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Acidentes domésticos lideram causa de morte de crianças no Brasil

Afogamentos, quedas, queimaduras e intoxicações são casos mais frequent5es

Por 7Segundos com Agência Alagoas 01/01/2018 09h09
Acidentes domésticos lideram causa de morte de crianças no Brasil
Ingestão de produtos químicos pode causar morte de criança - Foto: Imagem ilustrativa

Dois recém-nascidos perderam a vida em Alagoas dentro de suas casas em cidades de Alagoas somente no mês passado. Os dados de dezembro de 2017 são de morte por sufocamento, causado pelo corpo da mãe sobre o bebê nos dois casos.

Como as investigações irão apontar a suposta culpabilidade por parte das mulheres – ambas teriam consumido bastante bebida alcóolica e adormecido sobre as crianças – o resultado dos inquéritos abertos em Maceió e Minador do Negrão, município do Agreste alagoano, podem até mudar a classificação dos óbitos que devem ser inseridos nas estatísticas como acidente.

Situações que podem ser evitadas, com medidas de prevenção, e as impossíveis de impedir são a maior causa de morte entre crianças no Brasil com idade de 0 a 9 anos, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os acidentes no ambiente doméstico lideram os registros de internações/atendimentos em unidades de saúde do país.

No Brasil, aproximadamente 13% dos óbitos na infância são causados por esses tipos de acidentes, óbitos que podem ser reduzidos com medidas simples de prevenção.

“Queimaduras, cortes, afogamentos, inalação de pequenos objetos e ingestão de produtos químicos se tornam casos frequentes. Para se ter uma ideia, nove em cada dez acidentes envolvendo crianças acontecem em casa e, muitas vezes, podem ser contidos apenas com cuidados preventivos”, advertiu a pediatra do Hospital Geral do Estado (HGE), Carolina Arruela.

Segundo a médica especialista em cuidados com a criançada, os acidentes infantis mais comuns acontecem em casa, com crescimento de casos durante as férias, inclusive em locais como piscinas, praias e outras áreas de lazer.

“Os casos mais frequentes durante o período de férias são as queimaduras, as fraturas, os traumatismos cranioencefálicos e as intoxicações pelos produtos de limpeza e medicamentos. Também os cortes, as asfixias e as contusões estão dentro dos incidentes mais comuns”, revela a pediatra.

Carolina Arruda recomenda aos pais e familiares cuidado especial com os utensílios de cozinha, facas, isqueiros, fogões ou tesouras.

“Essas ferramentas devem ser mantidas fora do alcance das crianças, da mesma forma que os medicamentos e os produtos de limpeza. A cozinha merece alerta especial, já que as principais vítimas de queimadura com líquidos quentes têm até 15 anos de idade. Atitudes simples como não direcionar o cabo da panela para fora do fogão, podem impedir esbarrões e prováveis queimaduras”.

Ainda de acordo com a pediatra, deve-se prestar atenção às janelas abertas, aos ventiladores ou outros equipamentos elétricos e tomadas. “O maior problema desses acidentes domésticos é a falta de informação dos pais ou responsáveis, que acreditam que a casa é o lugar mais seguro para as crianças. Por isso, não tomam cuidados necessários para a segurança dos seus filhos”.

Ela salienta que é de fundamental importância observar os produtos de limpeza, inseticidas e raticidas. “A dica é mantê-los em locais fora do alcance dos pequenos, de preferência em armários com tranca. É importante, ainda, não dizer aos filhos que o remédio é doce ou gostoso, porque isso pode estimulá-los a consumir sem supervisão dos adultos”, ressaltou.

E para impedir choques elétricos, é indicado colocar dispositivos que fechem as tomadas. E não se esquecer de orientar as crianças sobre os riscos de brincar perto de fios da rede elétrica. “Em caso de contaminação ou queimadura nunca realize a chamada automedicação. Deve ser procurado o hospital mais próximo”.

Além de tudo disso, a média do HGE recomenda atenção redobrada nos passeios com crianças. “Acidentes podem acontecer em qualquer local, queimaduras do sol, acidentes que podem acontecer na água, desde cortes com pedras, quedas nas bordas da piscina ou picadas de animais venenosos, como águas-vivas ou mesmo afogamentos”.

No entanto, além das medidas preventivas, ela apontou o diálogo como fundamental para desfrutar as férias dos pequenos com mais tranquilidade e confiança. “Não é possível ter o controle total, o mais recomendável é manter um bom diálogo com os filhos, explicar os perigos de algumas situações e quais atitudes devem ser evitadas. Os pais não devem impedir as crianças de brincar, afinal a infância é a fase de desenvolvimento das habilidades físicas e cognitivas, e toda atividade estimula seu processo de crescimento. Portanto, toda brincadeira é uma descoberta e deve ser incentivada. Mas sempre com os olhos e asas de coruja por perto”, norteou a especialista.