de oposição têm discutido uma possível frente ampla, para enfrentar Bolsonaro nas eleições de 2022. O tucano João Doria, governador de São Paulo, tem se colocado como postulante a essa vaga, unindo também legendas de centro, que também discutem apoiar o apresentador Luciano Huck.

Questionado diretamente se poderia apoiar Doria em um eventual segundo turno, Lula disse que não enxerga este cenário. Para ele, a disputa será entre um candidato da direita e outro da esquerda, como nas últimas eleições presidenciais.

"Primeiro isso não vai acontecer [Doria enfrentar Bolsonaro] porque não haverá a possibilidade de dois candidatos de direita irem ao segundo turno, como é difícil imaginar dois candidatos da esquerda no segundo turno. Haverá um candidato representante na direita, ou na extrema-direita, ou bolsominion. E haverá um candidato na esquerda, que será um candidato com mais compromisso com a sociedade, com inclusão social, educação", disse.

De acordo com Lula, o PT precisa lançar candidatura própria no primeiro turno e fazer um pacto de apoiar o candidato desse campo que for para o segundo turno.

"Objetivamente, acho que [o PT] tem de ter candidato no primeiro turno. Como você vai escolher o candidato de uma frente ampla, qual o critério? A melhor prévia que tem é a disputa no primeiro turno. Todo mundo que puder lança candidato com o compromisso de que no segundo turno todo mundo se junte. Não pode depois um inventar de ir para Paris, outros para Suécia, para Nova York, não dá", declarou.

A fala é uma crítica direta a Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas eleições de 2018, que viajou para Paris após o primeiro turno e não apoiou Fernando Haddad (PT) contra Bolsonaro.

Ele também afirmou que não precisa ser candidato, mas está à disposição. E que, se não for o escolhido para ter o nome nas urnas em 2022, vai estar "inteiro para ser cabo eleitoral".