Thiago Abel
DIA DO DIRETOR ESCOLAR - EDUCAÇÃO E LIDERANÇA FEMININA
Entre o desafio e a inspiração, duas trajetórias que simbolizam a resistência e o amor pela educação em Alagoas.
Ser diretora de escola é um ato de coragem diária. É escolher, todos os dias, acreditar na educação mesmo quando o mundo parece desacreditar. No comando das escolas, estão pessoas que fazem da liderança uma ponte entre sonhos e realidades, entre o ensinar e o aprender. E quando essa liderança tem rosto de mulher, o desafio ganha outras dimensões — porque ser mulher e dirigir uma escola no Brasil ainda é um exercício de resistência e superação.
Em Arapiraca, o nome Lusineide é sinônimo de excelência e compromisso. À frente do Colégio Santa Esmeralda, o tradicional “Cebase”, ela lidera uma instituição que se tornou referência em ensino, figurando há mais de uma década entre as melhores escolas do estado de Alagoas no ranking do Enem. Com quase mil alunos, Lusineide conduz não apenas uma equipe, mas um propósito: formar cidadãos capazes de transformar o mundo.
Em conversa comigo, ela reflete sobre os desafios do cargo e as expectativas da sociedade em torno da escola e de quem a dirige:
“É isso Tiago, como diretora encontramos vários desafios, e um deles é que as pessoas acham que escola é um depósito de deixar criança. Quando não fazemos o que querem, os pais acham que a escola não presta mais. Eu acredito na educação que faz a diferença no mundo inteiro, mas é um desafio, porque as pessoas não sabem mais se colocar no lugar do outro, não acreditam mais na escola. Acham que pagar já é educar. A educação transforma a vida de todo mundo — é nela que a gente aprende a respeitar o próximo, a escrever as primeiras letras e a compreender o mundo.”
O desabafo de Lusineide revela uma verdade dura: ainda vivemos tempos em que educar é confundido com “cuidar”, e em que a escola é vista, por muitos, como um serviço e não como uma missão coletiva. E é nessa fronteira — entre a cobrança e o cuidado, entre o financeiro e o humano — que a mulher gestora precisa se reinventar, equilibrando firmeza e empatia, liderança e escuta.
Já em outra realidade, longe dos centros urbanos, o trabalho da diretora Maria Augusta também é símbolo de força e compromisso. À frente da Escola Municipal José Pedro Neto, localizada na zona rural de Minador do Negrão, Augusta lidera uma comunidade escolar que atende turmas do 1º ao 5º ano, além da EJA (Educação de Jovens e Adultos). São 127 alunos do ensino fundamental e 87 da EJA, em tempo integral, aprendendo e crescendo em um espaço que pulsa o verdadeiro sentido da escola pública.
Ela conta que ser gestora em uma escola rural é um desafio diário:
“O principal desafio é garantir uma educação de qualidade aos alunos. Também é difícil manter o envolvimento das famílias, que muitas vezes têm rotinas de trabalho no campo e pouco tempo para participar da vida escolar. É preciso conciliar a parte administrativa com o acompanhamento pedagógico, apoiar os professores, motivar a equipe e atender cada aluno nas suas necessidades. É ser gestora, líder, conselheira e mediadora — tudo ao mesmo tempo.
Acredito que a educação pública tem avançado, embora ainda haja muitos desafios. Nos últimos anos, observam-se políticas de alfabetização, inclusão digital e valorização docente que trouxeram melhorias, especialmente na formação continuada dos profissionais e na ampliação do acesso à escola. No entanto, há uma desigualdade regional que precisa ser enfrentada: enquanto algumas redes avançam rapidamente, outras, especialmente em áreas rurais, ainda lutam por condições básicas.
Portanto, vejo que a educação pública não estagnou, mas avança em ritmos diferentes. É preciso continuidade nas políticas educacionais e compromisso coletivo para que o avanço chegue a todos os lugares do país.”
Em cada palavra de Augusta há o retrato da escola pública que resiste — aquela que não se curva às limitações, mas as enfrenta com criatividade e humanidade.
E é curioso perceber como realidades tão diferentes — o colégio da cidade e a escola simples do campo — se encontram na mesma missão: fazer da educação uma ferramenta de transformação social.
Neste Dia do Diretor Escolar, é preciso reconhecer o quanto essas lideranças femininas simbolizam o verdadeiro papel da educação: o de transformar vidas mesmo quando os recursos são poucos, o tempo é curto e o reconhecimento demora a chegar.
Dirigir uma escola é mais do que administrar. É cuidar de pessoas, inspirar futuros e acreditar que o conhecimento ainda é o caminho.
Sobre o blog
✨ Thiago Abel Pantaleão Ferreira Bem
Professor pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) e pós-graduado em Psicopedagogia pelo IESC, Thiago Abel é mais do que um educador: é um contador de histórias reais da sala de aula.
Com uma trajetória construída entre a rede privada e o ensino público estadual, acredita que a educação é o espaço onde o conhecimento encontra sentido e transforma vidas.
Comunicador por essência, leva para o blog reflexões sobre aprendizagem, juventude e os desafios do mundo contemporâneo, traduzindo temas complexos de forma leve, atual e profundamente humana.
Para Thiago Abel, ensinar é um ato de esperança — e comunicar é o caminho para que mais pessoas acreditem que a educação ainda pode mudar o mundo. 🌍✏️
Arquivos
Últimas notícias
Homem é condenado a mais de 27 anos por matar vítima que tentou impedir tráfico de drogas
Intervenção emergencial: BRK realiza reparo de vazamento de grande porte no Feitosa
Câmara de Maceió concede moção de aplauso para guardas municipais
Caio Bebeto critica MST e protagoniza embate em sessão da Câmara
Suspeito de matar homem a pauladas é preso poucas horas após o crime em União dos Palmares
