Associação da PF encaminha a Temer pedido de saída de diretor-geral
Mais de 70% dos delegados são favoráveis à saída de Leandro Daiello da direção-geral da PF
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) deve encaminhar hoje (13), ao presidente Michel Temer (PMDB), um pedido de mudança na direção-geral da instituição.
Em assembleia realizada na sexta-feira (10), 72% dos delegados foram favoráveis à saída de Leandro Daiello. Segundo a Associação, a “constante omissão do diretor-geral enfraquece a instituição”.
Uma das principais motivações dos delegados para pedir a saída de Daiello são as transferências envolvendo peças-chave de investigações importantes. “Quando
Segundo o presidente da ADPF, Carlos Eduardo Miguel Sobral, é um consenso dentro da PF que a instituição precisa de mudanças. “A atual administração já não atende as necessidades da instituição. Nós precisamos fortalecer a PF. São seis anos sem novas perspectivas e novos projetos. Agora com a mudança do ministro da Justiça, com o Alexandre [Moraes] no Supremo é uma oportunidade de promover as mudanças na PF, com crescimento e condições de fazer mais investigações e operações”, afirmou.
Ao ser questionado sobre obstruções em operações como a Lava Jato, o presidente da APPF afirmou que ocorrem “falta de apoio”. “Há um entendimento entre os delegados que a administração não apoia de forma devida as operações na Polícia Federal. É cada vez mais difícil aos delegados ter acesso a recursos humano e material para continuar com as investigações”.
Ainda de acordo Sobral, as “dificuldades” impostas pela administração resultaram, principalmente, na saída de delegados que foram responsáveis por investigações da Lava Jato. “Uma forma de dificultar a operação é a troca constante do delegado responsável, já que a cada mudança o responsável precisa aprender sobre o assunto investigado e isso leva tempo”, disse. “O número de indiciamentos caiu mais pela metade de 2011 para 2015”, complementou.
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Marcio Anselmo
Neste final de semana, foi confirmada a saída do delegado Márcio Adriano Anselmo da força-tarefa Lava Jato no Paraná. Ele foi autor do inquérito que deu origem às investigações sobre corrupção na Petrobras e era o delegado que a mais tempo trabalhava dedicado no caso, há três anos. Neste caso, a transferência foi um pedido do próprio servidor.
Em uma carta enviada ao superintendente da Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Ferreira, o delegado alega “esgotamento físico e mental”. Adriano Alsemo aceitou um convite para comandar a Corregedoria da Polícia Federal no Espírito Santo.
Eduardo Mauat e Luciano Flores
Outro caso envolvendo transferências de delegados envolvidos na Lava Jato aconteceu julho do ano passado. Nesta ocasião, foram desligados da operação Eduardo Mauat e Luciano Flores. Um deles deixou evidente o descontentamento com a decisão.
Mauat chegou a gravar um vídeo e afirmou, na época da transferência, que não voltaria a atuar na Operação Lava Jato enquanto o atual diretor-geral da PF, Leandro Daiello, permanecer no cargo.
Em nota oficial, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal argumenta que a PF é o único órgão que permite o afastamento de servidores que trabalham em grandes casos.
O grupo considera a medida como “abando institucional” e argumenta que Ministério Público Federal (MPF) e Justiça Federal não agem dessa forma.
A associação pede ao presidente Michel Temer o afastamento imediato de Leandro Daiello e deve apresentar três delegados de classe especial, escolhidos em assembleia da categoria, para substituir o atual diretor-geral da instituição.