Alagoas

Corpos sepultados como indigentes são identificados pelo IML

Primeiro lote de exames foi feito junto com o laboratório de DNA Forense da UFAL 

04/03/2013 14h02
Corpos sepultados como indigentes são identificados pelo IML
Uma cova identificada apenas por uma numeração na cruz e com a data de sepultamento no cemitério municipal foi o destino de corpos não identificados que deram entrada nos Institutos Médicos Legais de Maceió e Arapiraca. A ansiedade e agonia de algumas famílias que reclamavam o direito a esses corpos foram encerradas na manhã de hoje, 04, com a entrega dos resultados dos exames de DNA.



Os laudos emitidos foram entregues em mãos pelo Dr. Luiz Antônio Ferreira da Silva, chefe do laboratório de DNA Forense da Universidade Federal de Alagoas ao diretor geral da Perícia Oficial do Estado, João Alfredo e fazem parte do contrato firmado entre os órgãos para uma série de tipos exames. Nesse primeiro lote foram priorizados exames referentes aos anos de 2011 e 2012.



“Recebemos hoje o resultado de trinta exames, sendo vinte de identificação de cadáver solicitado pelas unidades dos IML’s alagoanos e dez exames de material coletado em locais de crimes solicitados pelo Instituto de Criminalística. Mas tanto os IML’s como o IC estão trabalhando para enviar novas remessas referentes ainda ao ano de 2012 e 2013. A intenção nossa é zerar o passivo” afirmou João Alfredo.



Segundo o Dr. Luiz Antônio Ferreira da Silva, chefe do laboratório, o exame consistiu em comparar o DNA extraído de elementos dentários e ossos de vítimas desconhecidas com fragmentos biológicos recolhidos em supostos parentes de primeiro grau, ou seja, pais e filhos. Desse total, 14 corpos foram identificados, 01 deu negativo com a exclusão de identidade, e 05 laudos ficaram com os resultados armazenados no banco de dados de pessoas desaparecidas para posteriores confrontos com outras famílias.



“Está sendo uma satisfação grande esta parceria e o resultado apresentado logo no seu início. Iremos manter a dinâmica e o esforço coletivo para continuar os exames e ampliar o banco de dados de identificação de pessoas desaparecidas, pois os que não foram identificados poderão no futuro ser cruzado com o perfil genético de outras famílias que tenham um parente desaparecido”, afirmou o professor.



O banco de dados de pessoas desaparecidas é formado por amostras de perfil genético de cadáveres, ossadas e material biológico e com amostras de familiares de pessoas desaparecidas. Quando se tem uma suspeita o sistema realizada uma varredura fazendo uma comparação entre os perfis até encontrar ou descartar o parentesco.



Para os técnicos forenses Avelar da Costa e Eduardo Bittencourt do IML que atuam respectivamente nos IML’s de Maceió de Arapiraca fazendo a coleta nas vítimas e nos familiares, o resultado do exame tem também o seu papel social. Eles orientam que quem tenha um parente desaparecido e que suspeita que ele possa ter dado entrada no IML procure a unidade mais próxima para fornecer o material genético para a realização do exame.



“No acompanhamento de vários casos onde a vítima não está identificada oficialmente, observamos que muitas dessas famílias, além do drama pessoal de perder um parente, passam por sérias dificuldades sociais e perdas financeiras. Até filhos deixam de ser registrados por falta da identificação. Com o resultado do exame de DNA o médico legista irá emitir um laudo complementar identificando a vítima, e o atestado de óbito, mudando completamente a realidade destas famílias que conseguem, por exemplo, receber salários atrasados, benefícios do governo como aposentadoria e realizar um sepultamento digno para o familiar morto“, afirmou Bittencourt.



Exame de DNA de locais de crime



Nos casos dos exames de locais de crime solicitados pelo Instituto de Criminalística, a maioria é relacionada a estupros. Para a perita criminal Rosana Coutinho Freire Silva, gestora do contrato que permitiu os exames, os resultados possibilitam a identificação dos suspeitos e a sua acusação por parte das autoridades.



Entre os exames entregues hoje ela destacou dois casos. Em ambos foram analisadas shorts, vestidos e calcinhas das vítimas, onde se encontrou material genético do acusado de cometer o crime que foi cruzado com o material doado espontaneamente pelo suspeito. Nos dois casos, o exame de DNA deu positivo e o suspeito passará a ser acusado e responderá judicialmente pelo crime com a comprovação da prova técnica.