Brasil
Jornalista alagoano Luiz Mario Gazzaneo, morre aos 84 anos
Velório aconteceu no Cemitério do Caju e seu corpo foi cremado neste último sábado
14/10/2012 18h06
Parentes e amigos do jornalista Luiz Mario Gazzaneo se reuniram na manhã deste último sábado (13) no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio, para se despedir do profissional que passou pelas mais importantes redações do Brasil.
Gazzaneo morreu aos 84 anos, na manhã da sexta-feira (12), no Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Ele estava internado desde a madrugada de segunda-feira (8), quando sofreu um infarto. Ele chegou a passar por duas cirurgias. O corpo será cremado na tarde deste sábado, segundo a família.
No velório, a presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, muito emocionada, destacou o trabalho do jornalista para tornar as pesquisas palatáveis para o público em geral.
"Somos muito gratos a ele. Gazzaneo, que trabalhou no IBGE de 2000 a 2010 já estava nos fazendo muita falta. A gente brigava muito, mas no campo das ideias, coisas de trabalho. Ele sempre queria o melhor. Era sempre um grande prazer falar com ele sobre o IBGE, sobra a imprensa e sobre o Brasil. Ele tinha uma história muito rica e passava isso para a gente", disse Wasmália, com os olhos cheios de lágrimas.
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, lembrou o companheiro inteligente, fraterno e solidário. Ele recordou os tempos de convivência no jornal "Folha Semana", de oposição ao regime militar.
"Ele era um profissional muito inteligente e uma pessoa muito fraterna. Respondemos juntos num inquérito aberto pela Marinha para apurar as informações que publicávamos no jornal. Era um momento muito difícil para quem não seguia a orientação do governo. Ele foi companheiro o tempo todo", contou Azêdo.
A filha mais velha, Ana Maria Gazzaneo, contou que o pai era um homem que amava acima de tudo a vida. Carinhoso, foi bom pai e excelente avô, que adorava trabalhar e se divertir.
"Era um sedutor, paquerador, mas era um homem de família. Para ele, a verdade era a coisa mais importante do mundo. Sempre nos incentivou a buscá-la. Sobre política, ele dizia que ela não precisa ser necessariamente uma coisa ruim, mas que podia ser boa e devia ser boa", disse a primogênita.
A médica sanitarista Lúcia Souto lembrou do período entre 1991 e 1998, quando ela foi deputada estadual pelo PCB e teve Gazzaneo como seu assessor de imprensa.
"Ele era libertário, guerreiro, instigador, jovial, um radical democrata. Vai fazer muita falta para os amigos e na política. Fica um vazio e uma saudade muito grande. Nos oito anos de convivência durante o meus mandatos aprendi muito com ele. Gazzaneo é uma figura histórica na luta política deste país e me ajudou e me ensinou muita coisa", disse Lúcia Souto.
O ex-presidente do IBGE Sérgio Besserman enfatizou a pessoa doce e apaixonada pela vida e pelo Palmeiras que foi Gazzaneo. Destacou o trabalho relevante que ele fez na divulgação do trabalho do IBGE, mas disse que acima de tudo sentirá falta do amigo.
"Ninguém é insubstituível no trabalho, na vida. Mas ninguém vai substituí-lo como espírito humano. Ele sempre estará presente entre nós com sua doçura e sua luta", concluiu Besserman.
Alagoano criado em São Paulo
Gazzaneo nasceu em Maceió, Alagoas, e era filho de uma família italiana radicada em São Paulo. Muito jovem, ligou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1944, em plena ditadura do Estado Novo. No ano seguinte, ele integrou o grupo que organizou o Comício do Pacaembu, quando Luiz Carlos Prestes foi apresentado aos paulistas, após cumprir nove anos de prisão.
Graduado em cinema na Escola de Cinema do Museu de Artes de São Paulo, começou no jornalismo no jornal “Notícias de Hoje” do Partido Comunista, em São Paulo, como crítico de cinema. Em 1959, veio para o Rio e assumiu a chefia da redação do jornal “Novos Rumos” (do PC até o dia 1º de abril de 1964, quando o jornal foi invadido e destruído).
Depois de seis anos na clandestinidade, voltou ao jornalismo em 1971, e foi trabalhar com Samuel Wainer na revista “Domingo Ilustrado”, da Bloch. Passou pelas revistas “Fatos e Fotos” e “Cartaz”. Em 1973, ingressou no “Jornal do Brasil” como redator da Editoria Internacional. No JB foi ainda chefe de reportagem, editor de Cidade e editor executivo. Em 1983, saiu do JB para a agência de notícias do jornal "O Globo" e ficou na editoria Nacional do jornal até dezembro de 1987.
Trabalhou também como diretor da agência de notícias Nova Press, especializada em notícias do Leste Europeu. Em 1991, deixou a agência para atuar em campanhas eleitorais. De 2000 a 2010, trabalhou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como Coordenador de Comunicação Social.
Há pouco mais de um mês, em 4 de setembro, Gazzaneo deu uma entrevista em sua casa aos jornalistas Silvia Maia Fonseca e Antonio Carlos Medeiros, falando sobre passagem pelo IBGE, quando já estava pensando em se aposentar (veja ao lado).
Ele trabalhou com o então presidente Sergio Besserman, que pessoalmente lhe telefonou para convidá-lo a reestruturar a assessoria de imprensa do instituto, conforme ele próprio conta no vídeo postado no YouTube. Ele continuou no instituto sob a presidência de Eduardo Pereira Nunes.
Gazzaneo morreu aos 84 anos, na manhã da sexta-feira (12), no Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Ele estava internado desde a madrugada de segunda-feira (8), quando sofreu um infarto. Ele chegou a passar por duas cirurgias. O corpo será cremado na tarde deste sábado, segundo a família.
No velório, a presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, muito emocionada, destacou o trabalho do jornalista para tornar as pesquisas palatáveis para o público em geral.
"Somos muito gratos a ele. Gazzaneo, que trabalhou no IBGE de 2000 a 2010 já estava nos fazendo muita falta. A gente brigava muito, mas no campo das ideias, coisas de trabalho. Ele sempre queria o melhor. Era sempre um grande prazer falar com ele sobre o IBGE, sobra a imprensa e sobre o Brasil. Ele tinha uma história muito rica e passava isso para a gente", disse Wasmália, com os olhos cheios de lágrimas.
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, lembrou o companheiro inteligente, fraterno e solidário. Ele recordou os tempos de convivência no jornal "Folha Semana", de oposição ao regime militar.
"Ele era um profissional muito inteligente e uma pessoa muito fraterna. Respondemos juntos num inquérito aberto pela Marinha para apurar as informações que publicávamos no jornal. Era um momento muito difícil para quem não seguia a orientação do governo. Ele foi companheiro o tempo todo", contou Azêdo.
A filha mais velha, Ana Maria Gazzaneo, contou que o pai era um homem que amava acima de tudo a vida. Carinhoso, foi bom pai e excelente avô, que adorava trabalhar e se divertir.
"Era um sedutor, paquerador, mas era um homem de família. Para ele, a verdade era a coisa mais importante do mundo. Sempre nos incentivou a buscá-la. Sobre política, ele dizia que ela não precisa ser necessariamente uma coisa ruim, mas que podia ser boa e devia ser boa", disse a primogênita.
A médica sanitarista Lúcia Souto lembrou do período entre 1991 e 1998, quando ela foi deputada estadual pelo PCB e teve Gazzaneo como seu assessor de imprensa.
"Ele era libertário, guerreiro, instigador, jovial, um radical democrata. Vai fazer muita falta para os amigos e na política. Fica um vazio e uma saudade muito grande. Nos oito anos de convivência durante o meus mandatos aprendi muito com ele. Gazzaneo é uma figura histórica na luta política deste país e me ajudou e me ensinou muita coisa", disse Lúcia Souto.
O ex-presidente do IBGE Sérgio Besserman enfatizou a pessoa doce e apaixonada pela vida e pelo Palmeiras que foi Gazzaneo. Destacou o trabalho relevante que ele fez na divulgação do trabalho do IBGE, mas disse que acima de tudo sentirá falta do amigo.
"Ninguém é insubstituível no trabalho, na vida. Mas ninguém vai substituí-lo como espírito humano. Ele sempre estará presente entre nós com sua doçura e sua luta", concluiu Besserman.
Alagoano criado em São Paulo
Gazzaneo nasceu em Maceió, Alagoas, e era filho de uma família italiana radicada em São Paulo. Muito jovem, ligou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1944, em plena ditadura do Estado Novo. No ano seguinte, ele integrou o grupo que organizou o Comício do Pacaembu, quando Luiz Carlos Prestes foi apresentado aos paulistas, após cumprir nove anos de prisão.
Graduado em cinema na Escola de Cinema do Museu de Artes de São Paulo, começou no jornalismo no jornal “Notícias de Hoje” do Partido Comunista, em São Paulo, como crítico de cinema. Em 1959, veio para o Rio e assumiu a chefia da redação do jornal “Novos Rumos” (do PC até o dia 1º de abril de 1964, quando o jornal foi invadido e destruído).
Depois de seis anos na clandestinidade, voltou ao jornalismo em 1971, e foi trabalhar com Samuel Wainer na revista “Domingo Ilustrado”, da Bloch. Passou pelas revistas “Fatos e Fotos” e “Cartaz”. Em 1973, ingressou no “Jornal do Brasil” como redator da Editoria Internacional. No JB foi ainda chefe de reportagem, editor de Cidade e editor executivo. Em 1983, saiu do JB para a agência de notícias do jornal "O Globo" e ficou na editoria Nacional do jornal até dezembro de 1987.
Trabalhou também como diretor da agência de notícias Nova Press, especializada em notícias do Leste Europeu. Em 1991, deixou a agência para atuar em campanhas eleitorais. De 2000 a 2010, trabalhou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como Coordenador de Comunicação Social.
Há pouco mais de um mês, em 4 de setembro, Gazzaneo deu uma entrevista em sua casa aos jornalistas Silvia Maia Fonseca e Antonio Carlos Medeiros, falando sobre passagem pelo IBGE, quando já estava pensando em se aposentar (veja ao lado).
Ele trabalhou com o então presidente Sergio Besserman, que pessoalmente lhe telefonou para convidá-lo a reestruturar a assessoria de imprensa do instituto, conforme ele próprio conta no vídeo postado no YouTube. Ele continuou no instituto sob a presidência de Eduardo Pereira Nunes.
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