Rodrigo Cunha

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Rodrigo Cunha

O custo da impunidade

26/10/2017 11h11
O custo da impunidade
O nosso Congresso Nacional passou por mais um capítulo de uma novela de mau gosto que cidadão brasileiro nenhum pediu para assistir. Pela segunda vez, os deputados tiveram que decidir o futuro da denúncia ao Presidente Michel Temer, acusado – desta vez – de integrar uma organização criminosa e de tentativa de obstrução de Justiça.
 
Primeiro presidente da história do nosso país a ser denunciado por crimes comuns, a denúncia avaliada acusa Temer de integrar uma organização criminosa que atuava na Câmara dos Deputados e que, em troca de favores políticos, recebia propinas de empresários. Temer responde, ainda, por tentar comprar o silencio dos ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Segundo a Procuradoria-Geral da República, somente o PMDB, partido do Presidente da República, teria recebido – nos últimos anos – propina no valor de R$ 587 milhões.
 
Mais uma vez, o presidente em exercício utiliza-se de uma receita da antiga e má política, usando de seu poder de influenciar para comprar parlamentares. Como uma feira, cada parlamentar vende-se em um verdadeiro leilão da corrupção, não parecendo ter qualquer vergonha ou receio da opinião pública. Fala-se que as negociações do presidente para garantir que essa segunda denúncia seja barrada pelos deputados envolveram pelo menos R$ 12 bilhões.
 
O fato dessas situações parecerem ter virado rotina na política brasileira, nos leva a reavaliar a nossa situação. É claro e evidente o tamanho do abismo que distancia a realidade diária da população brasileira, que enfrenta mil leões por dia para garantir o ganha pão, da realidade dos privilégios e cifras milionárias que sustentam os grandes prédios do Esplanada em Brasília.
 
A falta de uma educação política eficiente, leva a população brasileira a tardar em encarar de maneira contundente os custos da corrupção em nosso país, que nos leva a caminhar a mais de 500 anos a passos muito lentos a caminho do desenvolvimento social e econômico.
 
A denúncia, com indícios robustos de ilicitude encontrados pelo MPF e PF, não pode ser considerada palco para discussões entre gregos e troianos, esquerdistas e direitistas, vermelhos e azuis. Elucidar os fatos, garantindo-se a ampla defesa e o contraditório, é o único caminho possível a evitar o clima de impunidade imposto ao país.
 
Não podemos deixar que o que acontece hoje em nosso Congresso Nacional continue sendo a nossa rotina.

Sobre o blog

Natural de Arapiraca-AL, é graduado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e pós-graduado em Gestão Estratégica Empresarial, pelo Instituto Superior de Línguas e Administração, em Lisboa, Portugal e em Direito do Consumidor pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp). Foi superintendente do Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/AL).

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