Maceió

Regulamentação dos ?food trucks? em Maceió se arrasta há 6 meses; votação é adiada

Comida de rua é ?tendência mundial?, afirma Abrasel/AL; empresários acreditam que enquadramento é necessário

Por Anne Caroline Bomfim 07/06/2016 11h11
Regulamentação dos ?food trucks? em Maceió se arrasta há 6 meses; votação é adiada
- Foto: Cortesia/Redes Sociais

Um modelo inovador de negócio na área de alimentos e bebidas promoveu um verdadeiro “boom” para a economia e também gerou satisfação aos apreciadores da gastronomia em nível mundial. Os “food trucks”, como são conhecidos os veículos adaptados que produzem e servem refeições nas ruas, ganharam reconhecimento e agregou uma legião de fãs. Em Maceió, a regulamentação do serviço, cobrada por entidades e empresários ligados ao ramo, já se arrasta há mais de seis meses.

A matéria deveria ser votada nesta terça-feira (7), na Câmara Municipal de Maceió, mas foi, novamente, adiada. Os vereadores Silvio Camelo (PV) e Chico Filho (PMDB) intermediam o projeto na casa. Na última segunda-feira (6), por meio das redes sociais, Filho fez uma postagem no facebook e afirmou que a discursão “envolve todos os setores da sociedade” e que o assunto ainda está em debate. “Sou autor do projeto que regulamenta o funcionamento do food truck em Maceió. Acredito que nossa capital tem tudo para entrar no circuito mundial em que grandes cidades já disciplinaram o funcionamento desse novo e importante ramo do serviço”, expôs.  

Em entrevista ao portal 7 Segundos, Camelo, por sua vez, afirmou que vai apresentar, em regime de urgência, na próxima quarta-feira (8), um novo projeto e que pretende acelerar a votação para que ela ocorra o mais rápido possível. “É um absurdo. A gente já esperou o que tinha que esperar. Está virando uma situação insustentável. A cidade não tem disciplinamento quanto a isso e acaba atrapalhando até os próprios comerciantes”, falou.

“Onde está o entrave?”, questiona Abrasel
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Alagoas, Brandão Júnior, a regulamentação é vista como algo indispensável e fundamental, já que a comida de rua “é uma tendência mundial”. A associação, inclusive, já se reuniu com representantes de secretarias municipais, Sebrae e empresários do ramo.

“Todos eles são a favor da regulamentação. É algo bastante claro. Os food trucks estão se disseminando de forma desordenada. Atualmente, não temos nenhum tipo de fiscalização por parte da Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros e outros órgãos, justamente porque não é regulamentado, oficializado. Sem falar na esfera trabalhista. Esses locais precisam se tornar empresas legalizadas”, ressaltou. Além de não haver regulamentação por parte do poder público, não há recolhimento de impostos ou outros tributos. 

A demora para a apreciação da matéria não é compreendida pelo presidente. “O próprio município se mostrou receptivo com o projeto. Já nos reuníamos com a SMCCU. A reunião foi extremamente positiva. É um consenso geral. A gente não consegue entender onde é que está o entrave”, questionou. 

Perguntado se existe algum tipo de competição entre a comida de rua e os proprietários de bares e restaurante, Júnior é enfático. “Não existe, não. É um outro nicho, um outro público. As pessoas que procuram os restaurantes prezam por um serviço mais diferenciado. Eles querem sentar, olhar o cardápio com calma. Sem falar na estrutura que não é a mesma. Já o público dos food trucks é outro. É jogo rápido, comida rápida, algo rotativo”, comentou. 

Nicho promissor 
O alagoano Marcelo Braga, 35 anos, aproveita para faturar. Em 2013, ele fundou o Tmaki Express, marca especializa na venda de sushis e outras comidas da culinária japonesa. O empreendimento, até então visto como inédito no estado, gerou bons frutos. “Á época, morava no Canadá e lá os food trucks já eram uma realidade. Decidi voltar a morar no Brasil e fiquei com essa ideia na cabeça”, lembra. 

A sua primeira aposta de sucesso foi instalada no bairro da Jatiúca, próximo a uma famosa sandubaria na parte baixa da capital. “A receptividade do público foi muito bacana. Ninguém imaginava comer comida japonesa na rua. De início, as pessoas ficavam receosas com a higiene do espaço e queriam entender como os sushis eram feitos. Mas, à medida que foram nos conhecendo, o público adotou a marca e percebeu que trabalhávamos com organização”.

Agora, o Tmaki Express planeja expandir o negócio e já finaliza o processo de abertura de franquia na região Sudeste, no estado de São Paulo. As propostas para outros estados brasileiros já é uma realidade. Além dos food trucks, a marca também inaugurou um espaço em um dos shoppings da capital. A crise, segundo ele, está sendo vencida com esforço e trabalho. 

“Sou completamente a favor da regulamentação dos food trucks. As pessoas montam um negócio e não sabem o que podem fazer e o que não podem fazer. É complicado. Precisa haver uma organização. As atividades precisam ser fiscalizadas visando o bem estar do cliente”, disse. 

Iniciativa privada

Empresários da iniciativa privada organizaram um espaço dedicado aos amantes do food truck em Maceió. Inicialmente instalado no Alagoinhas, na orla marítima da capital, a união resultou na abertura de um novo espaço gastronômico com o nome "Quintal Food Park", localizado na esquina da Avenida Doutor José Sampaio Luz com a Rua Carlos Tenório, na Ponta Verde. No local, é possível degustar inúmeros tipos de culinárias e pratos distintos. Desde paletas mexicanas, até comida mexicana e japonesa.