Corpo de Luiz Carlos Miele é velado no Rio de Janeiro
O corpo de Luiz Carlos Miele está sendo velado nesta quinta-feira, 15, na Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio de Janeiro. A cerimônia começou pouco antes das 7h30 e foi marcada pela emoção. Anita, a mulher do produtor musical, só chegou ao local por volta das 10h. Muito abalada, ela se aproximou do caixão e, enquanto acariciava o rosto do marido, chorava e mostrava sua dor dizendo: "Ai, meu Deus do céu".
O velório está aberto ao público para que os fãs possam dar o último adeus a ele. A previsão é que a cerimônia aconteça até as 14h30. Já o enterro vai ser realizado no cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, a partir das 16h.
Professora do produtor musical, ator e diretor em 2014 no quadro "Dança dos Famosos", do programa "Domingão do Faustão", Aline Riscado foi a primeira chegar ao local.
"Eu tinha um carinho muito grande por ele. Foi uma pessoa que passou rápido pela minha vida, mas que sei que tinha um carinho muito grande por mim assim como eu tinha por ele. Agora quero que ele descanse em paz e desejo muita força para a família. Vim hoje só fazer uma oração. Para os que ficam é muito difícil. Ele falava muito sobre a Anita, eles eram muito grudados, vai ser muito difícil para ela. Agora o que fica são as lembranças boas", disse ela ao EGO.
Osmar Prado também marcou presença no velório e, ao chegar, cumprimentou Eliana, a irmã de Miele. Depois disso, o ator se sentou na área destinada à família do produtor musical.
"Nós eramos vizinhos e somos colegas. Eu fui até contemporâneo da Dona Regina Macedo (mãe de Miele), quando na década de 60 eu comecei a trabalhar no canal 5. Na verdade, muito recentemento a gente começou a ser vizinho. Sempre tentávamos marcar um encontro, mas ele nunca acontecia. Iria acontecer agora, mas ele deu uma rasteira em todos nós e foi-se embora. Você quer saber de uma coisa? Eu vejo o Miele como um animador cultural fantástico, cantor, compositor. Eu tenho a impressão de que esteja onde ele estiver, deve estar ao lado da Dona Regina, do pessoal todo da música e de todos os artistas que recentemente partiram", disse Osmar.
'Ele tinha medo da morte', diz irmã de Miele
Muito abalada, Eliana falou sobre a morte do irmão. "Antes de ser Miele, ele era "Lelê", depois Luiz Carlos. Ele era meu irmão, meu amigo, meu companheiro, meu chão, meu esteio. Ele era nosso homem grande e o grande homem da família.
Ninguém esperava, mas ele foi do jeito que tinha que ser, que precisava ser: sereno. Com ele não se podia falar na morte, ele tinha medo", disse ela.
Vânia Barbosa, assessora e empresária de Miele, falou com carinho do amigo. "Trabalhei com ele por uns 15 anos. Ele era divertidíssimo. Só tenho a agradecer a ele por ter me permitido estar na vida dele durante esses anos e me ensinado tanta coisa. Ele foi uma das pessoas mais bom caráter que conheci na minha vida", afirmou ela, contando que esteve com Miele na terça, 13: "Foi uma supresa para todos nós. Ele não tinha problema de coração. Ele tinha asma, mas não seria o caso porque ele usava bombinha. Eu fiquei com ele na terça até as 15h30. À noite, foi jantar com a esposa e amigos. Passou a noite e, de manhã, a esposa já o encontrou sem vida no escritório".
O musicólogo Ricardo Cravo Albim também chegou ao velório logo pela manhã e contou que teve a chance de conversar com Miele às vésperas de sua morte: "Anteontem à noite eu liguei pra ele e disse que tinha lido a sua biografia. 'Li a sua biografia e você pode se candidatar à Academia Carioca de Letras poruqe você é um escritor, um personagem do Rio, é a carioquice'. Ele respondeu: 'Não vou porque primeiro não sou carioca, sou de São Paulo. E, segundo, porque já sou imortal'".
'Miele é um monumento', diz Fernanda Torres'
O cantor Simoninha falou sobre a falta que Miele vai fazer no cenário cultural. "Ele vai deixar muita saudade. Sempre que se perde um personagem desse tamanho, é lógico que a cultura fica triste. É difícil você ter gênios dessa magnitude", afirmou ele.
Entre as pessoas próximas a Miele estava Christiane de Magalhães, filha de uma ex-empregada do produtor musical. Ela fez questão de ir ao velório para dar seu apoio à família. "Estou aqui representando o amor e o carinho que o Miele deu à minha mãe e a mim também. Ele representou uma pessoa muito humana, que nunca vou esquecer. Ele reconheceu o que minha mãe fez, a ajudou quando ela adoeceu, arcou com todas as despesas do hospital e ainda pagou o enterro", contou ela.
Antônio Pitanga homenageou Miele ao falar do produtor. "Ele foi uma das pessoas mais elegantes, era o grande anfitrião desse movimento da Bossa Nova, da música popular brasileira. Grandes artistas vieram pelas mãos dele", disse o ator. "Ele tinha esse carisma e essa beleza pela vida. Ele pintou a vida, fez da vida uma tela. Esse é o nosso grande Luiz Carlos Miele. A matéria se vai, mas a memória é eterna. Ele cumpriu a sua missão", completou.
Ao chegar no velório, Fernanda Torres logo se dirigiu à viúva de Miele e a consolou diante do caixão do produtor musical. Emocionada, ela falou sobre a relação entre eles: "Miele é um amigo maravilhoso. A gente se falou há pouco tempo. Ele ia lançar a biografia, me ligou para convidar. Eu disse que ia viajar, falei que ia ver o show dele e que a gente se encontraria. Ele virou um amigo, diversas passagens do meu livro eu devo a ele. Miele é um monumento. Eu cresci vendo Miele e depois Deus me deu a chance de ficar amiga dele. Deus não chateou o Miele. Ele viveu até o talo sem que Deus cobrasse a conta. Cobrou assim, de uma vez só".
Quem também demonstrou seu carinho a Anita foi Mariana Ximenes, que passou um tempo ao lado da viúva durante o velório. A atriz falou sobre os trabalhos que fez ao lado de Miele. "Nos conhecemos há muitos anos, mas estreitamos laços quando filmamos juntos 'Os penetras'. Tínhamos acabado de gravar juntos um longa chamado "Depois de você", em Brasília, em junho. Fui na casa dele uma vez, conheci a família. É uma perda muito grande, para a cultura e para o nosso convívio. Ele era uma pessoa deliciosa. Muito especial, que tinha gosto pela vida", contou.
Miele morreu em sua casa, na Zona Sul do Rio
Luiz Carlos Miele morreu na quarta-feira, aos 77 anos, em sua casa, no bairro de São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele teve um mal súbito e foi encontrado caído no chão do escritório da residência por sua mulher, Anita, com quem estava casado havia 50 anos.
Ela ainda ligou para o Corpo de Bombeiros, mas, quando os agentes chegaram, o produtor já estava morto. Muito abalada, Anita ainda não falou com a imprensa sobre o assunto. "Ela está destruída. Foram 50 anos de casamento... Anita não tem condições de falar", informou a assessora de imprensa de Miele.
Luto na classe artística
Miele era muito querido na classe artística e alguns famosos usaram as redes sociais para lamentar a morte. Em sua conta no Instagram, Roberto Carlos relembrou a amizade com Miele.
"Ele, junto com Ronaldo Bôscoli, são os responsáveis pelo primeiro show com grande produção e grande orquestra que eu fiz, e isso foi no Canecão. Algo muito importante na minha carreira", contou.
"Por 11 anos, Miele esteve comigo no navio, fazendo seu show e comandando o karaokê, sempre com muito talento, muita simpatia e muita alegria. Um profissional super competente. Era um cara muito bacana, um amigo querido, um irmão. Que nosso Deus de bondade o proteja e o abençoe sempre".