Estudantes ocupam mais uma escola da rede pública de Arapiraca e ameaçam ocupar outra
Apesar das ocupações recentes, estudantes deixaram o interior da escola Manoel Lúcio da Silva
Estudantes secundaristas ocuparam a sede da Escola Estadual Quintela Cavalcante na manhã desta segunda-feira (7), em protesto a PEC 241 (atual PEC 55, do Senado).
A mobilização, que é nacional, quer pressionar os governantes contra a proposta, que prevê o congelamento dos gastos públicos durante 20 anos.
Além da escola Quintela Cavalcante, membros da União da Juventude Socialista (UJS) e da Associação dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (AESA), pretendem ocupar ainda nesta segunda a Escola Estadual Senador Rui Palmeira (Premen).
Desocupação
Os estudantes que estão ocupados há 22 dias na Escola Estadual Manoel Lúcio da Silva, localizada no bairro Cavaco, publicaram uma nota oficial na página Ocupa Manoel Lúcio, explicando que estão deixando o interior da unidade educacional, mas ratficando que a luta continua.
"Entregamos a escola limpa, bem cuidada e agora sob outra realidade, de um movimento estudantil forte e organizado e que continuará compondo a linha de frente das lutas que estão por vir", diz trecho do documento.
Confira a nota na íntegra:
Hoje se completam 22 dias de intensa luta e resistência aqui na E. E. Manoel Lúcio da Silva. Assim como as mais de mil e duzentas escolas ocupadas por todo o Brasil, ocupamos nossa escola imbuídos de um sentimento de luta, com um objetivo claro e mais do que necessário: barrar a PEC 241, hoje PEC 55 no Senado, que tem como destino congelar os investimentos públicos por 20 anos, condenando os brasileiros, sobretudo os estudantes e trabalhadores, à sentença de morte, executada lentamente à medida em que se fecham hospitais e escolas e se demitem servidores públicos como professores, médicos, enfermeiros e tantos outros profissionais que hoje já enfrentam uma dura realidade no serviço público. Enfrentamos ao longo desses dias uma série de dificuldades, desde a arrecadação de alimentos até a manutenção das atividades da ocupação, mas a principal delas foi o desserviço prestado por parte dos veículos midiáticos que trabalharam arduamente à fim de criminalizar o movimento estudantil e desestabiliza-lo para por fim à um instrumento legítimo de luta que são as ocupações. A cada processo de luta reafirmamos o papel da mídia de defender os interesses dos ricos, jogando estrategicamente estudante contra estudante e trabalhador contra trabalhador. Há 10 dias recebemos um mandado de reintegração de posse, e após termos o recurso negado pela justiça e somando à isso a compreensão de que essa ocupação cumpre uma etapa da luta e de que outras etapas virão, vimos através desta nota informar a desocupação da escola. Ao contrário do que possam pensar, isso não significa de forma alguma uma derrota. Nossa ocupação cumpriu um papel fundamental para que outras escolas e até universidades fossem ocupadas, e principalmente para colocar em pauta uma PEC em um momento em que apesar da gravidade da mesma, as pessoas seguiam normalmente com suas vidas como se nada estivesse acontecendo. Nossa ocupação, assim como todas as outras, elevaram o patamar do debate sobre a PEC. Mas ainda que tenhamos cumprido um papel tão importante, queremos deixar claro que essa luta só cessa com a derrubada desta PEC, por isso, nos manteremos mobilizados. Entregamos a escola limpa, bem cuidada e agora sob outra realidade, de um movimento estudantil forte e organizado e que continuará compondo a linha de frente das lutas que estão por vir. Convocamos todos os estudantes e trabalhadores para se somar a essa luta, para juntos forjamos o futuro que sonhamos, barrando a PEC 55, a reforma do ensino médio, a lei da mordaça, e construindo um Brasil soberano e que seja realmente dos brasileiros.