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Trabalhadores do Comperj fazem manifestação na porta da Petrobras no Rio

Por 7 Segundos com Agência Brasil 10/02/2015 20h08

Trabalhadores da Alumini Engenharia que atuam nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) fizeram uma manifestação em frente à sede da Petrobras, na Avenida República do Chile, no centro do Rio, na tarde de hoje (10). O grupo escreveu no chão frases como: “Cadê o dinheiro desviado?”, “S.O.S. Petrobras” e “Mostra a cara Petrobras” e gritavam palavras de ordem “Ô Petrobras, cadê você? Eu vim aqui pra receber”.

Os manifestantes bloquearam por cerca de duas horas e meia a Ponte Rio-Niterói, no fim da manhã. Depois de uma assembleia em Itaboraí, na região metropolitana, os trabalhadores foram em cinco ônibus para o Rio de Janeiro, mas, por volta de 11h40, decidiram descer na altura do vão central, fechando a pista, e caminharam cerca de 15 quilômetros até a sede da Petrobras. No percurso, eles passaram pelo Viaduto do Gasômetro, avenidas Francisco Bicalho, Presidente Vargas, Passos e República do Paraguai, causando retenções no trânsito no acesso à ponte e também no centro da cidade.

O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Brayer Grudka Lira, disse que o objetivo do protesto foi dar visibilidade à mobilização dos cerca de 2.500 trabalhadores, que estão sem receber os salários desde dezembro.

“Essa caminhada mostra a disposição de luta desses trabalhadores, porque eles não estão de brincadeira. Eles estão desde janeiro fazendo várias mobilizações na porta do Comperj, mas não estavam tendo visibilidade. Então resolveram ir para a porta de quem de fato deve, que é a Petrobras”, ressaltou.

Na quinta-feira (5), o juiz Andre Correa Figueira, titular da Vara do Trabalho de Itaboraí, condenou a Alumini a pagar quase R$ 14 milhões em verbas trabalhistas para a categoria, com condenação da Petrobras subsidiariamente. O processo é referente à ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro e abrange o salário de novembro, a segunda parcela do décimo terceiro, férias e verbas resilitórias de 469 empregados demitidos, além de dano moral no valor de R$ 500 para cada trabalhador prejudicado.

Representando os trabalhadores, o operador de empilhadeira Leopoldo Cunha Freire da Silva explicou que tanto a Alumini Engenharia como a Petrobras têm se negado a negociar e não dão explicações sobre a situação. “Nós queremos pacificamente a compreensão, a colaboração e a atenção por parte da Petrobras, porque aquilo ali é uma cidade do petróleo, não é uma brincadeira, e somos nós que estamos construindo desde 2008. São simplesmente R$ 14 milhões de reais, numa negociação isso para eles não é nada. Nosso medo maior hoje é que eles recorram [da decisão judicial]”.

Em nota, a Alumini Engenharia informou que a empresa “vem empenhando todos os esforços no sentido de regularizar as pendências”, mas está sendo impedida pela Petrobras de dar continuidade aos trabalhos após o não pagamento de aditivos contratuais que somam mais de R$ 1,2 bilhão, além de “romper o contrato unilateralmente”. A nota diz ainda que “a decisão pela manutenção desses empregos e retomada dos serviços está agora nas mãos da Petrobras”.

A Petrobras informa que rescindiu todos os contratos com a Alumini “por descumprimento das obrigações da contratada”, citando não atendimento das determinações regulares da fiscalização do contrato, lentidão na prestação dos serviços que culminou no abandono da obra e o não pagamento de obrigações trabalhistas. Em nota, a estatal afirma, ainda, que sempre esteve em dia com as obrigações em todos os contratos e que “não é parte nas relações trabalhistas entre as empresas contratadas e seus respectivos funcionários” e que, portanto, “atuará no processo judicial nos estritos limites da lei”.