Ex de Jairinho diz que ela e filho eram agredidos: 'Ia sumir comigo'
Em entrevista exclusiva a Roberto Cabrini, a ex-namorada do homem preso pela morte de Henry diz que era dopada por ele
O jornalista Roberto Cabrini entrevistou com exclusividade Débora Saraiva, uma ex-namorada do vereador Dr. Jairinho. Os dois tiveram um relacionamento por seis anos. A mulher, que já prestou depoimento à polícia, disse que foi vítima de violência, assim como o filho dela, que teria sido torturado quando tinha dois anos.
O político está preso acusado de envolvimento na morte do menino Henry Borel, de 4 anos. Monique Medeiros, mãe de Henry, também está presa. A ex disse que pretende prestar novo depoimento à polícia. Veja o que disse a ex de Jairinho.
Agressões sofridas
"Ele me agrediu várias vezes. Quando ele viu que eu tinha mexido no celular dele, falou que ia sumir comigo e jogar a bolsa em algum lugar [para parecer] que tinha sido um assalto. E ia falar com a minha mãe. Ele veio no pescoço, ficou em cima de mim. Ou eu brigava com ele, porque não tinha força, ou tentava falar. Eu falava que não conseguia respirar. Do nada ele mudou a cara falou: 'Vamos dormir'."
"Nas outras ocasiões ele me deu um chute, quebrou meu dedo do pé ao meio. Em outra ocasião ele tinha que olhar meu celular sempre. Ele ficou com raiva, me deu um mata-leão. Eu tentava fugir. Ele me puxou pelo pescoço. Eu caí pelo canteiro, foi me arrastando e me deu três mordidas na cabeça muito forte. No dia seguinte agiu como se nada tivesse acontecido."
Por que não procurou a polícia?
Ele é influente.
Dopou a mãe e pisou no filho
"Quando aconteceu dele quebrar o fêmur, falou que foi ao descer do carro. O Enzo me contou esses dias que ele uma vez estava no apartamento e eles [os filhos] acordaram para beber água. O Jairinho estava acordado e pegou água para os dois. Deu um para a Clara [filha dela, então com 6 anos] e ele falou: 'Clara, vai dormir que eu vou cuidar dele'. A Clara ainda insistiu para ela levá-lo e ele falou assim: 'não, pode ir.' E a Clara foi deitar.
E nisso o Enzo falou que ele colocou ele deitado no sofá, colocou papel e um pano na boca dele e falou que ele não podia engolir o papel. E ficou em pé no sofá e pisou na barriga dele com todo o peso dele. Aí eu falei: mas ele tirou o pé? Ele falou que sim, que botou todo peso.Aí teve uma hora que ele conseguiu sair, ele falou: 'Eu consegui fugir dele e corri para você. Só que você não me ouvia. Eu tentei te chamar e você não me ouvia'. Eu falei: mas você mexeu em mim? E ele: 'Mexi e você não me ouvia'."
"Hoje com oito anos ele consegue lembrar. Ele sabe. Eu desconfiar da situação da perna e do Enzo não fazer questão de estar junto, de querer passear. Depois era só o Enzo, vamos levar o Enzo, compra isso pro Enzo."
Ela se sentiu intimidada
"Me senti intimidada no dia que recebi uma ligação dele, no dia que fui intimada. Eu liguei para a irmã dele e em seguida ele me ligou. Ele falou: 'Calma, você só tem que falar a verdade.' Eu falei: 'Falar a verdade?'. A verdade é que ele era agressivo comigo, que eu tinha medo dele, já quebrou dedo do meu pé, já me mordeu. Eu desliguei na cara dele porque tinha alguém me ligando. Nisso ele começou a insistir muito. Até o delegado viu."
Dr. Jairinho foi até a casa da amiga
"Ele entrava dentro da minha casa, eu não atendia, ele vinha sem eu saber, tentava abrir a porta. Uma vez ele conseguiu entrar, esse ano, quando minha mãe chegou ele estava dentro do meu carro mexendo nas minhas coisas. Ele foi na casa de uma amiga onde me escondi e começou a espancar a porta, chutando, puxando a maçaneta. A gente ficou escondido na cozinha achando que ele pudesse entrar. Foi em janeiro. A gente não estava junto desde outubro, quando eu descobri que ele estava com a Monique."
Conversa com Monique
"Quando eu descobri que ele estava com a Monique, conversei muito com ela para falar das agressões que eu sofria dele. Ela disse que estava apavorada."
Quem é o Jairinho
"É uma pessoa mentirosa, agressiva, uma pessoa ruim, uma pessoa falsa. Me fez muito mal, perdi seis anos da minha vida. Acho que ele tem que pagar por tudo o que ele fez. Se ele me agredia e fez essas coisas com meu filho ele é capaz de fazer com Henry também. Ele vai para cima e não mede o quanto está machucando, até onde pode chegar. E do nada ele para."
Vai prestar um novo depoimento
"Vou colocar o que eu não falei lá. Eu não disse que era agredida. Preferi não dizer para me proteger. Apesar de estar aliviada por ter falado eu sei que posso contribuir falando isso. Mas continuo sentido medo, não sei o que pode acontecer e o que ele pode fazer. Ele é influente, eu tenho medo. Eu não aguentava mais segurar isso, todo mundo falando, me procurando. Fiquei pensando, daqui a pouco vão falar que eu fui omissa, como estão falando da Monique. Eu nunca deixei de proteger meus filhos."