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Projeto promove ações para repovoar o Rio São Francisco com Camarão Pitu

O projeto da Unidade de Penedo tem tecnologia para manejo de camarão de água doce e parceria com a Codevasf

Por 7Segundos com Ascom Ufal 11/07/2021 11h11
Projeto promove ações para repovoar o Rio São Francisco com Camarão Pitu
Camarão Pitú - Foto: Assessoria

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) realizou, no final de junho, uma ação de repovoamento de espécies nativas no Rio São Francisco. Nesta soltura, foram incluídos mil juvenis de camarão-pitu, uma espécie de água doce que, devido às mudanças ambientais, com os barramentos ao longo do rio São Francisco, encontra-se em risco de extinção. Os animais estão sendo reproduzidos em laboratório pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

O projeto teve início em 2018, com a instalação de um laboratório para desenvolvimento e validação de tecnologias de reprodução e larvicultura do camarão-pitu, no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura do Betume (4ª/CIB), sediado em Neópolis, em Sergipe. A equipe do projeto inclui os professores Irũ Guimarães e Petrônio Filho, da Unidade de Penedo (Ufal), estudantes de graduação e pós-graduação da Ufal, e técnicos da Codevasf.

Mas as pesquisas para o desenvolvimento deste projeto começaram há mais tempo. “Coordeno os estudos buscando desenvolver a tecnologia para cultivo em cativeiro do camarão pitu desde 2010. Desde então temos avançado bastante, e somos o grupo de estudo com melhores resultados de sobrevivência de larvas e juvenis. Conseguimos cerca de 50% de sobrevivência. Hoje nosso laboratório é uma referência nacional no desenvolvimento de tecnologias para cultivo de camarões nativos de água doce”, destaca o professor Petrônio Alves, do curso de Engenharia de Pesca da Ufal.

Para desenvolver programas científicos deste porte, é preciso financiamento público para as Universidades Federais. “Parte dos nossos estudos receberam incentivo do edital Recarcina/Finep com o qual adquirimos equipamentos usados nesses resultados. A parceria com a Codevasf também foi essencial para o incremento desses resultados. Com esse projeto, formamos alunos de graduação e mestrado. Os estudantes têm acesso à pesquisa de ponta e contato com outras instituições de ensino”, ressalta Petrônio.

Repovoamento

Os pesquisadores têm a preocupação de estimular o repovoamento com espécies nativas, desenvolvendo um processo sustentável e com menor impacto ambiental. “A produção de espécies nativas necessita menos modificações no ambiente de cultivo e neutraliza o risco de invasão do ambiente aquático por espécies alóctones da bacia hidrográfica”, descrevem os pesquisadores no projeto.

Segundo informou o professor Iru Magalhães, a infraestrutura instalada contou com equipamentos e materiais adquiridos pelo Laboratório de Bioecologia e Cultivo de Organismos Aquáticos da Ufal através de projetos de pesquisas financiados e recursos da própria Codevasf. “É uma transferência de tecnologia e conhecimento para a Codevasf, já que os técnicos foram capacitados para atuar no projeto, que já produziu cerca de 20 mil pós-larvas dessa espécie”, destaca o professor.

Para iniciar a produção, o camarão-pitu é capturado em ambiente natural, na região do baixo São Francisco, através de armadilhas tipo covo. As armadilhas são verificadas diariamente e os animais capturados são transferidos em caixas de transporte com água e oxigenação até o laboratório, onde é feito o processo de reprodução. “Queremos validar as informações coletadas em uma escala maior, que garanta viabilidade técnica e econômica para essa atividade”, explica Iru Magalhães.

O professor destaca que, além das questões ambientais e socioeconômicas do projeto, a experiência tem garantido um rico aprendizado para os estudantes da Unidade Educacional de Penedo. “Dentro do projeto, já foram orientados quatro Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) e uma dissertação de Mestrado, É também uma experiência prática importante para os estudantes de graduação e pós-graduação de Engenharia de Pesca”, conclui o professor.