Brasil

Acusado de matar juíza iria preparar comunidade para receber UPP, diz ex-comandante da PM

 Mário Sérgio Duarte disse que Cláudio Luiz de Oliveira tinha transferência marcada

Por R7 11/11/2011 14h02

Em depoimento na audiência de instrução e julgamento dos 11 acusados de matar a juíza Patricia Acioli, o ex-comandante da Polícia Militar do Rio coronel Mário Sérgio Duarte, afirmou que um dos trabalhos do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, acusado de participar do esquema para matar a magistrada, era preparar junto com o Bope (Batalhão de Operações Especiais) a ocupação do Conjunto de Favelas da Maré para a implantação de uma UPP (Unidade de Policia Pacificadora), ainda sem data para ser instalada.

Duarte afirmou que a transferência do tenente-coronel do Batalhão de São Gonçalo para a unidade da Maré já estava definida antes mesmo de a juíza ser morta.

Nesta sexta, também prestou depoimento do delegado da Polícia Federal Victor Cesar Carvalho. Ele que o tenente Benitez, acusado de ser o principal articulador da morte da juíza, tentou armar um plano para incriminar outro PM do batalhão de São Gonçalo pela morte da magistrada. A ideia era assassinar o policial, que também tinha auto de resistência em sua ficha criminal (morte durante confronto com a polícia) e, depois que ele estivesse morto, colocar a arma usada para matar a magistrada na cintura dele, fazendo com que ele passasse a ser o principal suspeito do crime.

Um dia após a morte de Patrícia, Benitez teria se encontrado com dois integrantes de uma milícia do Morro São José Operário, na Praça Seca, em Jacarepaguá. Lá, ele teria entregado as armas usadas no crime. Isso explica o motivo de o plano ter falhado, já que no dia 14 de outubro, a Polícia Federal anunciou que apreendeu uma das armas usadas no crime na comunidade da zona oeste.

Os dois milicianos levaram a arma para o morro São José e as teriam escondido em um cômodo com aspecto de abandonado.

Depois de ter sido preso, Benitez teria feito contato com um PM identificado como Cabo Ribeiro - e que seria chefe da segurança do jogador do Flamengo Ronaldinho Gaúcho - para colocar o plano em ação. O PM que seria assassinado não foi identificado.

As audiências de instrução e julgamento dos acusados de matar a juíza Patrícia Acioli começaram na quarta-feira (9), quando sete pessoas foram ouvidas. A sessão que estava marcada para quinta-feira (10) foi cancelada, devido ao decreto de ponto facultativo decretado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral.

Cerca de 130 testemunhas de defesa serão ouvidas entre os dias 16, 17 e 18 de novembro.