Turismo

Casas viram empreendimentos e Maragogi vive êxodo à beira mar

Orla Marítima da Praia de Maragogi é o principal palco da transformação social

Por Maurício Silva 09/08/2024 08h08 - Atualizado em 09/08/2024 11h11
Casas viram empreendimentos e Maragogi vive êxodo à beira mar
Casas de moradia na Avenida Senador Rui Palmeira praticamente sumiram - Foto: Isac Silva / 7Segundos

O que era o lar doce lar transformou-se num negócio lucrativo e o turístico município de Maragogi tem passado por uma transformação urbana com casas virando empreendimentos e vivendo um êxodo (saída) à beira mar. A região da orla marítima da Praia de Maragogi (avenida Senador Rui Palmeira e adjacências) é o principal palco dessa mudança social.

Maragogi é considerado o Caribe Brasileiro e o boom do turismo na cidade do Litoral Norte de Alagoas começou na Praia de Maragogi, que é a estrela da Costa dos Corais, e é nessa região da orla marítima que o êxodo à beira mar se tornou muito visível com casas se transformando em hotéis, pousadas, restaurantes, receptivos, bares e outros empreendimentos. O êxodo de moradias também tem atingindo as praias de Barra Grande, Peroba e São Bento.

Boom do turismo em Maragogi começou na Praia de Maragogi e houve o êxodo à beira mar. Foto: Sérgio Alcântara

O corretor de imóveis Elanjane Fideles disse que a transformação social criou-se quando os moradores entenderam a vocação turística de Maragogi. “O exemplo da nossa orla marítima (avenida Senador Rui Palmeira) hoje você observa e não tem muitas pessoas habitando, morando. Acredito que hoje moradia na orla de Maragogi você vai encontrar pouquíssimas. Essa parte beira mar era toda completa de residências, era a parte residencial e ela toda está se transformando em comercial. Você observa a rua posterior à beira mar, ela também hoje já é totalmente comercial”, frisou.

Com o crescimento do turismo, os moradores das residências que tinham na região do êxodo, acabaram migrando para outras localidades. “Essas famílias estão migrando para os povoados: Barra Grande, Peroba, Antunes, São Bento, estão indo até para cidades vizinhas tipo Japaratinga. Têm muitas pessoas que moravam em Maragogi (Centro), principalmente nas ruas principais da cidade, que hoje não habitam mais em Maragogi, estão morando em Japaratinga, estão morando em outras localidades”, salientou o corretor.

Casas se transformam em empreendimentos e moradores vão para outros lugares. Foto: Isac Silva

Fideles contou que para o morador, tornou-se mais interessante transformar o imóvel em um negócio. “A vocação turística ela impulsiona também a parte do comércio local. Então automaticamente quem tem uma casa hoje, ela é de moradia, fica mais lucrativo ele fazer a locação em um outro ambiente para morar e transformar essa casa em um local de comércio: ou transformar em uma pousada, num restaurante, numa loja e isso está acontecendo com muita frequência, ou seja, em uma velocidade muito forte”, disse.

Sete anos de velocidade

Elanjane Fideles ressaltou que o êxodo começou a ser muito mais forte nos últimos anos. “Em sete anos esse êxodo veio com uma velocidade bem maior. Eu lembro-me que em um certo período eu estava conversando com o prefeito Sérgio Lira e nessa conversa eu tratava sobre essa parte urbana do município, dessa mudança e dessa migração de pessoas da parte central para outros bairros e ele falou pra mim naquele momento: ‘você vai encontrar Maragogi (região central urbana) no futuro toda a cidade como um shopping a céu aberto’. E eu acho que é o que está acontecendo. Ele estava falando lá atrás o que está acontecendo hoje”.

Praia de Maragogi é o principal palco do êxodo à beira mar. Foto: Sérgio Alcântara

Fator Positivo

O corretor afirmou que o êxodo à beira mar está sendo muito positivo economicamente para a cidade litorânea. “É uma coisa boa porque cada casa que é transformada em um comércio são mais famílias que tem mais acesso, são mais empreendedores que surgem dentro de uma cidade e essa cidade ela torna-se mais próspera. Isso é muito bom!”, destacou.

Povoados

Fideles afirmou que o êxodo à beira mar não se restringiu apenas a região da Praia de Maragogi. “Isso também está acontecendo em São Bento, isso também está acontecendo em Barra Grande. Há sete anos passados, Barra Grande só tinha dois restaurantes à beira mar. Hoje você vai à Barra Grande e tem uma média de 12 receptivos. Barra Grande hoje é exemplo disso e São Bento é exemplo disso”, contou.

Rua Luiz Holanda (Centro) também sofre com o êxodo. Foto: Isac Silva

“Na região da Praia de Antunes tinha casas de moradia e hoje não tem mais. Tudo que você ver em Antunes e região naquele sentido até chegar à Peroba, são pousadas, restaurantes, receptivos e então isso vai continuar por todo Maragogi”, assegurou o corretor.

Bairro Planejado

Elanjane Fideles frisou que o bairro planejado que Maragogi vai ganhar será fundamental para esse êxodo. “Esse loteamento que está nascendo às margens da rodovia, é um loteamento que vai ter uma média de 1.600 lotes e 70% do cadastro que está sendo feito são pessoas de Maragogi e são pessoas dessas localidades, desses ambientes: da orla, próximo à orla, ruas próximas à beira mar. Isso vai continuar acontecendo porque eles vão transformando esse imóveis que eles já tem em parte comercial e vão estar migrando para essas áreas que hoje que vão iniciar já planejadas”, finalizou.

Elanjane Fideles ressaltou que a tendência é o êxodo à beira mar se intensificar. Foto: Isac Silva