Justiça

Júri do 'Cabo' Luiz Pedro é iniciado, segundo réu não será julgado

Por Ascom TJ e GW com 7 Segundos 23/09/2015 11h11
Júri do 'Cabo' Luiz Pedro é iniciado, segundo réu não será julgado
- Foto: Ascom TJ

O julgamento do ex-cabo da PM Luiz Pedro da Silva foi iniciado na manhã desta quarta-feira (23), no Fórum da Justiça Estadual no Barro Duro, em Maceió. Ao ser indagado pelo juiz John Silas se haveria alguma objeção, o advogado Raimundo Palmeira, que representa o réu Rogério de Menezes Vasconcelos, pediu o desmembramento do processo, o que foi deferido pelo juiz. Luiz Pedro é acusado de mandar assassinar o servente de pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos, crime ocorrido em 2004. Em depoimento, a esposa da vítima disse ter certeza de que o ex-vereador é responsável pelo crime.

Alessandra Cristina da Silva Costa, companheira de Carlos Roberto, foi a primeira a prestar depoimento. Ela está morando fora de Maceió e falou à distância, destacando que Carlos Roberto foi assassinado por ser usuário de drogas. "Luiz Pedro não gostava de quem usa drogas". Ela também citou um desentendimento por conta de um copo de cerveja que a vítima teria tido com Rogério Menezes dias antes da morte. Segundo ela, Rogério é ex-presidente da associação dos moradores do Conjunto Luiz Pedro e muito amigo do ex-vereador.

Ela disse, agora, ter a certeza de que foi o Luiz Pedro o mandante do crime. “Tenho certeza de que foi o Luiz Pedro, até pela intriga que tinha entre meu marido e o Rogério. Quando eu passava com meu marido, eles ficavam apontando e comentando. Uma pessoa já tinha dito que o Beto seria o próximo a ser morto e alertou para que a gente saísse do conjunto. Fomos a uma festa de cavalhada tentar falar com Luiz Pedro e ele só bateu no ombro do meu marido e disse que ia ficar tudo bem, que meu marido não se preocupasse. Luiz Pedro não gosta de usuário de drogas. Mas só queria deixar bem claro que meu marido só usava maconha, não vendia nada. Chegou a hora de fazer justiça. Alagoas precisa de justiça, varrer esse lixo da sociedade. Peço aos senhores jurados que façam justiça. Chegou a hora, pelo amor de Deus”, afirmou.

Durante o depoimento, Alessandra negou que esteja sob proteção da justiça, afirmando que está fora de Maceió porque tem medo. Segundo ela, há cerca de dois meses ela esteve na capital alagoana e foi ameaçada. "Estava na Delegacia da Mulher e ligaram pra lá dizendo que sabiam que eu estava lá, que iam invadir e 'pipocar' tudo. Eu estou fora do programa, passando necessidade, enquanto esses bandidos estão soltos cometendo outros crimes", falou.

Antes do início dos trabalhos, o promotor do caso, Carlos Davi Lopes, afirmou que o Ministério Público Estadual tem convicção da culpa do Luiz Pedro na morte do servente de pedreiro. "Temos todo o contexto, as provas, as testemunhas que provam isso. O Ministério Público está convencido de que o Luiz Pedro comandava um grupo de extermínio na periferia de Maceió”, afirmou.

Para acompanhar o julgamento, que deve se prolongar durante todo o dia, muitos familiares e amigos da vítima compareceram ao Fórum do Barro Duro. Também era grande o número de pessoas vestidas com camisas brancas, em apoio a Luiz Pedro, que também estiveram no local.

O pai da vítima, Sebastião Rocha, de 75 anos, contou que tem certeza de que o Luiz Pedro é culpado e que hoje vai pedir para que ele diga onde está o corpo do filho. “Tenho certeza de que ele é o mandante e que sabe onde estão os restos do meu filho. Só ele pode dizer onde ele está. Há mais de 11 anos venho nessa luta e espero por esse dia. Tenho certeza de que o Luiz Pedro será condenado e vai pagar em parte pelo que ele fez com meu filho. Até hoje ainda não fiz um enterro digno para ele porque não sei onde está, o corpo sumiu do IML. Espero que isso seja resolvido hoje. Meu filho só fazia mal a ele mesmo fumando maconha, mas não mexia com ninguém. Só que o Luiz Pedro não gostava desse negócio de drogas”, destaca.

Emocionado, Sebastião afirmou também que teve a família destruída depois do ocorrido. A esposa dele morreu de depressão depois do caso e a outra filha teve que sair da faculdade e hoje "não tem um futuro".

Defesa

O advogado do réu, José Fragoso, disse que a tese da defesa é a negativa de autoria. “Esse crime tem nome, sobrenome e endereço e não são o do Luiz Pedro. A defesa vai mostrar aqui hoje o autor intelectual, quem articulou e quem cometeu esse crime. A vítima não tinha absolutamente nada a ver com o Luiz Pedro e se o Ministério Público tivesse investigado direito, ele nem sequer estaria aqui hoje. Mas isso foi feito porque dá mídia”, disse.

Ao longo do dia, serão ouvidas seis testemunhas de acusação, além de outras arroladas pela defesa. Luiz Pedro vai ser julgado pelos crimes de formação de quadrilha, sequestro e homicídio duplamente qualificado – só para este último a pena vai de 12 a 30 anos.