Prefeitura ignora crise e dobra a verba para escolas de samba
Em meio à crise que assola o país inteiro, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Coordenação de Governo, vai dobrar o repasse de recursos às escolas do Grupo Especial, já para o carnaval de 2016. Com a mudança, cada uma das 12 agremiações passará a receber R$ 2 milhões do município, como informou a coluna “Informe do Dia”, do jornal O Dia.
— É papel da prefeitura ajudar a manter um evento de tamanha magnitude como o carnaval — diz o secretário de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho, afirmando que a prefeitura tem capacidade de se comprometer com esses gastos: — As contas da prefeitura vão bem, obrigado.
A vereadora Teresa Bergher (PSDB) é contrária à medida:
— É inadmissível que, nesse momento de crise, o prefeito dobre o valor do repasse. Esse dinheiro poderia ser aplicado na educação e na saúde, e não direcionado a bicheiros do samba — diz a vereadora, que pretende fazer uma representação ao Ministério Público e um requerimento de informações à prefeitura sobre esse aumento “tão generoso”.
Mas o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, comemorou a decisão:
— Estamos há seis anos sem reajuste no repasse de verbas e há quatro anos que não tem aumento da venda de ingressos no Sambódromo. Com os problemas na economia do país, os custos para fazer o carnaval vão ficar mais caros.
Segundo ele, as escolas recebem o repasse de forma transparente e prestam conta dos gastos. O presidente da Liga informou ainda que o reajuste não beneficiará diretamente a Liesa, responsável pela montagem do espetáculo, só as agremiações.
Para Fernando Horta, presidente da Unidos da Tijuca, a ajuda do poder público vem em boa hora e é merecida.
— Estamos vivendo uma crise, o público está se afastando, as empresas que patrocinam também se afastaram — diz. — O reajuste é merecido. O carnaval deixa um lucro imenso para a prefeitura.
Histórico
Desde 2009, a prefeitura abriu três licitações para a organização do carnaval, mas não apareceram interessados.
Após parecer do Ministério Público contrário ao repasse municipal para as escolas, a prefeitura parou de destinar verba para desfiles, em 2010.
Apesar do fim dos contratos com as escolas, a prefeitura passou a destinar R$ 1 milhão para cada agremiação em contrapartida a ações culturais, no Viradão do Momo, em 2011 e 2012.
Com o fim do Viradão do Momo, em 2013, o repasse foi mantido para os desfiles.