Religião

Candomblé: jovens adeptos da religião sofrem preconceito em Palmeira dos Índios

Muitos preferem esconder a religião por medo da discriminação

Por 7segundos 04/03/2022 16h04 - Atualizado em 04/03/2022 17h05
Candomblé: jovens adeptos da religião sofrem preconceito em Palmeira dos Índios
Enilson de Oxós tem 21 anos e é adepto da Umbanda. - Foto: Weverton Bruno

Candomblé e Umbanda são práticas religiosas trazidas ao Brasil através de escravos africanos. Apesar de ter nascido na Bahia no século XIX, há praticantes no país todo, inclusive muitos jovens em Palmeira dos Índios. O número tem crescido consideravelmente nos últimos anos, mas ainda enfrenta preconceito e banalização.

Muitos jovens são adeptos à religião afro-brasileira Umbanda, cultuam e têm seus orixás, mas preferem ocultar e se esconder devido a discriminação, com medo de represálias, olhares tortos ou até mesmo medo de sofrer agressões.

Morador de Palmeira há quatro anos, Enilson de Oxós, de 21 anos, mais conhecido como Ruan fala sobre a prática do candomblé, como foi apresentado a religião e o preconceito enfrentado por quem não conhece o ritual religioso. "Convivi desde muito novo com o candomblé, através de uma tia que era orixá. Já fui coroinha da igreja católica, já fui evangélico, participei também da igreja Presbiteriana e em todas elas, não me encontrei. Até que um amigo chamado Manoel me apresentou a religião afro-brasileira, a umbanda. Lá eu me envolvi e até hoje sou adepto, fui bem recebido e gostei. A intolerância religiosa prejudica muito, por que tem pessoas que não tem essa fé suficiente na sua religião e tem medo da opressão, do apontamento de dedos e da pressão psicológica", ressaltou Ruan.

Confundida diversas vezes com macumba, satanismo ou bruxaria, é preciso explicar para as pessoas o verdadeiro significado da religião. "Primeiramente e acima de tudo, acreditamos em Deus. A Umbanda e o candomblé, são duas culturas distintas, ambas cultuam a natureza. A umbanda celebra os pretos velhos que viviam nas senzalas, já o candomblé tem matrizes africanas que trazem os orixás, guias e figuras representadas por figuras da natureza, a maldade está no coração das pessoas”, finaliza Ruan.

Para saber como as religiões de matrizes africanas se consolidaram no Brasil, precisamos saber como os africanos chegaram ao Brasil. Com o auxilio do professor Luan Moraes, professor de história, podemos entender melhor como isso aconteceu. "Lá no século XVl, a mão de obra indígena foi substituída pelos escravos africanos, essa migração gerou muito lucro aos portugueses, além disso trouxeram também riquezas culturais e religiosas, quando implantada no Brasil, esses hábitos religiosos ganharam contornos próprios", explicou o historiador.

Em relação ao preconceito e demonização da prática, ele disse que isso acontece por causa dos rituais praticados, como exemplo, as oferendas. Popularmente conhecidas como despachos. "Será que o preconceito não nos deixa perceber a riqueza cultural desses povos?", completou Luan.