[Vídeo] Artesão transforma lixo em arte e traz Arapiraca em suas obras
No dia 19 de março, foi celebrado o Dia Mundial do Artesão. Esta profissão, que tanto luta para adquirir espaço e respeito no mercado de trabalho, tem no Nordeste uma função ainda mais especial: é através das linhas, do barro, das tintas, ou dos muitos materiais alternativos usados criativamente que os artesãos levam nossa cultura popular para o Brasil e para o mundo.
O 7Segundos traz nesta matéria um exemplo que muito bem representa estes artistas: o artesão arapiraquense Johnson Cavalcante, que transforma objetos do nosso cotidiano em magníficas obras de arte.
“Isso já vem desde criança”, conta Johnson. “Eu fui descoberto pelos meus familiares a partir dos 4 anos de idade, quando comecei a fazer algumas coisas com materiais de casa. Com 7 anos, as professoras foram vendo que eu tinha um diferencial, e eu passava a desenhar nos quadros da escola para que as outras turmas fizessem os trabalhos baseados no meu desenho. A arte vem de mim como um dom, não como um aprendizado já depois de adulto”.
Apesar do talento de transformar “lixo” em obras de arte, o artista plástico nem sempre pôde se dedicar integralmente ao seu talento: “Chega um momento em que você precisa ganhar dinheiro com a sua profissão. Passei algum tempo num contrato na área de marketing da Coca-Cola, da Brahma, da Schincariol, fazendo publicidade de bares e restaurantes. A partir daí eu enveredei a trabalhar com essa parte de fachada, de impressão digital. Passei 14 anos na Polícia Militar, mas nunca deixei de ter o meu lado profissional paralelo. De um certo tempo para cá, eu me direcionei para o artesanato”.
Johnson é ainda uma mostra de que ser artesão não é mais uma profissão tão informal assim. O profissional explica, mercadologicamente, como funciona seu trabalho: “Vi que esse meu segmento é sem concorrência, mas que também precisava atravessar algumas barreiras difíceis de lidar com artesanato. Existe um passo a passo para que as pessoas possam usar esses materiais [pneus, tambores de alumínio] dentro de suas casas. Tem procura para esse tipo de material, graças a Deus. Hoje eu já me dedico para coisas como brinquedos, para escola, praças, assim como decoração natalina, que usamos muitos materiais recicláveis”.
O artista ganhou repercussão na web após imagens de suas mais recentes obras serem divulgadas: um kit de carro de mão, pá, enxada e serrote que levam símbolos da história e cultura de Arapiraca.
“Essas peças que foram feitas para a Semana do Artesão, foi justamente porque Arapiraca é carente de divulgação. Nestas peças, eu coloquei alguns cartões postais de Arapiraca, como a Concatedral, os Arcos, o globo olímpico, a cascata, a Folhinha... Em especial, foram feitas estas peças porque simbolizam construção, trabalho. Este kit (a pá, o carrinho, a enxada e o serrote) representa também uma parte de Arapiraca.
Johnson opina ainda sobre a necessidade, na gestão pública, de mais atenção aos artistas e artesãos: “Arapiraca deveria ter bem mais pessoas, nas gestões, que olhasses para sua história de uma forma mais participativa. Aproveitar-se-iam muito os artesãos, para ter um aspecto de identificação muito bom de Arapiraca. Eu gostaria muito que Arapiraca tivesse um setor de galeria, para expor obras de arte da sua história, como também para pessoas que tenham uma exposição particular, porque hoje em dia, ninguém vai visitar obra de arte nenhum canto em Arapiraca. Eu ainda tenho esperança de que ainda tenha um local bem planejado, que as pessoas entrem lá para ver arte”.
O ateliê de Johnson é chamado de Fábrica dos Sonhos, e fica na Rua Olavo Bilac, em Arapiraca. Para quem desejar encomendar um trabalho ou visitar as obras, o espaço é aberto ao público. O telefone de contato é (82) 99652-8300, e o e-mail é [email protected].