Mulher vítima de espancamento denuncia o marido e busca ajuda em órgão municipal

Pescoço inchado, pernas e braços arroxeados, cintura machucada. O corpo totalmente coberto de hematomas denuncia a violência sofrida por uma mulher de 42 anos, vítima do próprio marido, que a espancou com pauladas, na terça-feira de carnaval, na zona rural de Arapiraca.
O ato de crueldade se estende para a filha do casal, que não apanhou, mas viu tudo acontecer diante de seus olhos, sem poder fazer nada. É a chamada violência psicológica, tipo de agressão tão ou mais grave que a física, capaz de provocar danos irreparáveis para o resto da vida. Assim, mãe e filha são vítimas do homem da casa.
A cena aqui retratada, bem poderia fazer parte de uma história fictícia, daquelas com requinte de crueldade, mas não é. E o pior, ela acontece com frequência em muitos lares. As vítimas aqui descritas, não estão identificadas por nomes. Mas representam as Marias, as Joanas, Helenas, e tantas outras vítimas de violência doméstica, na cidade de Arapiraca ou qualquer outro lugar do mundo.
Entre os motivos apontados pelas vítimas para justificarem a opção pelo anonimato, o medo do atual ou ex-companheiro e a vergonha dos julgamentos. Sim, além dos opressores, as mulheres se escondem e lutam contra os questionamentos da família, amigos e da sociedade em geral. Uma realidade cruel.
Por mais que ela esteja em situação de vítima, há sempre quem aponte e queira lhe vestir uma culpa para justificar a agressão. Como se a reação do homem estivesse diretamente ligado a um comportamento da mulher e, por isso, aceitável. Esse tipo de pensamento é errôneo, a vítima não deve ser culpabilizada pela violência sofrida.
O fato é: a jornada é longa para para a mulher vítima de violência. Mas, há de se ter coragem para garantir o seu direito de ser feliz, livre de quem representa uma ameaça a sua saúde física e emocional. E para isso, ela conta com um serviço de acolhimento, que a ajuda nesse delicado momento. Em Arapiraca, esse papel é exercido pelo Centro de Referência de Atendimento a Mulheres em Situação de Violência (CRAMSV), órgão que integra a Secretaria Municipal de Assistência Social e Políticas para a Mulher.
A mulher vítima de violência aqui apresentada é uma das assistidas pela equipe do CRAMSV. Segundo Maria do Carmo Nobre, psicóloga do órgão, a história é delicada, a exemplo de tantas que acompanha. Neste caso, ela conta que a vítima se submeteu a exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal (IML) e registrou boletim de ocorrência.
Até chegar a esse ponto, a psicóloga conta que a vítima vinha sofrendo agressões desde o período da gravidez, há seis anos. Mas que somente agora resolveu denunciar. Quando perguntada, ela respondeu que nunca tinha sido violentada desse jeito. A resposta chama a atenção da profissional, que costuma ouvir essa afirmação.
Mas, ela alerta para as várias formas de agressão também consideradas violência doméstica. Segundo o Ministério da Justiça, nessa categoria enquadram-se os atos de humilhar, xingar e diminuir a autoestima feminina; fazer a mulher achar que está ficando louca; jogar objetos, sacudir e apertar os braços; controlar o dinheiro ou reter documentos; ou forçá-la a praticar atos sexuais desconfortáveis. A violência contra mulheres, comumente, é um ato progressivo, que começa com uma ameaça e pode chegar até a morte.
CRAMSV
Valéria Montoni, Superintendente Municipal de Políticas Públicas para Mulher, explica que o CRAMSV funciona na Rua São José, 95, no Bairro Alto do Cruzeiro, e dispõe de uma equipe de profissionais, a exemplo das áreas de psicologia, assistência social e jurídica, realizando um trabalho de acolhimento a mulheres que sofreram algum tipo de violência física, moral, psicológica, patrimonial e sexual.
No ano passado, o Centro registrou 742 atendimentos. E desde que foi criado, em 2012, deu apoio a mais de 2 mil e 500 mulheres. O número poderia ser maior, mas ainda há resistência na busca por ajuda. Muitas vezes, por vergonha da exposição ou dependência financeira e/ou afetiva do agressor. Os motivos também são apontados como os que impedem essas mulheres de realizar denúncia ou a faça e, posteriormente, retire.
O perfil das vítimas que mais procuram atendimento no CRAMSV, de acordo com Joana Jatobá, assistente social do órgão, é bem variado, mas destaca as de classe econômica baixa, negras, com idade até 45 anos, baixa escolaridade e que moram na periferia. “Esse é o perfil das vítimas que mais se expõem. Embora também registramos atendimentos a mulheres de classe econômica alta, mas o número ainda é considerado pequeno”, explicou Joana Jatobá.
Sobre o trabalho desenvolvido no CRAMSV, a Assistente Social reforça a preocupação dos profissionais em contribuir para transformar uma realidade de violência, tornando a mulher agredida mais fortalecida para sair das situações de passividade, possibilitando o recomeço de uma nova vida longe do agressor. O objetivo é oferecer bem-estar, proteção, informação, elevar a autoestima e desenvolver a autonomia dessas mulheres.
Veja também
Últimas notícias

Ministro do Turismo elogia a cidade de Maragogi em evento internacional

Durante discurso, Cabo Bebeto cobra melhores condições de trabalho para os policiais militares

Grupo Coringa informa que velório de Dona Helena terá início neste sábado (15) às 15h00 no Previda

Criança de um ano morre afogada em piscina em Marechal Deodoro

Prefeito Luciano Barbosa posta nota de pesar pela morte de Dona Helena, matriarca do Grupo Coringa

Unidade Trapiche do Hemoal Maceió funciona em horário reduzido neste sábado (15)
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
