Saúde

Setembro Verde conscientiza doação de órgãos

Por 7 Segundos com Agencia Alagoas 20/09/2015 12h12
Setembro Verde conscientiza doação de órgãos
- Foto: ilustração

Um mês inteirinho para lembrar a seriedade da captação e doação de órgãos e tecidos, essa é a meta do Setembro Verde, promovido pela Central de Transplantes de Alagoas. Uma realidade vivida pelo maior hospital público do Estado, o Hospital Geral do Estado (HGE), desde 2008. A unidade hospitalar é referência na captação de doadores, sendo o maior fornecedor de órgãos do estado.

Dados da Central de Transplantes mostram que quase 90% dos doadores alagoanos vêm do HGE. Até o mês de agosto deste ano, foram realizados 67 transplantes, sendo 55 de córneas, 10 de rins e dois de coração. Os números estão dentro da média anual, apesar de estarem baixando em todo o país. Em 2014, foram 119 transplantados: 90 de córneas, 26 de rins e três de coração.

Kelly Brandão, responsável pela Central de Transplantes em Alagoas reafirmou o trabalho que é desenvolvido no hospital Geral. Segundo ela, o HGE foi a primeira unidade a se organizar com a sensibilização dos profissionais e familiares em Alagoas.

“Primeiramente com a CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes), agora OPO (Organização de Procura de Órgãos e Tecidos). A organização tem um papel fundamental nos hospitais, uma vez que é responsável por identificar o provável doador e sensibilizar a família, mostrando o benefício que a doação fará as pessoas que estão esperando com ansiedade por mais uma chance de continuar vivendo”, explicou.

Os profissionais da OPO têm como função identificar os pacientes que possam ser potenciais doadores e acompanhar o processo de realização de exames para viabilizar a doação. A equipe multiprofissional conta com médicos intensivistas, enfermeiros e psicólogos, escolhidos por terem bom relacionamento com os demais profissionais e conhecimento das rotinas do hospital.

O médico José Gonçalo, coordenador da organização no HGE, afirmou que a falta de informação é um dos empecilhos para a doação. Acrescentando que mais de 50% das famílias não aceitam sob a alegação de que desejam enterrar seus parentes com o corpo íntegro.

De acordo ele, todos os cuidados são adotados em relação ao provável doador. Ao ser detectada a morte encefálica, também conhecida como cerebral, o paciente passa por três exames, sendo dois clínicos e um de imagem. Este último realizado com o equipamento Doppler Transcrâniano, que identifica se há fluxo de sangue no cérebro. Após a constatação do diagnóstico de morte encefálica, os membros da OPO realizam a entrevista familiar para doação.

As equipes de multiprofissionais diariamente percorrem as dependências do HGE e do necrotério em busca das famílias dos pacientes que tiveram morte cerebral confirmada. "Aumentar o número de doadores é o grande objetivo a ser perseguido para equacionar melhor as demandas por transplantes'', destacou o médico.

Regivaldo Roque foi beneficiado com uma doação que lhe salvou a vida. Com problemas renais ele recebeu um rim de um doador vítima de um acidente. “Sinto-me a pessoa mais privilegiada do mundo. Não sei nem explicar a sensação de felicidade que tive ao receber a doação”, relatou.

A professora Maria da Glória Serafim, irmã de Amaro Serafim – beneficiado com a doação de pulmões e foi transplantado em Fortaleza -, hoje é defensora dos transplantes em Alagoas e voluntária nas divulgações. Ela realiza trabalhos comunitários e fala sobre as doações por onde anda. “Não sabia muito a respeito. Hoje sei o quanto a Central de Transplantes é relevante para a sociedade. Todos podemos precisar de uma doação! Meu irmão era uma pessoa normal até ter fibrose e só conseguir respirar através do tubo de oxigênio. Para qualquer lugar que eu vá, sempre falarei sobre o quanto devemos ser claros a respeito da nossa posição sobre a doação de órgãos e tecidos”, relatou.

Doações no Brasil

O número de transplantes de órgãos vem caindo este ano. Neste semestre, pela primeira vez desde 2007, o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) contabilizou uma diminuição na taxa de potenciais doadores, de doadores efetivos e no número de transplantes de rim, de fígado e de pâncreas, em relação ao ano anterior. A elevada taxa de recusa familiar à doação (44%) persiste como o principal obstáculo para a efetivação da doação, na maioria dos estados.

Nos transplantes renais não houve a recuperação esperada em relação ao 1º trimestre, e a queda comparada com 2014 foi de 6,3% no número de transplantes (9,7 pmp na taxa de transplantes), sendo essa diminuição de 2,6% com doador falecido e de 16,8% com doador vivo.

O Brasil é referência mundial em transplantes, só fica atrás dos Estados Unidos, mas com esta queda na doação não vai ser atingida a meta de transplantes para este ano. No primeiro trimestre, 43% das famílias abordadas pelas equipes dos hospitais não autorizaram a doação. O número de doadores notificados caiu 1,4% e o de doadores efetivos, 0,8%.

Espera
Atualmente, há aproximadamente 300 pessoas na lista de espera por um transplante em Alagoas. “As pessoas que esperam por um órgão contam os dias, as horas e os minutos à espera de uma notícia que pode significar a diferença entre a vida e a morte. A fila de espera por um órgão é organizada por tempo de espera, compatibilidade e tipo sanguíneo entre o doador e o receptor. Para equacionar melhor as demandas por transplantes, é necessário aumentar o número de doadores”, completou Kelly Brandão.