STF recebe pedido de impeachment de Paulo Guedes
Pedido nasce de articulação que reúne mais de 200 organizações
O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu, nesta quinta-feira (7), um pedido de impeachment de Paulo Guedes. O pedido é fruto de uma articulação que reúne mais de 200 organizações, que alegam crime de responsabilidade durante a gestão da pandemia de Covid-19.
O documento foi elaborado pela Coalizão Direitos Valem Mais. Segundo o grupo, constam como crimes de Guedes “não prever no Orçamento de 2021 despesas para o enfrentamento da Covid-19, suspender o auxílio emergencial no acirramento da pandemia e fomentar a pobreza no país”.
A coalizão solicita ainda a intimação da PGR (Procuradoria-Geral da República) “para ciência e manifestação quanto à proposta de representação e abertura de inquérito de apuração por crime de responsabilidade contra o ministro”.
Essa organização também foi responsável por uma denúncia contra o ministro realizada em setembro deste ano, durante audiência pública da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos.
“Paulo Guedes agiu deliberadamente para que não houvesse recurso no enfrentamento à pandemia de Covid-19 em 2021. Seja para perseguir uma pretensa tese de imunidade de rebanho, seja por acreditar que a pandemia acabaria repentinamente no país”, avalia Denise Carreira, uma das porta-vozes da Coalizão Direitos Valem Mais, Plataforma Dhesca e Ação Educativa.
“Os fatos mostram que o ministro da Economia agiu deliberada e ativamente para impedir que o Estado brasileiro tivesse condição de reagir, através de políticas públicas, aos desafios impostos pela pandemia”, finaliza Denise.
Offshore
O pedido de impeachment ocorre em um momento em que o representante da Economia no governo federal está no centro das polêmicas das offshores. Segundo denúncias recentes da Pandora Papers, investigação jornalística de diversos veículos, Guedes tem investimentos de US$ 9,5 milhões em um paraíso fiscal.
A desvalorização do real durante o comando de Guedes na pasta da Economia fez com que o patrimônio dele fora do Brasil, que equivalia a R$ 35 milhões em agosto de 2015, hoje seja calculado em mais de R$ 51 milhões, um lucro estimado de R$ 14 mil por dia desde que passou a ocupar o cargo de ministro.