Atendimento de autistas aumenta com apoio do Grupo Coringa
O Centro de reabilitação e reintegração de crianças com autismo (Trate) começou suas atividades em 2011 e é o primeiro espaço público no Brasil que atende exclusivamente crianças autistas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Idealizado pelas psicólogas Ana Paula Rios e Luana de Freitas, o local atende 60 crianças entre 0 e 14 anos e 117 famílias com crianças autistas.
O sonho das duas psicólogas era poder dar um tratamento adequado para estas crianças que até 2010 eram atendidas no CEMFRA (Centro de Medicina Física e Reabilitação de Arapiraca). “O Autismo não é uma deficiência física, sabíamos que precisava de local especializado e merecia uma atenção e cuidado especial. Os avanços só acontecem com um acompanhamento interdisciplinar envolvendo psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Não tínhamos estes profissionais e estas condições no CEMFRA” Explicou a Neuropsicóloga Ana Paula.
Depois de muita luta, as psicólogas com a ajuda da então Secretária de Saúde da época, Aurélia Fernandes, e algumas empresas como a Concrenorte conseguiram abrir o primeiro e único Centro de reabilitação e reintegração de crianças com autismo. O autismo é uma disfunção cerebral que se reflete no desenvolvimento global e que afeta a capacidade de comunicação, a socialização e o comportamento adequado ao ambiente. Entre muitas características estão a agressividade, resistência ao contato físico e hiperatividade. Estas características podem variar de intensidade de acordo com o grau da síndrome. Sendo diagnosticado, a família inscreve a criança em uma lista de espera e participa das reuniões de pais semanalmente juntamente com os profissionais da instituição. Um dos critérios fundamentais para que a criança tenha atendimento no Trate, é a participação dos pais nos grupos e engajamento da família no tratamento.
“O diferencial do Trate é concretizar um SUS que foi idealizado, com um atendimento humanizado. O serviço é do usuário. Reabilitamos famílias e elas se sentem responsáveis pelo bem estar dos serviços. O usuário preserva, cuida, porque sabe que é patrimônio deles. Nosso maior ganho é fazer essas famílias sentirem-se potentes e capazes de participar do processo de reabilitação de seus filhos, eles saem do papel de paciente para agentes transformadores.” Explicou Ana Paula que teve sua vida transformada após seu envolvimento na causa.
O Grupo Coringa ajudou na ampliação do Trate permitindo que mais 20 crianças da lista de espera pudessem ter tratamento apropriado. A instituição que atendia com quatro salas, ganhou mais três recintos que melhoraram as condições de atendimento. Uma sala de fonoaudiologia, uma de fisioterapia e terapia ocupacional e por último a de avaliação neuropsicológica.
Ricardo Miranda, de 37 anos e pai de uma menina autista com 4 anos, largou o emprego que tinha em uma revendedora de motocicletas e se dedica exclusivamente ao tratamento da filha. Há quase dois anos sendo assistido na instituição, ele conta os avanços no tratamento. “Tudo melhorou para Sofia. O vocabulário, coordenação motora, interação social. Hoje ela permite nosso toque e nosso carinho. Tudo trabalhado e monitorado pelos profissionais que nos ajudaram a entender melhor esta síndrome. Participar das reuniões dos grupos de pais foi fundamental, pois quanto mais cedo diagnosticada e tratada a doença, maiores as chances de regressão de algumas características. Os profissionais do Trate são extremamente carinhosos e atenciosos. Fazem seu trabalho com amor e dedicação. Hoje eu vejo uma Sofia com vontades e opiniões. Em nome de todos os pais, agradeço a esta equipe maravilhosa e a empresas como o Coringa que nos apoiam e nos ajudam a enfrentar este problema. Agora outras crianças poderão ser beneficiadas.” Ricardo também é membro da APTAAA (Associação de pessoas com transtorno autístico do Agreste de Alagoas) com cerca de 80 pais associados e todos atendidos no Trate.
A instituição é mantida pelo município e conta com uma equipe de duas psicólogas, uma neuropsicóloga, duas terapeutas ocupacionais, uma fonoaudióloga, uma fisioterapeuta, uma assistente social, três agentes administrativos e dois serviços gerais. Todos são contratados pela Prefeitura de Arapiraca.