Cosme Rogério
Saiba quem é Viera de Brito
Quando se fala em “Vieira de Brito”, em Palmeira dos Índios praticamente todo mundo imagina a avenida homônima que serve de saída para Arapiraca. Mas quem foi esse cidadão que emprestou seu nome a uma das mais conhecidas artérias da cidade? Para conhecer um pouco dessa misteriosa personagem da história palmeirense, precisamos retroceder cem anos, quando deu a febre do rato em Palmeira dos Índios. Refiro-me literalmente ao surto de peste bubônica que dizimou a população e superlotou o cemitério público (um problema secular, como se apreende).
Em plena seca de 1915, a cidade mantinha-se como o polo de desenvolvimento econômico do interior de Alagoas. O algodão ainda era a principal riqueza produzida nas roças, e o comércio angariava mais força também no tocante à representação política. Para suceder a Luiz Pinto de Andrade na Intendência Municipal (era assim que era chamada a prefeitura) foi eleito o boticário Tobias Costa, que anteriormente fora presidente do conselho municipal (câmara de vereadores).
O tesoureiro municipal era o major José Vieira de Brito. Em julho do ano seguinte, o intendente suspeitou de irregularidades na tesouraria, e nomeou uma comissão para analisar a escrituração contábil. Ora, dos 945$770 (novecentos e quarenta e cinco mil, setecentos e setenta réis) que deveriam existir em caixa, só havia 210$000 (duzentos e dez mil reis). O desfalque no tesouro municipal, portanto, era de 735$770 (setecentos e trinta e cinco mil, setecentos e setenta réis). Tobias Costa deu a Vieira de Brito o prazo de vinte e quatro horas para que e importância fosse devolvida aos cofres públicos. A quantia desviada não foi devolvida, e o ex-conselheiro municipal Vieira de Brito foi exonerado no dia seguinte, sendo nomeado para o cargo Cícero da Silva Pereira, sendo este, a pedido, substituído por José Marques da Silva.
As relações de Tobias Costa com o governo do Estado não eram boas. Tanto que o intendente de Palmeira dos Índios sentiu-se tão ofendido por não ter sido recebido em audiência com o governador Batista Acioli para tratar da crise estabelecida com o surto de peste bubônica que renunciou ao mandato, faltando pouco mais de um mês para deixar o cargo. Os vereadores Tertuliano de Góis Canuto, Francisco da Rocha Holanda Cavalcante, Manoel Rocha Barros, José Caetano de Moraes Filho, Colimério Euzébio da Silva Pereira, Capitulino José Vasconcelos e Antônio Simplício Damasceno, fieis a Tobias Costa, seguiram o exemplo do farmacêutico.
Estando vacantes os cargos executivos e legislativos do município, em razão da renúncia coletiva, o governador nomeou, em 10 de dezembro de 1916, uma junta administrativa composta pelos coroneis Francisco Cavalcante, Leopoldo da Costa Duarte, Sebastião Ramos de Oliveira (pai de Graciliano Ramos), Pedro Soares da Mota, Manoel da Rocha Barros, José Francisco Ferro, Francisco Joaquim do Espírito Santo Moura e... José Vieira de Brito.
Essa junta, presidida por Chico Cavalcante, respondeu pela administração do município até o dia 7 de janeiro de 1917. Mesmo que tenha sido por menos de um mês, foi tempo suficiente para que Tobias Costa se sentisse ainda mais desprestigiado politicamente, já que a junta tinha sido composta por algumas pessoas que era suas inimigas, como o velho Vieira de Brito, que descaradamente desviou recursos do erário público municipal palmeirense, não respondeu pela improbidade e terminou imortalizado em nome de grande avenida.
Sobre o blog
Licenciado em Filosofia (FACESTA), mestrando em Sociologia (PPGS-UFAL), foi coordenador administrativo de núcleo regional da Secretaria Executiva de Economia Solidária, Trabalho e Renda de Alagoas (SERT), secretário Municipal de Cultura, Turismo e Esporte de Palmeira dos Índios, diretor da Casa Museu Graciliano Ramos e conselheiro do Fórum Estadual de Turismo de Alagoas (FORETUR-AL). Lecionou na Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL - Campus III) e na Faculdade São Tomás de Aquino (FACESTA). Atualmente, é professor da rede pública de ensino do Estado de Alagoas, comunicador, ator e produtor cultural.Arquivos
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