Pescadores são gravemente afetados pela redução da vazão do Rio São Francisco
O anúncio da redução da vazão do Rio São Francisco de 1300 m³/s para 800 m³/s, autorizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) nos reservatórios de Sobradinho, na Bahia, e de Xingó, na divisa entre Alagoas e Sergipe, preocupou ainda mais os ribeirinhos, principalmente aqueles que tem a pesca natural como única fonte sobrevivência.
De acordo com a publicação do Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (29), a redução da vazão vai permanecer até o dia 31 de outubro e tem como objetivo a produção de energia do Sistema Norte e para o atendimento dos usos múltiplos da bacia do rio.
O secretário da Colônia de Pescadores Z-18/AL, de Traipu, Eudes de Farias dos Santos, disse que os pescadores já sofrem bastante com o assoreamento do rio, que dificulta a navegação. Com a redução da vazão, a água não tem força para empurrar os bancos de areia e há trechos do rio que ficam impossíveis de navegar.
“Já tem um trecho do São Francisco próximo a Propriá, em Sergipe, que as pessoas estão atravessando praticante toda a extensão a pé, as embarcações já não conseguem navegar”, afirmou o secretário da colônia.
Eudes Santos afirmou que este ano a situação foi mais agravante devido à estiagem prolongada durante o inverno, e o peixe desapareceu do trecho do Baixo São Francisco, em busca de águas mais profundas para a reprodução.
Ainda segundo o presidente da Colônia Z-18, composta por quase quatrocentos e cinquenta pescadores, esse “distanciamento” do peixe obriga os ribeirinhos a se locomover para áreas mais distantes do rio na tentativa de realizar uma boa pesca - o que acaba acarretando mais gastos com combustíveis nas embarcações.
“A maioria tem embarcação a motor e todos os dias saem para pescar seja para garantir o alimento da família ou para vender o pescado para o comércio local ou outras comunidades”, revelou Santos.
Alternativa
O secretário da colônia afirmou que independente desse período da redução da vazão do rio, que se estenderá até o dia 31 de outubro, os pescadores já vivenciam essa situação há vários anos.
Ele acredita que uma das alternativas para o sustento das famílias ribeirinhas é a criação de peixes em tanques de piscicultura. Eudes afirmou que já existe uma associação de piscicultura na região que durante um ano recebeu dos órgãos ligados a piscicultura, os alevinos e alimentação para o projeto experimental. A experiência está resultados positivos.
“Tem pescador que participava da associação e agora já é dono do seu próprio negócio”, finalizou o secretário.