Na Bahia, morte de menina em ação da PM revolta comunidade
“Eu quero que eles falem para mim que teve troca de tiros. Eles vão pagar pela vida de minha filha”, afirmou a aposentada Valdete Maria José de Jesus, 66 anos, ao contestar a versão dada pela Polícia Militar (PM) sobre as circunstâncias da morte da neta dela, Geovana Nogueira da Paixão, 11 anos.
Geovana morreu, na manhã desta quarta, 24, após levar um tiro na cabeça durante uma operação realizada por policiais do Setor de Inteligência (Soint) da 48ª CIPM (Sussuarana) na Comunidade Paz e Vida, entre os bairros de Mata Escura e Santo Inácio.
A menina estava sentada no sofá de casa com a avó. Ao perceber que o avô estava chegando, Geovana levantou para recebê-lo. Assim que abriu a porta, foi atingida na cabeça por um projétil de grosso calibre.
A avó disse que saiu de casa correndo quando ouviu o tiro. Segundo ela, havia apenas dois policiais no momento. Era por volta das 6h, chovia e a rua estava deserta, conforme relatos dos avós de Geovana e vizinhos.
“O carro passou pela casa e parou poucos metros depois. Logo em seguida, um dos dois policiais desceu do carro atirando. E foi o motorista. Não foi o que estava no carona”, contou o avô, o aposentado Francisco Carlos Nogueira, 65.
Ao contrário da avó da menina, o avô não espera por Justiça. “Não vai resolver nada. Eles fazem o que querem e fica por isso mesmo. Tantos que eles mataram e não resolveu nada. A pessoa que perdeu a vida”, disse.
Revoltados, moradores fecharam duas vezes a Rua Cardeal Avelar Brandão Vilela, a via principal da Mata Escura, em protesto pela morte da criança. “Eles puxaram a menina pelo braço. Só depois chamaram alguém para ajudar a colocar no carro para dar socorro. E ficam dizendo que foi troca de tiros”, enfatizou Eliane Aguiar Pereira, 24.
Em nota, a PM informou que policiais da 48ª CIPM realizavam levantamento de informações sobre a fuga e esconderijo de autores de homicídios e foram recebidos a tiros por criminosos na Comunidade Paz e Vida.
“Os policiais militares revidaram os disparos no intuito de neutralizar os agressores. Ao final do confronto, um homem pediu socorro, pois uma garota havia sido ferida por um disparo”.