Como o cinema pernambucano se tornou um dos mais respeitados do mundo
Um dos mais premiados do Brasil, o cinema pernambucano é fruto de uma classe artística que resiste e de políticas públicas que funcionam

O cinema de Pernambuco é hoje um dos mais premiados e respeitados do Brasil. O reconhecimento internacional é fruto de um processo longo, que envolveu políticas públicas e uma forte articulação da classe artística. Ao contrário do que muitos pensam, não foi um único filme ou diretor que transformou esse cenário.
Para ele, os fatores históricos, artísticos, culturais, sociais e políticos agiram em conjunto até criar as condições ideais para a explosão do cinema local. “O momento de virada foi justamente quando a união desse conjunto de fatores deu suporte necessário para a existência desses filmes”, afirma.
A história do audiovisual em Pernambuco tem mais de cem anos. O estado foi palco de iniciativas pioneiras e de uma intensa movimentação cultural que, segundo Diego, se organizou ao longo das últimas décadas.
“A existência de uma política pública de investimento no audiovisual como política de Estado foi fundamental. Isso permitiu a formação de uma cadeia de profissionais altamente especializados no setor”, diz.
Cinema de tradição
Com o tempo, a região passou a revelar cineastas com linguagem própria e forte identidade autoral. Filmes como Aquarius, Bacurau, O Som ao R
edor e Amarelo Manga chamaram atenção da crítica mundial. Mas o talento, por si só, não bastaria: “Apenas talento não se sustenta se não existir políticas públicas e mecanismos que permitam e financiem esses projetos”.
Outro ponto essencial foi a atuação jurídica. Diego acompanha o setor como advogado há mais de vinte anos e esteve à frente de projetos como Retratos Fantasmas, Fim de Festa, O Último Azul e O Agente Secreto.
Ele destaca que “nos momentos mais difíceis, como o vivenciado com os ataques ao setor durante o governo Bolsonaro, a atuação jurídica foi fundamental para proteger o ecossistema e barrar o desmonte de políticas públicas”.
Pernambuco foi o primeiro estado brasileiro a instituir uma lei específica para o audiovisual. Isso aconteceu durante o governo de Eduardo Campos, que, segundo Diego, teve uma visão estratégica.
A obra de Diego reúne depoimentos de cineastas e produtores que ajudaram a construir esse caminho. Diego identifica uma característica comum entre todos eles. “A marca registrada do cinema pernambucano é a resistência, persistência e pioneirismo”, afirma.
O escritor reforça que a organização da classe e a cobrança por políticas públicas foram decisivas para garantir acesso a recursos e reconhecimento internacional.
Pernambuco para o mundo
O momento atual é de celebração. Em 2025, O Último Azul, de Gabriel Mascaro, protagonizado por Rodrigo Santoro e Denise Weinberg, ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim. O filme será o responsável por abrir o Festival de Gramado este ano e também venceu prêmios em Guadalajara.
Já O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, estrelado por Wagner Moura, levou o frevo ao tapete vermelho de Cannes e conquistou os prêmios de Melhor Direção e Melhor Ator para Wagner Moura.
“Gabriel Mascaro é um diretor sensível e profundo. Com uma profundidade artística ímpar, ele é considerado um dos cineastas mais talentosos do cinema pernambucano e brasileiro”, afirma Diego. Sobre Kleber, ele também não economiza elogios. “Tal qual o maracatu, Kleber é ponta de lança. Hoje, é apontado como um dos mais incríveis diretores de Pernambuco, do Brasil e do mundo”.
Diego acredita que esses dois filmes representam um novo patamar. “Ambos trazem uma maturidade cinematográfica e têm potencial enorme para ganhar ainda mais prêmios. Representam o ponto culminante da potência do cinema pernambucano”, diz.
Para o autor, investir em cinema é também investir no país, já que além de gerar empregos, renda, dignidade e entretenimento, é altamente estratégico. “O cinema é um patrimônio cultural e um ativo fantástico para projetar um país no mundo”, garante.
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