Cultura

Site de estudantes da Ufal conta histórias emocionantes de anônimos de AL

Por Alana Berto 25/07/2014 22h10
Site de estudantes da Ufal conta histórias emocionantes de anônimos de AL
Histórias emocionantes contadas com sensibilidade.

Eles acreditam nas histórias mais extraordinárias que cada um tem para contar. Foi com esse olhar que quatro amigos apaixonados por jornalismo resolveram criar o site Vidas Anônimas, que narra histórias do dia-a-dia de pessoas comuns, como eu e como você.

“Ele estaciona seu fusca próximo aos trilhos do trem, no Mercado da Produção, por volta das oito horas da manhã”. Assim é iniciado o texto que conta a história do Galego do Veneno, figura conhecida na capital alagoana. Os textos são leves e fazem com que o leitor não queira parar. Essa é a característica do jornalismo literário, unir a verossimilhança, o cotidiano com a riqueza de sentimentos e de vocabulário trazidas dos textos literários.

Como afirmou o jornalista Felipe Pena, em seu livro Jornalismo Literário, o bom texto segue padrões musicais. Musicalidade esta encontrada nos textos produzidos pelos escritores do site, que extrai de gente comum histórias de vida peculiares.

 “Uma obra baseada nos preceitos do jornalismo literário não pode ser efêmera ou superficial”, escreveu Pena.

O projeto foi colocado em prática no dia 2 de junho deste ano e é formado pela arapiraquense Glória Damasceno, que é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Alagoas (Ufal); Elayne Pontual, também estudante do curso; Francisco Ribeiro, estudante de jornalismo e pela jornalista Ana Cecília. Todos têm idades entre 23 e 24 anos e a mesma paixão pelo jornalismo literário. Juntos eles conseguem lançar um texto por semana.

Glória Damasceno contou que a ideia do projeto foi de Elayne Pontual. Esse seria seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Ufal, mas não deu certo e a estudante, que já tinha apurado algumas histórias, não quis perder os relatos e chamou os outros amigos - com quem ela divide afinidades no gênero textual - para participar do projeto. “A recepção dos leitores tem sido incrível. Não é que as pessoas não gostem de ler, mas falta tempo e incentivo aos profissionais com essa instantaneidade da contemporaneidade. Estamos muito felizes com a aceitação”, declarou.

Na página, a estudante Elayne Pontual coloca que: “Idealizou o Vidas Anônimas porque acredita que as histórias mais extraordinárias ainda não foram contadas e que as pessoas mais incríveis nunca foram ouvidas”.

A incompatibilidade com o cronograma não permitiu a Elayne dar continuidade a esse projeto como TCC. “Mesmo assim eu pensei: porque não colocar em prática? Resolvi chamar três amigos. Além de serem meus amigos, eles têm o texto bom e são pessoas sensíveis”, relatou.

Elayne contou que o grupo se inspira muito em autores como Eliane Brum. “Além da Sensibilidade, ela tem muito senso crítico”, comentou. Outros autores citados por Elayne são Zuenir Ventura, João do Rio, Caco Barcelos, Truman Capote e os textos da Revista Piauí.

“Todo mundo tem alguma história interessante para contar. Seja uma criança ou uma pessoa de 80 anos. Nós usamos o recurso da literatura para conectar personagem e leitor”, pontuou Elayne.

O projeto fez tanto sucesso que o grupo foi convidado para escrever uma coluna em um famoso semanário do estado durante o mês de julho. “Essa semana será a última publicação na coluna”, disse Glória.

Para Glória, todo mundo tem algo extraordinário para contar. “O que falta é o exercício do olhar, a sensibilidade”, relatou.

Ela frisou que a inspiração vem principalmente dos personagens. “É impossível escutar relatos e não se inspirar. A inspiração também vem dos autores que a gente consome. No meu caso, do meu avô que sentava comigo para ler. Não só as pessoas inspiram, mas as coisas também”, comentou.

Glória colocou que cada leitor tem um espaço nos diferentes gêneros jornalísticos e que o jornalismo literário é mais uma opção. Quem quiser acessar o site o endereço é: www.vidasanonimas.com.br