Na medida em que o final da janela partidária vai chegando, o clima vai esquentando entre as duas principais lideranças políticas do estado – o deputado Arthur Lira e o governador Renan Filho. Não dá para dizer quem atirou primeiro, mas o panorama de momento é que há um tiroteio (político) generalizado de ambas as partes.

Em 19 de fevereiro, em Palmeira dos Índios, Lira acusou Renan Filho de promover uma reunião ilegal para distribuição dos royalties do saneamento, sem sequer decisão do STF a respeito. Renan acusou o golpe, e uma semana depois, em Arapiraca, afirmou ao Blog Bastidores que Arthur não “sabia de nada” do que falava.

Ato contínuo, ao saber do apoio discreto de Marcelo Victor ao governador, Arthur tratou de cortar relações com MV, arrumando um problemão para o presidente da assembleia – bancar a candidatura de Paulo Dantas ao governo tampão sem o seu apoio e sem a UB, maior (e mais rico) partido do país.

Na última sexta-feira (11), Renan deu a devida resposta a Lira – a quem insinuou não estar cumprindo os compromissos políticos assumidos com Marcelo Victor. O governador também antecipou – talvez sem querer, ou não – uma estratégia que será usada pelo emedebista na campanha: colar na imagem de Arthur a reprovação do governo Bolsonaro.

“Eu falo a verdade e eu cumpro compromisso, é assim que eu sou. [Arthur Lira] gosta de fugir do compromisso, arruma argumento pra não cumprir. Eu espero que ele cumpra os compromissos dele, sinceramente”, disse Renan ao ser indagado sobre o apoio do presidente da câmara a Paulo Dantas.

Em outro momento, o governador joga para Lira a conta da impopularidade do governo Bolsonaro. “[A aliança com Bolsonaro] não está na cabeça das pessoas, mas eu vou contar pra elas, porque os sujeitos escondem que eles são bolsonaristas a favor do orçamento secreto, a favor de coisas que nós não tocamos aqui, mas nós vamos contar na campanha”, afirmou.

“Era bom o Arthur falar quais são os investimentos que ele tá trazendo para Alagoas, eu nunca vi. O que eu vejo é parar o canal do sertão porque o Bolsonaro não bota dinheiro, o buraco na BR-101 lá em São Miguel dos Campos que eles não fecham, a BR-101 em 30 anos não termina [as obras]... eu termino as minhas obras”, completou.

A ironia? Ao lado dele nesta entrevista, estava Paulo Dantas, candidato ao governo tampão, lançado justamente pelo consórcio Marcelo Victor – Arthur Lira.

A política – principalmente aqui nas Alagoas – não é para amadores. São mais três semanas para o fechamento da janela.